12 de julho de 2017

Consciência limpa: consumidores de soja responsável podem reivindicar por desmatamento zero

Ao consumir soja em conformidade com um novo padrão de produção responsável, os usuários e produtores de alimentos podem demonstrar que suas operações não causaram desmatamento.

Isso se deve ao fato de que a Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) certifica o desmatamento zero, devido ao novo padrão de produção 3.0, que criou o primeiro modelo de certificação multistakeholder de desmatamento zero do mundo.

“Os produtores serão capazes, pela primeira vez, de mostrar, por meio de avaliação supervisionada por um organismo de certificação, que suas operações não impactam em nenhuma floresta nativa, pântano ou nas margens dos rios”, diz Marcelo Visconti, Diretor Executivo da RTRS.

Questionado sobre o que significava a reivindicação de “garantir o desmatamento zero”, Visconti explica que não é permitida a conversão de qualquer terra natural a partir de junho de 2016.

“Todo produtor de soja que trabalha para obter a certificação deve demonstrar a um organismo de certificação que o desmatamento e a conversão de qualquer terra natural não ocorrem. Além disso, eles devem ter um plano para conservar a vegetação nativa e vida selvagem existente na fazenda, entre outros requisitos ambientais”, pontua.

Soja responsável está se tornando norma na Europa

A indústria de alimentos para animais está sob pressão crescente de clientes e ONGs para demonstrar políticas de abastecimento transparentes e sustentáveis. Visconti acredita que, em breve, tal certificação será um dever para os produtores de soja e os usuários no mercado europeu.

“O mercado europeu está se tornando mais rigoroso e, num futuro próximo, as certificações serão mais do que uma vantagem competitiva. Eles serão um importante facilitador para o acesso ao mercado”, comenta. “O padrão RTRS é um instrumento importante para que os produtores os ajudem a aumentar sua lucratividade e expandir seus negócios de forma sustentável. Isso garante que as exportações de soja de qualidade cresçam exponencialmente em um mercado internacional que está se tornando cada vez mais criterioso sobre a qualidade de seus produtos comercializados”, assegura.

Oferta excedendo a demanda

Visconti não considerou a disponibilidade como um fator limitante para os usuários que desejam obter soja certificada 3.0 RTRS.

“A disponibilidade de soja produzida responsavelmente dependerá de muitos fatores, mas principalmente da demanda por produtores responsáveis de soja para certificar. No momento, a produção certificada disponível é maior do que a demanda. Existem créditos provenientes de produção de soja certificada esperando para ser comprado”.

Ele acrescentou que o número de certificações RTRS está crescendo a cada ano. Em 2016, a produção certificada pela RTRS aumentou 29% em relação a 2015, mais de 32.500 produtores da Argentina, Brasil, Índia, Paraguai e EUA. O que gerou mais de três milhões de toneladas de soja certificada RTRS. Mais de dois milhões de toneladas de material RTRS foram vendidas, principalmente na Europa (por meio de um sistema de créditos).

Como obter a certificação

Existem dois padrões: um padrão de produção para produtores de soja e um padrão de cadeia de custódia para usuários de soja. Para atingir qualquer padrão, os produtores/usuários de soja são obrigados a realizar uma avaliação por meio de um organismo de certificação credenciada. O auditor irá verificar o cumprimento de uma série de indicadores.

O padrão 3.0 é uma revisão do padrão 2.0 da RTRS e, como tal, incorpora várias melhorias. Por exemplo, as avaliações de Alto Valor de Conservação (HCV) não são mais necessárias, tornando o padrão mais economicamente acessível aos produtores, e esta versão introduz exceções que tornam mais fácil para os pequenos agricultores alcançá-la.

A versão 3.0 também estabelece requisitos para o trabalho e os direitos humanos, de modo que os produtores certificados devem ser capazes de demonstrar que estão cumprindo critérios para condições de trabalho justas e relações com comunidades vizinhas e indígenas, por exemplo.

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