Especialista aponta desinteresse de jovens em assumir fazendas

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Levantamento feito pela Fundação Dom Cabral aponta que só 16% dos empreendimentos rurais no país são geridos pela terceira geração e apenas 1% pela quarta.

 

“Se não quiser segurar o lápis, vai segurar o cabo da enxada”. Quem está hoje na casa dos 40, 50 e 60 anos de idade, já ouviu muitas vezes dos pais e avós frases como essa, ditas com o intuito de alertar para a importância dos estudos. Se por um lado essas expressões revelavam a boa intenção de incentivar a formação acadêmica, por outro elas ajudaram a reforçar uma imagem negativa do campo, que hoje enfrenta o desinteresse das novas gerações.

Um levantamento de 2021 feito pela Fundação Dom Cabral aponta que 41% dos empreendimentos rurais no país são geridos pelos seus fundadores e outros 41% pela segunda geração. Mas à medida que a geração avança, o percentual é bem menor, sendo que apenas 16% são geridos pela terceira geração e só 1% pela quarta. Dados da última edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) apontam que o desinteresse pelas ocupações do campo também tem aumentado, uma vez que a participação dos trabalhadores com até 29 anos no agronegócio caiu 13% em 12 anos.

Especialista em direito empresarial, agrário e imobiliário, o advogado Fabrício Cândido Gomes de Souza revela que é relativamente grande o número de empresários do agronegócio que chegam ao seu escritório relatando sobre o desinteresse dos filhos e netos em assumir a fazenda da família. “Apesar de estarmos em um país e estado de economia agro, é recorrente recebermos este perfil de clientes aqui no escritório. Nem todos os sucessores aprenderam a ter apego à terra, especialmente aqueles que foram para os grandes centros urbanos para estudar e conheceram outras atividades e profissões”, diz ele, que é CEO do escritório Celso Cândido de Souza Advogados.

Uma orientação mercadológica dada por Fabrício Cândido é, nestas situações, preparar a propriedade para receber modalidades de negócio que não precisam de gestão direta dos herdeiros, como por exemplo, arrendamento, aluguel de pasto, entre outras. “Com isso, acaba sendo mais fácil para os herdeiros manter a propriedade da família”, sugere.

Holding familiar – Conforme o especialista, o instrumento jurídico muito utilizado nesse tipo de situação é a criação de uma holding familiar, para ser a controladora da propriedade. “Nesse tipo de contratado, os herdeiros são os sócios e o gerenciamento pode ser feito por um deles ou até mesmo por um gestor profissional que é contratado. Por meio deste instrumento é possível também limitar o tempo mínimo para se vender o bem e torná-lo incomunicável em caso de matrimônios dos herdeiros”, explica o advogado

Fabrício observa que desfazer da propriedade rural, mesmo que os herdeiros não demonstrem interesse em assumi-la, deve ser a última alternativa. “Nessa situação, a depreciação do patrimônio montado pela família é certa, e acaba sendo muito doloroso aos fundadores do negócio ver o que ele construiu uma vida inteira e que foi o sustento da família por décadas ser dilapidado”, afirma.

Sobre o escritório – Completando 50 anos de história em 2024, o escritório Celso Cândido de Souza Advogados calcula ter defendido mais de 10 mil processos ao longo de cinco décadas de atuação, e nas mais diversas áreas do Direito, o que inclui: civil, empresarial, trabalhista, previdenciário, ambiental, família, propriedade intelectual, imobiliário, consumidor, internacional, agrário e tributário. Fundado pelos advogados Celso Cândido de Souza e Sérgia Gomes de Souza, em Anápolis (GO), o escritório acompanhou o desenvolvimento industrial da cidade e expandiu-se para todo Brasil. Atualmente, conta atualmente com 14 advogados que atuam em processos que correm em todo o território brasileiro. Além da matriz em Anápolis, a empresa possui bases em Luiz Eduardo Magalhães (BA), Palmas (TO) e Porto Velho (RO).

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