Inoculantes biológicos elevam eficiência das lavouras e antecipam nova era

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O uso de bactérias promotoras de crescimento vegetal (BPCVs) vem ganhando espaço como uma das principais apostas da agricultura brasileira para elevar a produtividade e reduzir a dependência de fertilizantes químicos. Ensaios de campo apontam que microrganismos como Azospirillum brasilense, Bacillus subtilis, B. amyloliquefaciens e Priestia aryabhattai têm se mostrado eficazes no estímulo ao enraizamento, na aceleração da germinação e no aumento do rendimento das lavouras, mesmo em cenários de estresse hídrico ou solos com baixa fertilidade. Diante desses resultados, os inoculantes biológicos passam a ocupar papel estratégico no manejo sustentável das lavouras e no avanço da bioeconomia no campo.

Um estudo conduzido no Instituto Federal Goiano, publicado em janeiro deste ano, avaliou o desempenho dessas bactérias em sementes de milho, considerando diversos cenários. O manejo integrado e a combinação de microrganismos ganham destaque. Os dados apontaram, por exemplo, aumento significativo na massa seca das raízes e da parte aérea das plantas, além de maior tolerância ao déficit hídrico, quando utilizadas em coinoculação, ou seja, combinadas de forma complementar. Segundo a pesquisa, a associação entre Azospirillum e Priestia, por exemplo, teve desempenho superior em comparação ao uso isolado destas bactérias, evidenciando a sinergia entre microrganismos para promover maior eficiência agronômica.

“Esses microrganismos atuam por diferentes mecanismos, como fixação biológica de nitrogênio, solubilização de fósforo e produção de hormônios vegetais, o que se traduz em plantas mais robustas e adaptadas a adversidades do clima e do solo”, explica Lana Gaias, agrônoma e gerente de mercado de biológicos da Nitro, empresa brasileira de insumos biológicos e de nutrição agrícola. “A coinoculação tem se mostrado uma ferramenta estratégica, combinando cepas com funcionalidades distintas para garantir melhor desempenho desde a emergência até o enchimento de grãos”, completa.

Estudo mais recente da UNESP, divulgado em maio de 2025, reforça a importância dessa prática. A pesquisa testou diferentes estratégias de coinoculação em híbridos de milho de alto desempenho e comprovou que o uso combinado de estirpes bacterianas contribui não apenas para o vigor das plantas, mas também para a saúde do solo ao longo do ciclo produtivo. Em cenários de redução de fertilizantes nitrogenados, os inoculantes mantiveram a produtividade, revelando potencial para diminuir os custos com adubação sem comprometer a performance da lavoura.

Lana Gaias, gerente de mercado de biológicos da Nitro

Lana conta que avaliando o dia a dia do campo, mais os resultados dos ensaios e considerando os dados de pesquisas, também podem ser destacados outros ganhos do uso de inoculantes biológicos, além da elevação da produtividade – com incrementos médios que podem ultrapassar 30% em determinadas regiões. Segundo a especialista, os biológicos ajudam a equilibrar a microbiota do solo, estimulam a formação de agregados e ampliam a capacidade de absorção de nutrientes pelas raízes, o que se torna fundamental para construção de lavouras mais resilientes às oscilações climáticas e ao uso intensivo da terra.

Para ela, o momento é de consolidação do uso de biológicos como parte da estratégia de manejo. “A agricultura brasileira vive uma nova fase, em que o produtor entende que não se trata de substituir o fertilizante convencional, mas sim de integrá-lo a soluções biológicas que entregam mais eficiência e sustentabilidade”, reflete.

Com base em publicações de diversas entidades do setor, estima-se que o mercado brasileiro de bioinsumos já cobre mais de 110 milhões de hectares, embora ainda haja espaço para crescimento: Os inoculantes bacterianos, embora em expansão, ocupam área menor do que os fungicidas biológicos, por exemplo, usados em cerca de 8 milhões de hectares. A tendência é que a adoção de bactérias promotoras de crescimento avance nos próximos anos, impulsionada pela demanda por maior produtividade com menor impacto ambiental e pelo fortalecimento de políticas públicas de incentivo à agricultura regenerativa”, pondera Lana.

A Nitro é uma multinacional brasileira com quase 90 anos de história, com atuação nos segmentos de insumos para o agronegócio, especialidades químicas e químicos industriais. A Nitro ingressou no agro em 2019 e, em cinco anos no segmento, se consolidou como uma das três maiores empresas de nutrição e biológicos do setor. Conta com 6 unidades de produção no Brasil e 4 centros de Pesquisa e Desenvolvimento, além dos centros de distribuição, unidades internacionais e escritório administrativo em São Paulo (SP).

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