Dia do Agronegócio: Coalizão Brasil destaca sustentabilidade

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Fernando Sampaio, cofacilitador da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura
Fernando Sampaio, cofacilitador da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura

Com agendas convergentes, agro e clima são aliados nas discussões globais sobre segurança alimentar e produção sustentável.

 

A celebração do Dia do Agronegócio em 25 de fevereiro, data que desde a década de 1990 destaca a trajetória do setor no Brasil, ganha ainda mais relevância neste ano diante da necessidade de um debate urgente sobre o papel da agropecuária no enfrentamento da crise climática. O contexto atual, marcado por eventos climáticos extremos que impactam a produção de safras no país, além da preparação do Brasil para sediar a próxima Conferência do Clima (COP30), reforça a importância de alinhar o setor às agendas globais de sustentabilidade.

De acordo com o IBGE, a safra de grãos, leguminosas e oleaginosas apresentou uma queda de 7,2% em 2024, em relação à safra do ano anterior. O equilíbrio climático e a manutenção da temperatura média são algumas das condições vitais para a prosperidade da produção agrícola e, por consequência, da segurança alimentar. Por isso, a agenda de enfrentamento das mudanças climáticas e as atividades do agro devem convergir, gerando impactos positivos no próprio setor. “É preciso criar uma agenda positiva para o agronegócio, evidenciando sua atividade como aliada do combate à crise climática”, avalia Fernando Sampaio, cofacilitador da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.

Ainda na agenda verde do setor, um dos objetivos é erradicar o desmatamento ilegal. “Alcançar esse marco é essencial para afastar o estigma que recai sobre a produção agropecuária brasileira. Aliado a esse objetivo, e com as tecnologias que temos disponíveis hoje, é possível expandir a produção usando com mais eficiência áreas já abertas ocupadas — principalmente com pastagens em algum grau de degradação”, declara Sampaio, que também é diretor de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

Iniciativas sustentáveis no agro – A Coalizão Brasil, que há dez anos atua para a promoção de atividades agropecuárias sustentáveis, formulou propostas para promover esse alinhamento. Entre elas, estão:

Desmatamento ilegal zero

A ilegalidade ocorre em uma minoria da produção, em geografias específicas, mas que acabam contaminando cadeias produtivas sobretudo em regiões de fronteira. São necessários esforços públicos e privados para garantir o controle da ilegalidade, segurança jurídica e paz no campo.

Agricultura regenerativa e de baixo carbono

A maioria das propriedades e produtores demonstra que é possível aumentar a produção com as áreas já utilizadas. O uso de tecnologia e práticas de agricultura regenerativa são medidas que podem aumentar a produção de alimentos e conservar o ambiente, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.

Implementação do Código Florestal e regularização do CAR

Um ponto consensual no setor é a urgência para a implementação do Código Florestal. Essa lei confere benefícios como acesso ao crédito rural com juros mais baixos aos produtores que já possuem registro no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e asseguram uma reserva para a cobertura vegetal original em suas propriedades.

Outra medida importante nesse sentido é o da criação de mecanismos eficazes para impedir o uso ilegal do CAR e elaborar e implementar uma robusta e eficiente estrutura de governança do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), que estabeleça os papéis dos entes federados na implementação do Código Florestal.

Implementação da Lei de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)

O incentivo econômico para pequenos e grandes produtores rurais adotarem medidas de conservação está ganhando cada vez mais espaço no setor. Ao reconhecer que os agricultores não apenas cultivam alimentos, mas também desempenham um papel fundamental na manutenção de ecossistemas saudáveis, o PSA contribui de forma significativa para o combate às mudanças climáticas, minimizando os seus impactos à segurança alimentar, hídrica, energética e de renda devido à perda e à degradação de serviços ecossistêmicos nos biomas brasileiros.

Finanças Verdes

A transição da produção agropecuária, com implementação em larga escala de técnicas e práticas de baixo carbono, assim como a restauração florestal, demandam uma diversidade de instrumentos financeiros para que se crie um fluxo constante de investimentos com impactos positivos.

Integração da bioeconomia com sistemas produtivos

A bioeconomia representa uma estratégia sustentável para o agronegócio, ao integrar a produção agrícola, florestal e pecuária com práticas que promovem a conservação da biodiversidade, a restauração de paisagens e a valoração dos serviços ecossistêmicos. Essa abordagem busca escalar sistemas produtivos sustentáveis e inclusivos, com foco na proteção do solo, redução da dependência de insumos químicos e fortalecimento de cadeias produtivas que gerem renda e inclusão socioeconômica para comunidades tradicionais e agricultores familiares.

Rastreabilidade nas cadeias produtivas

As políticas nacionais para a rastreabilidade de commodities são medidas que também contribuem para a erradicação do desmatamento da cadeia de produtos como a soja e a proteína animal. Um importante avanço foi o lançamento da plataforma AgroBrasil+Sustentável pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, que promove a integração de dados oficiais do governo federal e disponibiliza informações da produção agropecuária brasileira, permitindo a qualificação das propriedades como cumpridoras de requisitos socioambientais.

Essas e outras propostas por uma agenda agroambiental do país estão no documento “O Brasil que vem”, elaborado pela Coalizão. Confira na íntegra as propostas neste link: coalizaobr.com.br/obrasilquevem.

Sobre a Coalizão – Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura é um movimento composto por mais de 400 organizações, entre entidades do agronegócio, empresas, organizações da sociedade civil, setor financeiro e academia. A rede atua por meio de debates, análises de políticas públicas, articulação entre diferentes setores e promoção de iniciativas que contribuam para a conservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

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