Greg Peterson, da AGCO, acredita em recuperação no mercado de máquinas
A aquisição da gaúcha Kepler Weber, fabricante de silos e equipamentos para armazenagem de grãos, pela AGCO deve ajudar a multinacional americana a avançar no mercado da América do Sul.
Em entrevista ao Valor, o diretor de relações com investidores da AGCO, Greg Peterson, afirmou que a aquisição permitirá que empresa a aumente a presença também nos países vizinhos ao Brasil. Segundo ele, o fato de a Kepler ser “muito bem-sucedida no mercado brasileiro, com uma linha muito forte de produtos” contribuirá para impulsionar outros mercados da região, sobretudo a Argentina.
“A maior parte do crescimento eu acredito que virá do Brasil, mas também há oportunidades importantes fora do país”, disse.
Uma das maiores fabricantes de máquinas agrícolas do mundo, a AGCO teve apenas 12,4% da receita total originária da América do Sul em 2016, enquanto 24,4% da receita de vendas teve origem na América do Norte.
A intenção de avançar na América do Sul está alinhada com os planos da Kepler Weber que já estavam em curso. No mês passado, Olivier Colas, vice-presidente da empresa brasileira, afirmou ao Valor que a estratégia é ampliar as exportações com foco nos países da América Latina. O objetivo é elevar a participação nas exportações totais do segmento na região de 35% para 50% em dois anos.
Tanto a Kepler Weber quanto a GSI (controlada da AGCO que atua no segmento de armazenagem) têm fábricas apenas no Brasil, então, o avanço na América do Sul deve ocorrer via exportações.
Hoje, a GSI tem menos de 10% de participação de mercado do Brasil. Com a aquisição da Kepler, a AGCO passará a ter cerca 40% desse mercado no país.
A AGCO ainda não é a controladora da companhia gaúcha. Neste mês, o Cade aprovou sem restrições a venda de 35% da Kepler à AGCO do Brasil, controlada pela AGCO. As ações que passarão para a empresa estão nas mãos de Previ e Banco de Investimentos do Banco do Brasil (BB-BI). O próximo passo é uma oferta pública para aquisição de ações da Kepler para atingir ao menos 65% do capital votante da companhia. Segundo Peterson, a AGCO quer chegar a 100% de participação e fechar o capital da Kepler.
No mercado de máquinas agrícolas, Peterson acredita que o ano continuará a ser de recuperação no país “depois de muitos anos de demanda mais baixa e de aumento da idade média do maquinário em uso no Brasil”. Para ele, a recuperação tem como suporte os recursos disponibilizados pelo governo por meio do Plano Safra. “O plano para o período 2017/18 ajudará na retomada da demanda”, disse.
O Plano Safra 2017/18 prevê R$ 9,2 bilhões para o Moderfrota – linha voltada à renovação de maquinário agrícola. Além de recursos maiores que os R$ 7,5 bilhões do ciclo 2016/17, a linha tem juros mais baixos nesta temporada. As taxas passaram de entre 8,5% e 10,5% para 7,5% e 10,5% ao ano.
A retomada do crescimento no mercado brasileiro, acredita o executivo da AGCO, vai se dar mesmo após a retração registrada em junho. Pela primeira vez no ano, as vendas de máquinas tiveram resultado mensal inferior ao de igual mês de 2016. Conforme a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas somaram 4.051 unidades, queda de 1,2% em relação a junho de 2016.
Fonte : Valor