7 de abril de 2016

Feira tecnológica reuniu cerca de 10 mil pessoas, em Porangatu

Encabeçando a lista de fatores que fizeram com que o setor agropecuário, regional e nacionalmente, se desenvolvesse, a incorporação de novas tecnologias é figurinha carimbada em qualquer debate que envolva o futuro econômico do Brasil. Pensando nisso, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), realizou a Exposição das Tecnologias Voltadas ao Desenvolvimento da Pecuária (ExpoPec). A iniciativa, que aconteceu entre os dias 31 de março e 3 de abril em Porangatu, serviu para divulgar as tecnologias voltadas ao aprimoramento da produção de carne no centro-oeste, além de discutir e apresentar o que tem de mais novo no mercado nacional e internacional.

expopec dia 2 Larissa Melo 101Alunos de escolas estaduais de Porangatu e região participaram de uma aula sobre os cortes bovinos. Foto – Larissa MeloAo todo, cerca de dez mil pessoas visitaram o local e puderam participar de discussões e sugestões de políticas públicas para a cadeia produtiva da carne, palestras com renomados consultores do mercado, lançamento e demonstração de novos produtos, equipamentos e serviços. Mas nem só de informação técnica foi construída a ExpoPec. Quem passou pela feira pode conhecer, por meio de demostrações, alguns cursos e treianmentos do Senar Goiás, novas formas de cortar e preparar carnes que já são velhas conhecidas das mesas goianas e meios de ensinar aos pequenos que do animal, tudo se aproveita.

A criação da Exposição, cuja ideia surgiu de um estudo feito em 2015 que apontou uma disparidade no nível dos produtores da região. A representatividade do estado no que diz respeito à pecuária também contribuiu para que a realização do evento se tornasse uma necessidade. Goiás ocupa hoje a 3ª posição no ranking de maior rebanho bovino do Brasil com mais de 21 milhões de cabeças de gado. Com relação ao rebanho suíno, Goiás é o 5º maior produtor com um plantel de aproximadamente 2.016.940 animais. O estado conta ainda com um rebanho aproximado de 156.000 ovinos.

expopec dia 1 Larissa Melo 183José Mário foi enfático ao afirmar que o agro é o antídoto para a crise. Foto – Larissa MeloMinistrando a palestra de abertura da ExpoPec, o presidente da Faeg e do Conselho Administrativo do Senar Goiás, José Mário Schreiner, abordou o atual cenário político do país e foi enfático ao afirmar que o agro é o antídoto para a crise, que “já está atingindo em cheio a economia nacional”. Além disso, ele também abordou a valorização da mão de obra como agente de produtividade.

Porém, mesmo com a gama de informações disponibilizadas durante a Exposição, para Schreiner o maior desafio é levar essa tecnologia para a maior parte dos produtores que ainda não têm acesso a essas possibilidades. “Temos 15% dos produtores, de uma forma geral, bem inseridos e sintonizados, que têm acesso a todas as tecnologias geradas. E os outros 85%? Para isso, é preciso que todos nós, nos abracemos, governos e iniciativa privada, para alcançar os produtores restantes. Para isso precisamos de uma rede de assistência técnica com excelência e de iniciativas como a ExpoPec”, explicou.

De olho nas oportunidades
Durante os quatro dias de evento, uma lista de renomados consultores falaram aos visitantes da feira. O consultor e membro da diretoria Consultiva do World Agriculture Forum, Osler D’Souzart, por exemplo, abordou o futuro do Brasil no mercado da carne. “Líder mundial na exportação, o Brasil é um dos principais países credenciados a saciar o apetite por proteína animal de mercados internacionais na próxima década”, disse. De acordo com o consultor, o crescimento da população em centros urbanos, aliado ao aumento de renda dos trabalhadores, fará com que a demanda por aves, bovinos, suínos e ovinos cresça em ritmo maior do que a por produtos agrícolas, de agora até 2023, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). “Com grandes áreas de terras e recursos hídricos, a agropecuária brasileira tem potencial e tecnologia para fornecer boa parte da produção adicional necessária para atender a mercados que passaram a buscar uma alimentação mais nobre, após melhorarem de vida”, disse.

Em sua palestra, D’Souzart destacou também que cerca de 82,7% do aumento do consumo se verificará nos países em desenvolvimento, seguidos pela carne de aves que responderão por 49,7% do aumento do consumo mundial, e logo em seguida pela carne suína. “Mesmo assim teremos que produzir 8,2 milhões de toneladas de carne bovina nos próximos 10 anos para abastecer o mercado global”, disse.

De olho na crise
Apesar de, durante a ExpoPec, muitos palestrantes terem apresentado um recorte extremamente favorável da Pecuária de Corte em Goiás, a economia ainda não está em completa sincronia. Fabiano Tito Rosa, gerente nacional de compras dos frigoríficos Minerva, e Lygia Pimentel, sócia-diretora da Agrifatto, bateram nesta tecla, chamando atenção dos pecuaristas presentes sobre a crise econômica que afeta diretamente a atividade.

De coadjuvante a protagonista
De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec), Antônio Camardelli, nosso país deve parar de produzir boi para produzir carne. Segundo ele, assim como acontece com qualquer produto, os consumidores – no caso, países importadores – da carne brasileira têm suas exigências na hora de fechar negócio com os frigoríficos. “Qualquer alimento deve ter valor agregado, saudabilidade e bem-estar, conveniência e praticidade, qualidade e confiabilidade, sustentabilidade e ética”, ressaltou. Ele apresentou dados que mostram que o Brasil exporta cerca de 929 mil toneladas de carne para a Rússia, 417 mil para a China e 371 mil para a União Europeia. Apesar de números expressivos, Carmardelli afirmou que há um trabalho maciço de recuperação de mercados há muito embargados ou resistentes à carne brasileira, como os Estados Unidos e a Arábia Saudita.

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