A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC) divulgou hoje (06/03) informativo de fevereiro de 2025 sobre o andamento da safra no Brasil e as perspectivas do agronegócio diante da guerra comercial iniciada pelo novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que atinge tanto parceiros comerciais dos americanos como Canadá e México e, em especial, a China. O estudo é assinado por Jean Carlo Budziak, da área de Inteligência da ANEC. Confira a íntegra do informativo:
Andamento de safra
Soja
A colheita da safra de soja 2024/25 manteve um bom ritmo no último mês, atingindo 48,4% da área, percentual semelhante ao registrado na safra anterior (47,3%). No Mato Grosso, 80,4% da área já foi colhida e deverá dar espaço para o plantio da segunda safra de milho. Fonte: CONAB.
Milho
A semeadura do milho 2ª safra alcançou 69,6% até a última semana de fevereiro, ritmo próximo ao do ano anterior, que foi de 73,7%. O plantio avançou principalmente no Mato Grosso, estado que correu risco de perder a janela ideal de plantio devido ao atraso na colheita da soja, causado pelas chuvas frequentes. Nos demais estados, as áreas de plantio do cereal estão mais avançadas em relação ao mesmo período do ano passado.
O milho 1ª safra também avançou, atingindo 25,3% na última semana de fevereiro, volume próximo ao observado no ano anterior (29,4%). Fonte: CONAB.
A guerra comercial
O novo presidente dos Estados Unidos continua impondo tarifas adicionais à China. Além dos 10% já anunciados, foi determinado um acréscimo de mais 10%, totalizando 20% sobre os produtos chineses, sob a justificativa de que o país não tem adotado medidas eficazes para conter o fluxo de fentanil para os EUA.
Em resposta, os chineses anunciaram contramedidas que incluem tarifas de 15% sobre milho, trigo, frango e algodão, além de 10% sobre soja, sorgo, carne bovina e carne suína. Essas medidas devem entrar em vigor a partir de 10 de março. Vale lembrar que a China é o principal mercado para os produtos agropecuários dos Estados Unidos.
Esse cenário pode aumentar a demanda pelos produtos brasileiros, mas o país pode não usufruir totalmente dessa oportunidade de mercado, já que a logística interna ainda é um fator limitante no escoamento da produção. Outro ponto de atenção é o impacto nas cotações, tanto na Bolsa de Chicago (CBOT) quanto nos prêmios de exportação, visto que, durante a última guerra comercial entre EUA e China, os preços foram afetados negativamente. Esse efeito ainda está em definição, embora, no curto prazo, os prêmios de exportação já tenham melhorado. Além disso, nos primeiros dois meses do ano, a China reduziu suas importações dos EUA e aumentou as compras do Brasil, que agora representam 79% das suas aquisições no mesmo período. Fontes: ANEC e Pine Agronegócios.