4 de dezembro de 2023

Allianz Trade: El Niño pode elevar preços das commodities agrícolas

Em geral, os preços das commodities agrícolas permanecerão mais altos e mais voláteis, segundo estudo divulgado na última semana pelos economistas da Allianz Research, parte da Allianz Trade, líder mundial em seguro de crédito.

Segundo os especialistas, embora os preços de algumas commodities tenham começado a diminuir, é esperado que os preços das commodities agrícolas permaneçam mais elevados do que estavam em 2019, devido a fertilizantes caros, um dólar mais fraco e intensa especulação financeira no setor. “Esperamos que os preços do milho alcancem uma média de US$ 3,5 por bushel em 2024, os preços da soja atinjam US$ 12 por bushel, os preços do trigo atinjam US$ 5 por bushel, os preços do açúcar atinjam US$ 0,25 por libra, os preços do cacau atinjam US$ 4.200 por tonelada e os preços do café atinjam US$ 1,4 por libra”, explica Ano Kuhanathan, um dos autores da análise.

O estudo aponta que o fenômeno climático El Niño, que tem sido bastante intenso nos últimos meses (Figura 5), está previsto para continuar pelo menos até abril de 2024 (Figura 6). Isso pode ter um impacto significativo nos preços globais dos alimentos, afetando tanto o fornecimento quanto o custo de várias commodities essenciais.

Maiores colheitas no Brasil – O El Niño é tipicamente caracterizado por chuvas anormais e padrões de temperatura voláteis, afetando regiões agrícolas ao redor do mundo e causando flutuações na produção de culturas essenciais. A produção de óleo vegetal, especialmente de óleo de palma no Sudeste Asiático e de óleo de soja nos Estados Unidos, é esperada para diminuir, levando a possíveis aumentos de preços. A produção de açúcar em grandes produtores como Índia e Tailândia também é projetada para diminuir, e na África Ocidental, a redução das chuvas pode afetar a produção de cacau.

“No entanto, o impacto do El Niño não é totalmente negativo. No Brasil, por exemplo, o aumento das chuvas pode resultar em maiores colheitas de cereais essenciais (como milho e trigo) e soja, atenuando as quedas na produção de grãos em outras regiões”, aponta Kuhanathan.

Expectativas para 2024 – No geral, para o ano de 2024, os economistas da Allianz Trade esperam que os preços das commodities agrícolas diminuam ligeiramente e se estabilizem em níveis elevados. Em particular, os preços do milho, soja, açúcar e café devem se consolidar à medida que a produção se ajusta para cima devido aos preços elevados, e a demanda do consumidor permanece fraca devido à crise do custo de vida.

O Brasil tem projeções de ter melhores colheitas em 2024, graças ao aumento das chuvas. A Argentina, importante exportadora de produtos de soja, também prevê uma recuperação em suas colheitas. No entanto, espera-se que o trigo enfrente outro ano de déficit, e os preços do açúcar devem cair à medida que a produção se normaliza na Tailândia. O mercado de café provavelmente terá excedente em 2024/25, impulsionado pela recuperação da safra de arábica no Brasil e na Colômbia.

Desafios à vista – No entanto, apesar dessas previsões otimistas, os economistas lembram que o setor agrícola continua enfrentando desafios, como altos custos de insumos, escassez de mão de obra, preços mais altos de energia na Europa e demanda do consumidor mais fraca. A guerra em curso na Ucrânia também continua a afetar os mercados de trigo e a adicionar incertezas ao mercado global.

O fator dólar também desempenha um papel importante. Embora a correlação entre o dólar e os preços das commodities alimentares tenha se tornado positiva em 2022 (Figura 7), agora é negativa novamente, em linha com a dinâmica histórica. Como se espera que o dólar se enfraqueça em 2024, isso significa pressões ascendentes para os preços das commodities agrícolas.

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