Prática milenar criada pelos romanos para aumentar a produtividade de suas plantações, a adubação verde é reconhecida cientificamente como técnica agrícola desde o século XIX e consiste no cultivo de plantas específicas junto às lavouras, para melhorar a fertilidade e a estrutura do solo. Com o crescimento da consciência ambiental na sociedade e da agricultura regenerativa no campo, esse tipo de adubação tem sido cada vez mais adotado como uma solução sustentável, que otimiza a produção agrícola e reduz custos de plantio.
Entre os benefícios da adubação verde estão: a fixação otimizada de nitrogênio atmosférico, enriquecendo o solo com o nutriente; a cobertura vegetal oferecida, que protege o solo contra a ação direta da chuva e do vento, reduzindo a erosão; o impedimento de ação das plantas daninhas, auxiliando no manejo natural dessas espécies e na melhoria da estrutura do solo; além da descompactação do solo, melhorando sua aeração e capacidade de retenção de água.
No Brasil, a adubação verde tem sido utilizada com mais frequência em plantações de soja e milho no Cerrado, onde leguminosas como crotalária e guandu ajudam a repor nitrogênio no solo e aumentar a produtividade das lavouras. A prática também é aliada de ações de restauração florestal, como as implementadas pela Associação Ambientalista Copaíba na recuperação de áreas desmatadas da Mata Atlântica, conforme explica a Coordenadora da Restauração Ecológica da instituição, Ana Paula Balderi, destacando o uso de outras plantas além das leguminosas, tais como girassol, milho, milheto, o que traz um mix de diversidade ao plantio.
“A adubação verde é uma ferramenta essencial para a restauração ecológica e a manutenção da fertilidade do solo, algo que valorizamos muito aqui na Associação Ambientalista Copaíba. Trabalhamos diretamente com a restauração de áreas degradadas e sabemos que um solo saudável é a base para o crescimento de florestas e a proteção dos recursos hídricos. Ao utilizar plantas que fixam nitrogênio e melhoram a estrutura do solo, conseguimos reduzir a necessidade de insumos químicos e fortalecer os ecossistemas naturais. Isso não só beneficia os agricultores, que colhem melhores resultados a longo prazo, mas também contribui para a conservação da biodiversidade”, pontua.
Para apoiar os interessados em implementar a adubação verde, Ana Paula lista dicas essenciais; confira:
Seleção das espécies: Escolher plantas adequadas ao clima e ao tipo de solo da região. Leguminosas, como feijão-de-porco e crotalária, são frequentemente utilizadas devido à sua capacidade de fixar nitrogênio. No caso da Copaíba, dentre as leguminosas utilizadas se destaca o Guandu, planta que desempenha o papel de descompactar o solo e oferece proteção otimizada às mudas por seu porte arbustivo.
Época de plantio: Planejar o plantio dos adubos verdes de forma a facilitar o manejo das culturas principais e respeitar as estações adequadas a cada tipo de planta, podendo ser realizado na entressafra ou em rotação com outras culturas.
Manejo e incorporação: Após o crescimento adequado, as plantas podem ser roçadas e deixadas na superfície como cobertura morta ou incorporadas ao solo para decomposição, liberando nutrientes e melhorando a matéria orgânica.
Mais sobre a Copaíba – Criada em 1999 por um grupo de amigos que se preocuparam com a degradação da Mata Atlântica no município de Socorro (SP), a Associação Ambientalista Copaíba é uma organização sem fins lucrativos, qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e que atua em 19 municípios da região Leste do Estado de São Paulo e Sul de Minas Gerais. Atualmente, a associação promove projetos e programas de restauração ecológica; produção de mudas nativas; iniciativas de educação ambiental e participação em políticas públicas. Ao todo, são mais de 4 milhões de mudas produzidas, 380 proprietários parceiros, 713 hectares restaurados e 40 mil participantes das vivências de Educação Ambiental. Saiba mais em: https://copaiba.org.br/.