3 de abril de 2018

China sobretaxa etanol de milho dos EUA, mas soja ainda fora da lista

A China suspendeu a importação de etanol dos EUA e busca novos fornecedores, depois que passou a impor tarifas extras de importação contra os produtos que vinham das usinas americanas.Tarifas para os americanos aumentaram de 30% para 45%, levando empresas chinesas a abandonar por enquanto as compras dos EUA . Num contra-ataque à política de Donald Trump, Pequim aplicou novas alíquotas a 128 produtos americanos, entre eles o etanol. Agora, a avaliação é de que a China terá de buscar novos fornecedores para abastecer seu consumo doméstico.

As tarifas para os americanos aumentaram de 30% para 45%, levando empresas chinesas a abandonar por enquanto as compras dos EUA. Num primeiro momento, o plano é o de usar os estoques de milho do país para produzir domesticamente o etanol. Mas, para chegar às metas do governo de ter 10% do mix energético composto pelo biocombustível até 2020, a avaliação é de que a China terá de voltar a importar. Mesmo sendo hoje o terceiro maior produtor de etanol do mundo, atingir as metas estipuladas pelas autoridades promete ser um desafio.

Para chegar à taxa proposta pelo governo, a China terá de consumir 15 milhões de toneladas de etanol a cada ano, sete vezes o que hoje o país produz. Diplomatas chineses na OMC indicaram ao Estado que uma das alternativas que está sendo considerada é a de garantir esse abastecimento com o produto brasileiro, ainda que tal cenário não seria algo que pudesse ser implementado de imediato. O preço do etanol brasileiro é considerado elevado. Nos últimos anos, a China aumentou de forma substancial suas compras de etanol. Em 2015, ela havia importado 686 mil metros cúbicos, um aumento de 2.700 % em relação a 2014. Em 2016, as compras aumentaram em mais 51%. Mas em 2017, com uma primeira elevação de tarifas de 5% para 30%, as importações desabaram.

Elas começaram a ser retomadas apenas em janeiro de 2018, com um total de 280 mil metros cúbicos de compras dos EUA nos dois primeiros meses do ano. A retomada das compras havia ajudado a exportação mundial de etanol americano a bater um novo recorde. Mas a guerra comercial entre Trump e Pequim uma vez mais obrigaram o setor a repensar sua estratégia. Antes mesmo da entrada em vigor das novas tarifas chineses, os exportadores americanos já temiam o impacto negativo da política comercial da Casa Branca. “A resposta da China era esperada, dada as recentes ações de nosso governo (Trump) em implementar novas tarifas”, disse Bob Dinneen, presidente da Associação de Fabricantes de Combustíveis Renonáveis dos EUA. “Espero agora que a Casa Branca entenda o impacto que suas ações têm sobre a indústria do etanol americano e de seus fazendeiros”, lamentou.

Soja fica de fora da lista – No dia em que passam a vigorar tarifas de até 25% sobre 128 produtos importados dos Estados Unidos, a China defendeu mais negociações com os EUA para evitar danos maiores nas relações entre os dois países. Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira, o Ministério do Comércio afirmou que os EUA não responderam à consulta feita à Washington sobre as tarifas sobre o aço e o alumínio. “Muitas pessoas manifestaram sua aprovação por telefone e por email, e elas apoiam a decisão do governo de tomar medidas para defender o interesse da nação. Alguns até sugeriram medidas mais fortes”, disse o ministério.

O comunicado se segue ao anúncio da Comissão de Tarifas de que as tarifas sobre 128 produtos importados dos EUA passariam a valer nesta segunda-feira. O valor das novas tarifas corresponde a cerca de US$ 3 bilhões, o que representa uma pequena parcela das importações chinesas dos EUA. A lista de itens que terão aumento de tarifas inclui itens como frutas frescas e secas, ginseng, nozes, vinho e carne de porco e alguns produtos siderúrgicos. Até agora, produtos agrícolas com elevado volume de exportações para a China, como a soja, estão de fora do grupo. A retaliação é uma reação ao anúncio feito por Trump em março de novas tarifas sobre o aço, que Pequim afirma que viola as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Desde então, os Estados Unidos anunciaram algumas exceções para aliados, como o Brasil, União Europeia, Austrália e Canadá.

Inicialmente, a China tinha anunciado que a imposição de tarifas se daria em duas etapas: uma taxa de 15% para 120 produtos e de 25% em oito produtos. O anúncio de domingo incluiu os 128 itens, mas deixou de fora produtos como soja, com mais importância no intercâmbio comercial entre os dois países. — Isso mostra que a China tem como reagir às ações de Washington. É (uma reação) muito medida e sem intenção de escalar a tensão — diz Li Yong, pesquisadora da Associação de Comércio Internacional da China, em Pequim.

Para além das medidas sobre aço, a administração Trump está se preparando para atingir produtos chineses com mais tarifas. O presidente americano, Donald Trump, assinou em março uma resolução impondo até US$ 60 bilhões em tarifas sobre importações de produtos da China. O plano também prevê restrições para transferências de tecnologia e aquisições feitas por empresas de capital chinês. A ideia é pressionar Pequim para interromper práticas consideradas injustas de comércio. A medida ainda não entrou em vigor.

Fonte: Estadão | O GLOBO

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