21 de março de 2024

Analistas avaliam corte da Selic e manutenção dos juros nos EUA

O Comitê de Política Econômica do Banco Central (Copom) baixou a taxa Selic em meio ponto percentual, durante reunião realizada nesta quarta-feira (20/03). A Selic foi fixada em 10,75%, com indicação de nova redução na próxima reunião do comitê. A taxa atual é a menor desde fevereiro de 2022.

Enquanto isso, nos EUA o FED manteve a taxa de juros no mesmo patamar. Especialistas comentam sobre o tom do comunicado divulgado pelo comitê e sobre como ficam os investimentos com a taxa menor. Após a decisão do Banco Central dos Estados Unidos (FED) em manter a sua taxa de juros pela quinta vez consecutiva – entre 5,25% e 5,50% -, a bolsa de valores brasileira foi fortemente valorizada e pode se reaproximar do patamar de 130 mil pontos. O Ibovespa está cotado a 129.125 pontos.

Entre as ações mais negociadas, a Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) e Itaú (ITUB4) subiram 1,75%, 0,70% e 0,20%, respectivamente. Para as demais ações, houve forte alta da Braskem (BRKM5), a 15,70%, além da Petz (PETZ3) e Grupo Soma (SOMA3), a 8,00% e 7,30%.

As baixas do dia são discretas e observadas na PRIO (PRIO3), Suzano (SUZB3) e PetroRecôncavo (RECV3), que caíram 3,60%, 1,25% e 1,15%. O volume negociado no último fechamento foi de R$ 22,3 bilhões. Os dados referentes à bolsa de valores brasileira podem ser consultados através da B3. Confira as avaliações dos especialistas:

 

Decisão do Copom e comunicado divulgado:

 

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores

“Eu achei um tom bem hawkish (agressivo). O comunicado destaca preocupações com o externo, sabe que os dados recentes continuam sendo preocupantes. Mas eu acho que o trecho mais importante foi que eles tiram o plural na indicação dos próximos passos. O comitê vinha nos outros comunicados dizendo que “nas próximas reuniões seguiremos com a decisão na mesma magnitude”. Dessa vez, eles disseram “na próxima reunião”, ou seja, tira o plural dando a indicar que nesse momento só se sente confortável em afirmar mais uma queda de 0.50. O que vai acontecer depois é uma grande incógnita, vai depender de dados, mais do que nunca.

“Então a minha leitura foi bem hawkish. O comitê cita as preocupações com relação ao cenário externo e obviamente a influência que isso pode trazer aqui para dentro. Cita as preocupações com relação às dificuldades, às incertezas locais e retira o plural, não faz mais a menção no plural sobre as próximas reuniões. Então eu achei bem hawk, o que é até pertinente. Acho que o Banco Central foi bem nesse comunicado. Acredito que essa é a linha que tem que seguir.”

 

Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital

“Acredito que o fato de citarem que esperam mais um corte de juros na “próxima reunião” no singular e não no plural deixa um clima de incerteza do que pode acontecer nas próximas reuniões. Mas também penso que pode ser apenas uma forma de comunicar para que o governo mantenha os objetivos fiscais. Penso que há sim espaço para cortes de mesma magnitude.”

“O comunicado mostra que o processo de desinflação em curso, com a inflação ao consumidor em uma trajetória decrescente e as expectativas de inflação para 2024 e 2025 situando-se em torno de 3,8% e 3,5%, respectivamente, alimenta minha confiança de que estamos no caminho certo para alcançar um ambiente econômico mais estável e previsível. Isso é fundamental para fomentar investimentos e o consumo, pilares para o crescimento sustentável.”

“A redução dos juros, combinada com a sinalização de que poderá haver corte adicional na próxima reunião, se o cenário esperado se confirmar, cria um ambiente propício para o investimento empresarial e o consumo das famílias.”

“Vejo ênfase no Copom na importância da execução das metas fiscais e a consequente necessidade de cautela na política monetária como um compromisso sólido com a estabilidade econômica a longo prazo. Isso reforça minha visão otimista, pois acredito que uma gestão fiscal responsável é crucial para manter a confiança dos investidores e assegurar um ambiente propício ao crescimento.”

 

Decisão do FED nos EUA:

 

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital

“Em decisão de taxa de juros americana, o FED manteve a taxa de juros inalterada (dentro do esperado pelo mercado). O foco do mercado foi no comunicado, que apesar de citar que a inflação ainda está alta, citou que o mercado de trabalho vem se reequilibrando, demonstrando uma desaceleração ainda que apertada, o que é muito positivo.”

“O mercado interpretou esse discurso de forma mais dovish (pacifista), apesar de não indicar quando devem cortar os juros. Em discurso, Powell citou mais uma vez que a política monetária já está em seu pico. Com isso, acredito que as apostas seguem firmes para junho em relação ao primeiro corte dos juros americanos.”

“Entre os destaques principais está a fala sobre o emprego estar caminhando para o equilíbrio, o trabalho do FED caminhando bem para a desinflação e a política monetária estar em seu pico, o que ajudou a animar os mercados e a derrubar o dólar.”

“Com isso, acredito que a expectativa de início de queda se mantém para Junho, que é o que o mercado está precificando. Enquanto isso, as apostas de corte de juros para maio seguem caindo.”

 

Como ficam os investimentos agora?

 

Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital

“Apesar da queda, a taxa ainda ficará acima dos 10% e considerando novos cortes durante o ano, a taxa Selic média para os próximos 12 meses ficará acima de 9%. Diante disso, para um prazo mais curto de até 1 ano, acredito que ainda vale a pena investir em papéis pós-fixados, em especial a LCA, LCI e fundos de infraestrutura atrelados ao CDI e que são aplicações isentas de imposto de renda para a pessoa física.”

 

Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital

“Com o movimento de queda da taxa Selic, o investidor está precisando fazer conta para alocar seu capital. Era óbvia a decisão de alocar em renda fixa atrelado aos juros correntes quando a Selic estava nos patamares de 13 – 14%, tendo assim rendimento, segurança e liquidez no mesmo ativo. Mas a renda fixa não para aí, inclusive, a renda fixa mais rentável no longo prazo na verdade são os títulos indexados à inflação quando comparamos CDI, IRFM (títulos de renda fixa prefixados do tesouro) e IMAB (títulos de renda fixa indexados à inflação do tesouro), e esse continua sendo nossa predileção no caso da renda fixa olhando o longo prazo, mesmo com uma inflação comportada, isso devido a marcação à mercado.”

“O tesouro prefixado para 2029 estava pagando aos investidores em março de 2023 taxas na casa dos 13,50% ao ano, hoje esse mesmo ativo está pagando ao investidor em torno de 10,60%, já o tesouro IPCA+ estava pagando em torno de 6% acima da inflação, e hoje na casa dos 5,60%, perceba que ambos pagam menos hoje do que em 2023, porém, em uma proporção diferente, as taxas dos ativos prefixados caíram 7%. Nos últimos 10 anos a taxa Selic foi na média algo como IPCA+3,5%, então comprar títulos a IPCA+5,5% nos parecem uma boa relação risco retorno.”

Canal AgroRevenda

 

Papo de Prateleira

 

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