29 de maio de 2021

Especialistas preveem 14% de bioinsumos no agro até 2025

Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (ABRAFRUTAS) realizou ontem (25), o webinar com o tema: “A Utilização de Bioinsumos na Fruticultura: situação atual e perspectivas“. Na certeza de que os insumos biológicos representam na prática a nova fronteira do conhecimento na produção agrícola e, sobretudo, na produção de frutas, a associação reuniu um time de especialistas para discutirem o uso dessa biotecnologia que vem crescendo a cada ano.

De origem animal, vegetal ou microbiana a utilização dos bioinsumos são capazes de interferirem de forma positiva no crescimento e na produção agropecuário e florestal. Atualmente, sua utilização na agricultura chega a aproximadamente 2%. Diante de uma busca muito acentuada ao mercado de bioinsumos, em 2020 o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou o Programa Nacional de Bioinsumos com o objetivo de ampliar e fortalecer a utilização para promoção do desenvolvimento sustentável da agropecuária. Além disso, tem o intuito de acelerar a criação de normas reguladoras para incentivar o surgimento de novas empresas no setor.

Quando se falam em biológicos, segundo o presidente do conselho do Programa Nacional de Bioinsumos do Mapa, Alessandro Cruvinel, muitos pensam somente no controle de pragas e doenças, porém é mais amplo, como por exemplo, abrange também produção animal. Já no setor de frutas alcança o pós colheita e processamentos, como os higienizantes, conservantes, embalagens, sanitizantes, bioestabilizantes e outros ativos biológicos. Uma das inovações em bioinsumos é a utilização da nanotecnologia que aumenta o tempo de prateleira das frutas, o que auxilia na redução de perdas e desperdícios dos alimentos. “O crescimento desses insumos está na faixa de 30% ao ano, se continuarmos nessa linha crescente, em 2025 o uso na agricultura alcançará a marca de 14%. Em pesquisa realizada entre sojicultores, 90% dos que utilizam biológicos pretendem continuar”, disse Cruvinel.

Segundo o presidente da Croplife, Christian Lohbauer, os investimentos em defesa vegetal chegam aproximadamente a US$ 12 Bilhões, no Brasil a quase R$ 1 bilhão. “Existe um longo caminho e espaço de crescimento, apesar dos números ainda serem incipientes é notório o avanço no uso de bioinsumos no mundo, inclusive no Brasil com a marca de 30%”, disse.As frutas tem uma característica muito importante, segundo Lohbauer, devido ao consumo ser in natura possui atributos especiais nos estudos, no que diz respeito a segurança e potencial. Por ser um universo muito novo, as características das frutas requerem maior atenção nos detalhes em aspectos de segurança.

“É importante ressaltar que não estamos falando de compostagem orgânica, de produtos que qualquer um possa fazer em casa, mas estamos falando de produtos sofisticados, homogêneos e certificados. Somos bastantes criticados por acreditarem que não queremos concorrência, pelo contrário, queremos sim, porém é preciso isonomia competitiva”, disse Lohbauer. Recentemente foi criada a Associação Brasileira dos Produtores de Bioinsumos para uso próprio, que tem por objetivo representar e defender os interesses dos stakeholdersdo público de bioinsumos produzidos na fazenda. Segundo o presidente da Associação, Maurício Scheneider, a associação tem se proposto a contribuir com a criação de políticas públicas, assim como, fomentar a pesquisa, a informação e o desenvolvimento de soluções. “Queremos trabalhar na prospecção de novos microorganismos, com instituições de pesquisas, universidades e isso já estamos fazendo,”, disse.

No webinar, Scheneider disse que ao olhar o uso de bioinsumos na produção de frutas é visto grande oportunidade na redução de custos, além do aumento no acesso as exportações, devido ao baixo registro de resíduos químicos, o que atende as demandas dos mercados internacionais, a exemplo do mercado europeu. De acordo com o diretor comercial da Abrafrutas e CEO da Biotrop/Total e também palestrante do Webinar, Antonio Carlos Zem, os bioinsumos vão liderar o mercado, tanto na questão de plantas, quanto no manejo de pragas, doenças e bioestimulação.  “Não existem grandes desafios, este é um mercado extraordinário, com grande crescimento, não tem insumo dolarizado, não depende de importação”, disse Zem que afirmou ainda que a agricultura biológica, ou agricultura regenerativa traz de volta o natural para o ecossistema.

Segundo Zem, o Brasil já tem experiencias significativas no uso de insetos predadores, de parasitos e ele crê que será ofertado ainda mais tecnologia e investimentos nesta área, ganhando muito mais relevância. O Brasil é líder em área com grãos, mas ainda precisa expandir outros segmentos e tem potencial para se tornar líder também em fruticultura. “Podemos crescer produzindo bem mais com qualidade e com custos mais baixos e o biológico vem para fruticultura trazendo custos mais competitivos. Os biológicos são eficientes, eficazes e trazem rentabilidade ao produtor. Hoje o químico é a regra e o biológico é exceção, mas em dez anos isso ira inverter ”, afirmou Zem.

O Webinar foi transmitido no canal da Abrafrutas no Youtube e está disponível para aqueles que não puderam acompanhar.

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