Médicos veterinários abordaram o impacto do vazio sanitário, estratégias de biosseguridade e a perspectiva da agroindústria sobre os custos com sanidade.
O Brasil, como um dos maiores produtores mundiais de carne suína, tem como objetivo constante a melhora do desempenho. Entender como a cadeia produtiva está mensurando os custos com sanidade é uma tarefa primordial para otimizar investimentos e manter competitividade. O painel com três especialistas no assunto abriu a programação científica do 16º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), nesta terça-feira (13/08), no Centro de Eventos, em Chapecó (SC). O evento vai até amanhã (15/08).
A discussão sobre o vazio sanitário é uma das mais pertinentes quando se fala em custo x investimento. O vazio sanitário é o período em que a granja fica sem nenhum animal e começa a ser contado após a limpeza e desinfecção. A relevância desse intervalo para a biosseguridade, suas vantagens e impactos foram abordadas pelo médico veterinário Guilherme Marin.
Ele ressaltou que a maioria das pesquisas feitas na área mostra apenas de forma genérica os benefícios do vazio sanitário, o que dificulta para a equipe técnica apresentar cálculos que justifiquem a viabilidade do vazio, frente aos custos com infraestrutura e logística que a aplicação dessa medida vai exigir.
Para esclarecer o real impacto zootécnico, o especialista apresentou resultados da sua pesquisa de mestrado, obtidos a partir de um banco de dados que observou, por quatro anos, lotes de creche e terminação de uma cooperativa de Santa Catarina.
No caso da creche, os dados mostraram que o efeito dos dias de vazio sanitário foi controverso para conversão alimentar, ganho de peso diário e mortalidade. Houve casos, por exemplo, em que o vazio não apresentou diferenças entre lotes.
Já na fase de crescimento e terminação, explica Marin, os resultados mostraram que o tempo de vazio sanitário apresentou um efeito de redução da mortalidade até os oito dias de vazio, com os melhores resultados de mortalidade dos nove aos 28 dias.
Biosseguridade – Outro fator importante quando o assunto é custo x investimento são os fatores de risco para a biosseguridade. Segundo o médico veterinário Marcelo Rocha (foto no alto), há uma demanda latente do mercado que cobra a redução do uso de antimicrobianos e essa exigência só reforça a necessidade de trabalhar cada vez com mais atenção à biosseguridade no plantel.
De acordo com Rocha, a abordagem de biosseguridade é complexa, pois há granjas de vários tamanhos, em diferentes localidades, com mão de obra diversa. “Para adotar estratégias num sistema tão diverso, começamos a implementar pequenas melhorias de infraestrutura, incrementos de capacitação, ajustes no acesso às granjas, além de acompanhamentos periódicos como forma de indicador”.
O especialista em sanidade salientou que o trabalho com biosseguridade é a longo prazo e exige o comprometimento de todos os agentes envolvidos na cadeia produtiva. “Sempre encontramos resistência quando falamos em biosseguridade, porém a mudança precisa ser contínua e envolver todos; o funcionário, o dono da granja, o assistente técnico. É a constância que faz a diferença. Os desafios mudaram, a suinocultura evoluiu, então nossa abordagem também tem que mudar frente a isso”.
Visão da agroindústria – Para completar o painel, o médico veterinário Valdecir Luiz Mauerwerk trouxe a perspectiva da agroindústria em relação à sanidade, lançando o questionamento se sanidade seria custo ou investimento.
Mauerwerk mostrou os principais impactos da sanidade nas condenações e no desempenho dos animais, e destacou a importância de tomar ações mais efetivas. “Se entendermos a sanidade como investimento, precisamos dar uma atenção diferenciada, olhando o custo dos medicamentos, das vacinas, das causas das doenças e quando devemos agir”.
