Estratégia tem como objetivo oferecer previsibilidade contra os riscos de flutuações de preços do cereal.
Diante de um cenário cada vez mais desafiador para o mercado brasileiro de trigo, a busca por estratégias para aprimorar a gestão é essencial para a saúde e sobrevida dos moinhos. Um desses mecanismos é o hedge, uma tática de proteção contra grandes variações de preços de ativos para compras ou vendas futuras. O tema foi discutido durante webinar realizado pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), nesta quarta-feira (18), com a participação de representantes de moinhos de diversas regiões do Brasil.
“Caracterizar o valor competitivo a um nível de conhecimento será o grande norteador do desenvolvimento mercadológico do setor”, destacou o superintendente geral da Abitrigo, Eduardo Wilson Assêncio. Por isso, como explicou o Risk Management Consultant de Trigo na StoneX Brasil, Jonathan Pinheiro (foto abaixo), entender essa estratégia permite que o gestor de moinho domine diferentes operações, protegendo os negócios e, consequentemente, colhendo lucros mesmo em tempos de incerteza.
“Quando falamos em hedge, basicamente aludimos a um seguro financeiro com o objetivo de proteger a produção contra o risco de flutuações de preços, o que possibilita a busca no mercado financeiro por alternativas que mitiguem gargalos no mercado físico”, explicou Pinheiro, ao frisar os principais fatores de dificuldade do cenário atual: os resquícios da guerra entre Ucrânia e Rússia e a questão climática brasileira, alternada entre picos de chuva na região Sul e calor na Sudeste.
Na prática, é preciso que seja idealizada uma estratégia objetiva contra riscos, mantendo a competitividade entre indústria, compradores da farinha, vendedores de farelo e dos moinhos como um todo. “Hedge não é sobre ganhar dinheiro. Esse não é o objetivo, mas, sim, a proteção e a saúde do negócio”, esclareceu o especialista.
Dentro do setor, há duas principais frentes estratégicas: uma voltada para o estoque, com ênfase na proteção em casos de queda de preços e no trigo já comprado, e outra no processo de aquisição de matéria-prima, com foco na proteção em movimentos de alta dos preços e no trigo que será comprado. Ambas, de acordo com Pinheiro, se baseiam na manutenção da competitividade. “A todos que estão começando a trabalhar com hedge, é muito importante que sejam um pouco mais conservadores e tenham em mente que: se o moinho compra trigo, ele se protege dos movimentos de baixa do mercado e se ele não compra, se protege dos movimentos de alta e as alterações nos valores”, detalhou.
No entanto, para a funcionalidade da iniciativa, é necessário contar com o suporte de uma empresa especializada para operações na Bolsa de Valores; e da busca contínua por mais conhecimento e especialização. “Ao levar esses pontos em consideração, o gestor não exporá o negócio a riscos desnecessários, chegando a um cenário ideal, no qual é possível definir uma política de hedge com percentuais de proteção e diversificação de ferramentas e ações que beneficiem o negócio”, destacou.
Ainda para o profissional, o movimento “é o início de uma caminhada que levará os moinhos de trigo a algo similar ao desenvolvimento dos mercados de soja e milho, amadurecidos em relação à prática”. Para saber mais, assista ao webinar na íntegra, disponível no canal da Abitrigo, no YouTube. Confira aqui.