Países islâmicos representam 17% das exportações do agronegócio brasileiro. Ministro da Agricultura defende ampliação do comércio bilateral.
A certificação digital halal foi tema de conversa entre o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e Mahmood Al Bastaki, General Manager do World Logistics Passport (WLP), plataforma criada pelo governo de Dubai para fomento à exportação global. Eles se encontraram no segundo dia do Global Halal Brazil Business Forum 2023, nesta terça (24/10), em São Paulo.
No encontro, Carlos Fávaro reconheceu que o Brasil ainda está atrás de outros mercados, já que a certificação no país ainda é manual. O ministro defendeu a importância de uma autenticação eletrônica entre os dois países.
Essa é uma das principais agendas do WLP. Atualmente, o processo para obtenção da certificação leva de três a cinco semanas. A plataforma de Dubai trabalha com o governo brasileiro para que os trâmites sejam feitos de forma online, simplificando e acelerando as operações comerciais.
Global Halal Brazil – Durante a agenda no Global Halal Brazil Business Forum, o ministro Fávaro participou ainda do encerramento do evento. Em seu discurso, ele disse que o mercado dos países islâmicos representa 17% do total das exportações do agronegócio brasileiro, e informou que o comércio para esses países cresceu mais de 15 vezes nas últimas duas décadas, passando de US$ 1,9 bilhão para US$ 28,3 bilhões.
“O Brasil é o maior produtor e exportador de proteínas halal do mundo, graças à competência dos nossos produtores e produtoras, graças à competência e dedicação do nosso sistema integrador”, declarou. “Existe uma grande concentração de pauta exportadora do agronegócio brasileiro para o mundo halal. Os dez maiores e principais importadores representam cerca de 75% das nossas exportações agrícolas para o mundo islâmico. Apenas quatro produtos representam quase 65% do total exportado no último biênio: soja, milho, grãos e carne de frango.”
Portanto, segundo Fávaro, é muito importante ampliar o comércio bilateral, seja na abertura de mercado, seja por meio de acordos comerciais, expandindo esse portfólio de oportunidades recíprocas.
Mais cedo, foi a vez Mahmood Al Bastaki explicar a importância da redução das barreiras logísticas e alfandegárias para o desenvolvimento do comércio global. Ele participou do painel “Halal: Logística e Hubs estratégicos” e dividiu o palco com Silvia Adly, da Arab Academy for Science, Technology & Maritime Transport (AASTMT); Leonardo Dall’Orto, vice-presidente de mercado internacional e planejamento da BRF; e Marco Tieman, CEO da LBB International.
Al Bastaki começou sua fala agradecendo ao Brasil por ter acolhido tão bem a cultura e os imigrantes árabes, que conseguiram ter até seu tipo de alimento integrado ao país. “Se você olhar no mundo inteiro quem aperfeiçoou o halal, ninguém tem a integridade, o processo, o ciclo completo como os brasileiros. Então isso é algo para se orgulhar”, disse. O Brasil é o maior exportador de proteína halal do mundo.
O executivo explicou ainda que o objetivo do WLP é permitir a fabricantes e exportadores enviar suas mercadorias para fora do Brasil de maneira fácil e rápida. “Quando dizem que o comércio internacional não apresenta dificuldades, presumimos que você pode enviar qualquer coisa para qualquer lugar. Mas não é bem assim. Há muita burocracia, muitas projeções de fronteiras, muitos atrasos. Às vezes, você não consegue nem fazer o embarque da mercadoria por causa da barreira logística. Todo o World Logistics Passport foi desenvolvido para enfrentar esses entraves comerciais. Quando se trata de remessas transfronteiriças globais que possibilitamos no Brasil, temos mais de 29 parceiros”, afirmou.
Esses membros são operadores portuários, alfândega, associações de fretes e de logística. O WLP busca esses players e negocia vantagens aos comerciantes, ampliando o mercado e eliminando gargalos e barreiras de ambos os lados. “Se a carga chegar a Dubai, por exemplo, oferecemos muitos benefícios para todo o ciclo de embarque e movimentação de mercadorias com maior eficácia. Essa é a mensagem do nosso governo, os Emirados Árabes Unidos”, afirmou. “É uma troca de conhecimento, uma troca de experiência em um mundo cheio de desafios, facilitando embarques, fretes e conectando todo mundo em uma rede. Fazer mais fácil, rápido e barato”, concluiu.
Sobre o World Logistics Passport – O World Logistics Passport (WLP) é uma plataforma de incentivo do governo de Dubai para facilitar o fluxo do comércio global. Trata-se do primeiro projeto do tipo no mundo. A iniciativa funciona como um programa de Fidelidade Logística e Conexões Internacionais baseado em incentivos, com recompensas a comerciantes e transitários que usam a plataforma para importação e exportação. Os parceiros oferecem benefícios de custos, redução de tempo e conexões estratégicas para os membros do WLP. O projeto tem o propósito de contribuir com a logística do comércio internacional, fornecendo informações sobre mercadorias, facilitando as transações, além de reduzir barreiras burocráticas.
Os benefícios permitem que empresas, nações e regiões tenham acesso a novos mercados, diversifiquem o comércio de produtos e aumentem seu market share. Atualmente, a plataforma WLP está presente em 20 países, entre eles: China, Índia, África do Sul, Egito, Vietnã e Brasil.
Por aqui, a agência começou os trabalhos em 2020, mas por conta da pandemia as operações estavam em fase embrionária. No mercado brasileiro, a plataforma ainda identifica e desenvolve rotas logísticas para empresas nacionais atuarem no Oriente Médio, na África e na Ásia.
Ao facilitar o comércio internacional de forma eficiente, o World Logistics Passport contribui para o desenvolvimento econômico sustentável, promovendo a cooperação entre nações e estimulando o crescimento da economia global.
www.worldlogisticspassport.com
Sobre Mahmood Al Bastaki – Mahmood Al Bastaki ocupa o cargo de General Manager do World Logistics Passport (WLP). O executivo tem formação em “Tecnologia de Engenharia Eletrônica” pela University of Arkansas at Little Rock. Possui mestrado em “Engenharia Elétrica” pelo Oregon Graduate Institute e especialização em “Consórcio Empresarial Global” pela London Business School, além de “Desenvolvimento de Liderança na Wharton Business School”.
Dentro da WLP, Al Bastaki lidera o desenvolvimento e implementação das principais soluções de facilitação do comércio da DP World, empresa multinacional de logística dos Emirados Árabes Unidos. Ele foi o responsável por introduzir nos portos gerenciados pela empresa um sistema de administração de cargas baseado em Inteligência Artificial, permitindo a transformação digital das operações e serviços aduaneiros, criando um fluxo contínuo de carga nos portos e em toda a cadeia de abastecimento comercial.
Antes de assumir o cargo no WLP, Mahmood Al Bastaki foi CEO da Dubai Trade, facilitadora comercial para empresas de logística e serviços.
Pela sua atuação nas áreas de comércio, logística e tecnologia, Al Bastaki foi eleito, em 2013, “Líder de Sucesso”, pelo Prêmio Feigenbaum de Excelência em Liderança, organizado pela Hamdan Bin Mohammed E-University. No mesmo ano, ganhou o prémio “CEO Popular do Ano”, no 6º Prêmio Marítimo Internacional. Em 2006, já havia sido reconhecido como um dos Líderes de Tecnologia Governamental pelo “Quem é Quem da Tecnologia Governamental – Oriente Médio”.
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