Na visão do veterinário, para encontrar respostas assertivas em termos de sanidade, é necessário ter a visão de um todo, desde a matriz até o frigorífico. “É preciso fazer o diagnóstico correto para definir a ação correta a ser tomada. Se ficarmos na tentativa e erro, com estratégias equivocadas de vacina e medicamentos, então certamente teremos um custo.”
Para concluir, Mauerwerk afirmou que a sanidade deve ser tratada como investimento e não ser vista como custo. “A sanidade sempre será um dos pilares mais importantes da suinocultura, porque se não estiver controlada, corremos o risco de perder todos os outros investimentos.”
Paralelamente à programação técnico-científica do 16º SBSS o evento ainda conta com a 15ª Brasil Sul Pig Fair, feira que reúne empresas de tecnologia, sanidade, nutrição, genética, aditivos e equipamentos para suinocultura. Além da Granja do Futuro, espaço que simula uma granja com os principais equipamentos necessários para a produção de suínos, destacando tecnologia e inovação.
Programação
Quarta-feira (14/08/2024)
Painel Nutrição
8h00 às 8h40 – Nutrição de precisão: atualização das exigências nutricionais com foco em melhoria de performance
Palestrante: Melissa Hanas
8h45 às 9h25 – Estratégias nutricionais em desafios sanitários
Palestrante: Caio Abércio
9h25 às 9h40 – Questionamentos
9h45 às 10h15 – Coffe-break
Mesa-redonda Sanidade
10h15 às 11h55 – Síndrome respiratória dos suínos: E agora! (abordagem prática da situação e discussão sobre possibilidades de mitigação de perdas)
10h15 às 10h45: Influenza. O que podemos fazer além de “sentar e chorar”. Hoje conseguimos fazer terapia de suporte, e esperar o ciclo da doença passar?
Palestrante: Danielle Gava
10h50 às 11h20 – Mycoplasma hyopneumoniae, por que ainda causa tanto impacto sanitário? Estratégias para manter um equilíbrio no sistema de produção
Palestrante: Maria Pieters
11h20 às 12h00 – Questionamentos
12h00 às 14h00 – Intervalo para almoço
12h15 – Eventos Paralelos
Painel Gestão da Produção
14h00 às 14h40 – É possível melhorar a uniformidade dos leitões ao nascimento através da nutrição?
Palestrante: Jesus Acosta
14h45 às 15h45 – Desmistificando leitões de baixo peso: da teoria a prática?
Palestrantes: Fernanda Almeida e Djane Dallanora
15h45 às 16h05 – Questionamentos
16h05 às 16h25 – Coffe-break
Painel Imunidade e Microbiota
16h30 às 17h10 – Como a imunidade herdada e modulada na maternidade interferem na resposta vacinal?
Palestrante: Geraldo Alberton
17h15 às 17h55 – É possível incrementar a saúde respiratória por meio da microbiota intestinal?
Palestrante: Andres Gomez
17h55 às 18h15 – Questionamentos
18h25 – Eventos Paralelos
19h40 – Happy Hour na PIG FAIR
Quinta-feira (15/08/2024)
Painel Biosseguridade
8h00 às 8h40 – Biossegurança em fábricas de rações: principais eventos de risco de contaminação do alimento às granjas
Palestrante: Gustavo Simão
8h45 às 9h25 – Conhecendo o inimigo: como garantir a segurança da granja com relação a roedores
Palestrante: Isis Pasian
9h25 às 9h45 – Questionamentos
9h45 às 10h05 – Coffee break
Painel Manejo da Produção
10h10 às 11h45 – Perdas ao abate: oportunidades no campo e abatedouro
10h10 às 10h35 – Qual o papel do abatedouro como cliente do sistema de produção? Uma visão holística
Palestrante: Jalusa Deon Kich
10h35 às 11h45 – Debatedores:
- Marisete Cerutti
- Augusto Queluz
- Sérgio Carvalho
- Mônica Santi
- Ricardo José Buosi
11h45 às 12h00 – Questionamentos
12h05 – Sorteios e encerramento