Nestes dias, estou aqui em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, participando da Gulfood, a maior feira de alimentos e bebidas do mundo. É um evento que está em sua 30ª edição e reuniu mais de 5 mil expositores de 129 países. Os organizadores esperam atingir a cifra de US$ 20 bilhões em acordos comerciais, 1% do comércio global de alimentos e bebidas em apenas cinco dias.
A presença brasileira é sempre certa. Embora sejamos um dos protagonistas do mercado Halal em se tratando de alimentos e bebidas, sabemos do nosso potencial em diversificar a nossa pauta de exportações – o destaque ainda é a proteína animal seguido de produtos do agronegócio.
Para comprovar a importância deste mercado, vale a pena citar alguns números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Em 2024, as exportações do Brasil para os países árabes atingiram o recorde de US$ 23,68 bilhões, uma alta de 22,41% sobre 2023. O principal destino das exportações foram os Emirados Árabes Unidos seguidos pelo Egito, Arábia Saudita, Argélia, Iraque, Marrocos, Omã, Bahrein, Líbia e Jordânia.
Eu tenho certeza de que a qualidade e o profissionalismo dos produtores de alimentos, aliadas à credibilidade do nosso trabalho como certificadora Hala, sustentam esta relação comercial tão importante para o nosso país. No entanto, há um outro pilar que preciso destacar: o respeito. Vou ilustrar com um exemplo.
Ao visitar o estande da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), organização institucional brasileira que, com a marca Brazilian Chickenm está promovendo a avicultura e os produtores brasileiros na Gulfood, me surpreendi com uma mussala, uma sala de orações para os visitantes muçulmanos. Fiquei profundamente satisfeito ao testemunhar essa iniciativa.
A disponibilização de uma mussala não apenas atende às necessidades dos muçulmanos presentes, incluindo nossos colaboradores da FAMBRAS Halal que estão visitando o espaço, mas também simboliza um profundo respeito pela cultura e religião predominantes nos Emirados Árabes Unidos e nos países de muitos visitantes e expositores.
Em um mundo globalizado, onde as relações comerciais transcendem fronteiras, reconhecer e valorizar as particularidades dos parceiros é essencial. Ações que demonstram sensibilidade e respeito não apenas abrem portas para novos negócios, mas também fortalecem laços de confiança e cooperação mútuas.
Por isso, afirmo com convicção: o sucesso das relações entre Brasil e nações árabes é um testemunho vivo de como o respeito e a compreensão cultural são pilares fundamentais para parcerias comerciais prósperas e duradouras.
Ali Zoghbi é vice-presidente da FAMBRAS, a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil, e presidente da International Halal Academy.