Pela primeira vez, as máquinas agrícolas assumiram a liderança no consórcio de veículos pesados no Brasil, superando os caminhões na preferência dos participantes. Dados divulgados pela Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC) relativos a julho de 2025 mostram que o segmento agrícola já responde por 51% das cotas ativas, contra 41% destinadas a caminhões e 8% a outros equipamentos.
O avanço reflete diretamente o crescimento do agronegócio, que deve alcançar 30% de participação no PIB nacional ainda este ano. A expansão da produção e a modernização tecnológica no campo transformaram o consórcio em alternativa estratégica para produtores rurais que buscam renovar ou ampliar suas frotas de tratores, colheitadeiras e implementos.
No total, o setor de pesados registrou 898,5 mil consorciados ativos em julho, dos quais 458,2 mil voltados ao agronegócio. Esse número representa um salto expressivo em relação a 2017, quando a fatia das máquinas agrícolas era de apenas 33,8% e os caminhões dominavam dois terços do mercado. Em 2023, a inversão já havia se consolidado, com os consorciados rurais superando a marca de 50%.
Entre janeiro e julho de 2025, o consórcio de máquinas agrícolas movimentou R$ 14,03 bilhões em créditos comercializados, alta de 14% na comparação com o mesmo período do ano passado. O volume de créditos disponibilizados cresceu ainda mais, 43,3%, atingindo R$6,38 bilhões. Também houve expansão nas contemplações, que chegaram a 27,9 mil consorciados, aumento de 15,2%.
Mesmo com a retração de 11,2% nas vendas de novas cotas no período, o valor médio das adesões disparou. Em julho, o tíquete médio alcançou R$ 257,8 mil, crescimento de 31,9% frente a 2024. A elevação reflete a procura por equipamentos de maior valor agregado e tecnologia avançada, como drones, sensores de precisão e máquinas automatizadas, que aumentam a produtividade e a competitividade do campo brasileiro.
O consórcio também se destaca pela diversidade de perfis e usos. Entre os cotistas de máquinas agrícolas, dois terços são pessoas físicas e um terço, pessoas jurídicas, com 90% dedicados à produção vegetal e 10% à pecuária. A maior concentração está nas regiões Sudeste e Sul, embora o modelo esteja presente em todas as áreas do país. A flexibilidade de utilização do crédito, que pode ser aplicado em bens novos ou seminovos, amplia as possibilidades para produtores de diferentes portes e culturas.
Para Fernando Lamounier, educador financeiro e sócio executivo da Multimarcas Consórcios, o consórcio vem se consolidando como ferramenta essencial nesse processo. “Além de ser uma opção viável em tempos de incerteza econômica, reforça seu papel como aliado indispensável para a modernização do agronegócio e para o fortalecimento de um setor vital à economia brasileira.”
Segundo o executivo, o mecanismo oferece previsibilidade e flexibilidade ao agricultor, fatores decisivos em um cenário de custos elevados e margens apertadas. “O consórcio preenche essa lacuna e tem sido o caminho mais viável para o agricultor seguir investindo de forma planejada e com segurança”, acrescenta o especialista.
A expansão confirma o consórcio como ferramenta de investimento de longo prazo, alinhada ao planejamento característico do agronegócio. Com custos reduzidos, prazos flexíveis e poder de compra à vista no momento da contemplação, o sistema se consolidou como aliado estratégico na modernização do campo. Para produtores, a modalidade representa uma forma sustentável de ampliar a capacidade produtiva e manter competitividade nos mercados interno e externo.