O governo dos Estados Unidos anunciou, na quarta-feira (02/04), tarifa adicional de 10% sobre os produtos brasileiros que entram no país, regra que entrará em vigor no dia 5 de abril. Nos dois últimos meses, o governo americano anunciou tarifas específicas para a importação de aço, alumínio, veículos e autopeças. Nesses casos, a taxa de importação adicional permanecerá em 25%.
Uma análise elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra os produtos em que o Brasil é o principal fornecedor do mercado norte-americano, na maioria, bens intermediários (insumos industriais) e bens de capital, e como as novas tarifas vão deixar os produtos mais caros aos parceiros nos EUA.
“As tarifas podem ter um impacto negativo principalmente para a consumidor nos EUA, porque vendemos bens intermediários e insumos. Esse aumento de custos pode levar a uma pressão inflacionária e ao aumento de preços, fazendo com que o produto americano perca competitividade”, afirma a gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri.
Veja a lista dos 8 produtos:
- Outros produtos semimanufaturados, de ferro ou aços: entre os países que mais vendem para os EUA, o Brasil lidera como fornecedor com 59,9% das vendas; adicional de 25% de tarifa
- Ferro fundido bruto não ligado: entre os países que mais vendem para os EUA, o Brasil lidera como fornecedor com 58,1% das vendas; adicional de 10% de tarifa
- Café não torrado, não descafeinado: entre os países que mais vendem para os EUA, o Brasil lidera como fornecedor com 25,8% das vendas; adicional de 10% de tarifa
- Pasta química de madeira de não conífera:entre os países que mais vendem para os EUA, o Brasil lidera como fornecedor com 79,6% das vendas; adicional de 10% de tarifa
- Preparações alimentícias e conservas, de bovinos: entre os países que mais vendem para os EUA, o Brasil lidera como fornecedor com 66% das vendas; adicional de 10% de tarifa
- Minérios de ferro aglomerados e seus concentrados: entre os países que mais vendem para os EUA, o Brasil lidera como fornecedor com 53,6% das vendas; adicional de 10% de tarifa
- Sucos de laranja não congelados, não fermentados: entre os países que mais vendem para os EUA, o Brasil lidera como fornecedor com 75,8% das vendas; adicional de 10% de tarifa
- Niveladores: entre os países que mais vendem para os EUA, o Brasil lidera como fornecedor com 83% das vendas; adicional de 10% de tarifa
Os Estados Unidos são o principal destino das exportações brasileiras da indústria de transformação, especialmente de produtos de maior intensidade tecnológica, além de liderarem o comércio de serviços e os investimentos bilaterais. Somente em 2024, a indústria de transformação brasileira exportou US$ 31,6 bilhões em produtos para os EUA. Nesse ano, a cada R$ 1 bilhão exportado para os EUA, foram criados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,6 bilhões em produção.
Missão aos EUA em maio – Com objetivo de estreitar laços e buscar soluções de interesse comum com os EUA, a CNI levará um grupo de empresários brasileiros ao país na primeira quinzena de maio. A expectativa é que a comitiva se reúna com representantes da indústria e do governo norte-americano para discutir agendas de facilitação de comércio e abertura de mercados de forma equilibrada.