Agronegócio precisa de engenharia para superar gargalos e avançar na inovação

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José Cláudio Nogueira Vieira, vice-presidente da SME

Com participação decisiva na economia brasileira — responsável por quase 25% do PIB nacional —, o agronegócio enfrenta desafios estruturais que vão muito além das porteiras. Questões como logística deficiente, custos elevados de energia, necessidade de inovação tecnológica e carência de mão de obra especializada exigem soluções técnicas cada vez mais complexas. Nesse cenário, a engenharia emerge como parceira estratégica para aumentar a eficiência, reduzir perdas e fortalecer a sustentabilidade do campo.

“Não existe agronegócio de ponta sem engenharia forte”, afirma José Cláudio Nogueira Vieira, vice-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME). Ele lembra que profissionais da área estão presentes em toda a cadeia produtiva, desde a armazenagem de grãos e irrigação de precisão até a logística e a gestão energética. Vieira chama atenção especial para o estado precário das estradas vicinais, essenciais ao escoamento da produção, principalmente em estados como Minas Gerais, líder na produção de café. “A falta de infraestrutura encarece o frete, eleva o preço final dos alimentos e reduz a competitividade do produtor”, alerta.

Além da infraestrutura, o setor energético é outro ponto crítico. O uso de biogás e energia solar em propriedades rurais já começa a mostrar resultados concretos na redução de custos e no aumento da autonomia dos produtores, fortalecendo a transição para uma matriz mais limpa e eficiente.

A agricultura de precisão é outro exemplo do protagonismo da engenharia no campo. Sensores, drones e softwares que monitoram variáveis como clima, solo e planta exigem profissionais capacitados para integrar tecnologias e transformar dados em produtividade. “O engenheiro é a ponte entre ciência, tecnologia e prática agrícola”, explica Vieira.

Contudo, a falta de profissionais qualificados ameaça esse avanço. Nos últimos anos, cursos de engenharia registraram queda na procura e altos índices de evasão, criando lacunas na formação em áreas essenciais como matemática e física. Essa deficiência, segundo Vieira, impacta diretamente a competitividade do agronegócio brasileiro.

Impacto além da porteira – O papel da engenharia vai além da produção agrícola e influencia diretamente o planejamento urbano de cidades impulsionadas pelo agro, que crescem rapidamente e demandam soluções em saneamento, mobilidade e habitação. Sem essa integração, o desenvolvimento pode se transformar em um desafio social.

Para Vieira, o recado é claro: “O futuro do agro depende de uma parceria sólida com a engenharia. Aproximar produtores e engenheiros garante eficiência, sustentabilidade e protagonismo global ao setor”, conclui.