16 de março de 2016

Exportação cresce, mas continua insatisfatória

A balança comercial brasileira melhorou em fevereiro com o primeiro crescimento das exportações em 17 meses e o maior superávit (diferença entre exportações e importações) para o mês desde 1989, de US$ 3 bilhões, atingindo US$ 29,6 bilhões em 12 meses. Os resultados superaram as expectativas – a consultoria Tendências já projeta um superávit comercial de US$ 41,8 bilhões em 2016, o dobro do de 2015. Mas a corrente de comércio (soma de exportações e importações), que mostra o grau de abertura da economia, caiu mais de 20% entre os últimos 12 meses e os 12 meses anteriores e o superávit só é crescente por causa do recuo constante das importações, em razão da recessão econômica.

Sem câmbio favorável e fraca demanda interna, os resultados seriam piores. Cresceram as vendas de industrializados em fevereiro (+9,6%) e elas já respondem por 58,6% das vendas totais, mas dependem de produtos de baixa intensidade tecnológica, como celulose, tubos, etanol, suco de laranja, açúcar, laminados planos, catodos de cobre ou madeira.

Poucas indústrias de alta intensidade tecnológica despontam como exportadoras, como a aeronáutica, cujas vendas aumentaram 24,6% entre os primeiros bimestres de 2015 e 2016. Também cresceram as vendas de automóveis (+79,8%), mas esse é um mercado dependente da política das matrizes.

A participação dos básicos caiu para 39,3%, com quedas expressivas de petróleo bruto (28,2%), café em grão (23,8%), carne de frango (14,7%) e farelo de soja (11,4%). A maior queda foi de minério de ferro (48,8%) – o balanço de 2015 da maior exportadora (Vale) mostrou queda de US$ 12,1 bilhões da receita bruta em razão da desvalorização do minério de ferro, das pelotas e do níquel.

Em geral, os preços das commodities caíram entre janeiro e fevereiro. Mesmo que a recuperação dos últimos dias das cotações se confirme, os efeitos positivos não serão imediatos.

Com exportações de US$ 702 milhões em média em fevereiro e US$ 759 milhões em 12 meses, o Brasil ainda terá de percorrer longo caminho não só para retomar as vendas diárias dos 12 meses anteriores (US$ 875 milhões), como voltar à casa do US$ 1 bilhão/dia, o que ocorreu pela última vez em 2011 (US$ 256 bilhões foram exportados em 254 dias úteis). Ainda mais longo será o caminho para retomar a corrente de comércio de US$ 482 bilhões, também em 2011 (hoje está em US$ 350 bilhões).

O Estado de São Paulo

Canal AgroRevenda

 

Papo de Prateleira

 

Newsletter

Receba nossa newsletter semanalmente. Cadastre-se gratuitamente.