Outra novidade anunciada no evento, pelo secretário estadual de Agricultura, Guilherme Piai, é a criação, em Campinas, do Centro de Solos e Fertilizantes do Estado de São Paulo, em parceria com a ANDA.
Na abertura do 11º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, realizado nesta terça-feira (27/08), no WTC Sheraton São Paulo, pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou em primeira mão que, nos próximos dias, terá início um programa de financiamento internacional para recuperação de pastagens degradadas, com juros mais favoráveis. “Isso contribuirá para a revitalização de aproximadamente quatro milhões de hectares por ano, com calagem, fostato e cloreto de potássio”, frisou, salientando a importância do setor de fertilizantes para o êxito dessa iniciativa.
Fávaro lembrou que, no âmbito da meta de recuperar 40 milhões de hectares de pastagens, já haviam sido disponibilizados, no presente Plano Safra e no anterior, R$ 2 bilhões, com juros de 7% ao ano, dois anos de carência e 10 para amortização. “Produziremos mais nessas áreas hoje degradadas e preservaremos as florestas. Isso será importante para garantir o acesso dos nossos produtos do agro aos maiores mercados do mundo e para manter a sustentabilidade no campo”, frisou.
O ministro também anunciou que, visando contribuir para aumentar a produção nacional de fertilizantes e reduzir a dependência externa, hoje em torno de 85% do consumo interno, havia sido alterada, na segunda-feira (26/08), a Resolução 15 de 2018 do Conselho Nacional de Políticas Energéticas, que trata das diretrizes para comercialização e distribuição de petróleo e gás. “Agora, empresas públicas do setor terão gradativamente mais volumes disponíveis para fornecer à produção de nitrogenados. Porém, o preço do milhão de partes por milhão (PPM) de gás não ultrapassará a nove dólares, viabilizando a produção.
Fávaro lembrou, ainda, que, no Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert), esses insumos foram classificados como “produto de segurança nacional”, dada sua alta relevância. Observou, ainda, que o licenciamento Ambiental de biofertilizantes passará a ser feito diretamente no Ministério da Agricultura e Pecuária, de modo mais rápido. Objetivo de todas as iniciativas é dinamizar o Plano Nacional de Fertilizantes, visando ao paulatino aumento da fabricação nacional.
Programa Calcário São Paulo – Representando o governador Tarcísio de Freitas, que estava mobilizado em compromissos referentes às emergências dos incêndios no interior paulista, o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai (foto à direita), anunciou o lançamento do Programa Calcário, incluindo a implantação do Centro de Solos e Fertilizantes do Estado de São Paulo, em Campinas. Esta instituição terá a parceria da ANDA. “O setor de fertilizantes é essencial para o Brasil, contribuindo para que tenhamos produtividade cada vez maior”, afirmou.
Piai também anunciou que será encaminhado projeto de lei à Assembleia Legislativa para a valorização das carreiras da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, com ênfase nos órgãos relacionados à pesquisa e desenvolvimento. “É prioritário estimular o avanço de P&D no setor rural”, ressaltou.
O secretário também fez um balanço dos incêndios que atingiram o interior paulista. Foram contabilizadas até agora 5.200 propriedades agrícolas afetadas. Cinco pessoas haviam sido presas, até a manhã desta terça-feira, como suspeitas de provocarem o crime. O maior prejuízo até o momento foi do setor sucroalcooleiro, com R$ 400 milhões. O Governo de São Paulo instalou gabinete de crise, liberou R$ 100 milhões, em condições muito favoráveis de juros e pagamento, para os produtores iniciarem a recuperação dos danos e prejuízos. Haverá, ainda, financiamento especial para os que tiveram as habitações destruídas pelo fogo. Piai agradeceu o apoio que está sendo oferecido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária.
Homenagem a Roberto Rodrigues – O 11º Congresso Brasileiro de Fertilizantes foi aberto por Eduardo de Souza Monteiro, presidente do Conselho de Administração da ANDA, que destacou a importância do setor na cadeia de valor do agronegócio. “A adoção das melhores práticas e produtos para nutrição de plantas é um fator-chave dos ganhos expressivos de produtividade que temos observado. A expansão da agricultura brasileira tem mostrado que é possível produzir mais, melhor e com menos impactos ao meio ambiente. Falando em sustentabilidade, cabe enfatizar que somos a economia que mais utiliza energia limpa e renovável, e a agricultura cumpre um papel cada vez mais relevante nesse segmento também”, salientou.
O presidente da ANDA enfatizou que os produtores brasileiros são reconhecidos pelo uso correto e eficaz dos fertilizantes. Isso se transforma em relevante fator de produtividade e, portanto, de melhor aproveitamento da terra, possibilitando produzir mais em áreas proporcionalmente menores, com ganhos em termos de preservação. “Respeito ao meio ambiente é marca registrada de nosso agro! Não só neste aspecto, como em toda a gestão da produção e dos negócios, o setor demonstra por que é protagonista global e tão eficaz no cultivo de alimentos e commodities”, disse Monteiro, indicando, também, a importância do cooperativismo, no qual o agro é o setor líder no País. São mais de mil e cem cooperativas, congregando cerca de um milhão de produtores rurais e empregando aproximadamente 224 mil pessoas.
“A responsabilidade ecológica e social é inerente aos princípios da ANDA e à preocupação constante do setor de fertilizantes e de toda a cadeia produtiva do agronegócio com o meio ambiente, a agenda do clima, a transição energética, a segurança alimentar e a inclusão econômica. Por tudo isso, o agro merece todo o reconhecimento e apoio do poder público e da sociedade. Esta é uma forte mensagem do nosso congresso”, afirmou.
Na sequência, Monteiro prestou homenagem da entidade e do setor de fertilizantes ao ministro Roberto Rodrigues (foto ao lado), entregando-lhe um retrato em óleo pintado pelo renomado Luís Miele. “Esta é uma obra de um artista retratando outro grande artista, Roberto Rodrigues, que sempre fez a diferença na vida pública e profissional. Ele ama verdadeiramente o Brasil e o solo abençoado de nossa pátria”, observou o presidente da ANDA.
Roberto Rodrigues, agradecendo a homenagem, apontou que os organismos multilaterais internacionais, por falta de lideranças, perderam o protagonismo para estabelecer regras e diretrizes para tornar o mundo mais harmonioso. “A pandemia mostrou a realidade de que há quatro fantasmas do apocalipse a serem vencidos: falta de segurança alimentar; carência de segurança energética; mudanças climáticas; e desigualdade social. O agronegócio é que eliminará esses problemas, em especial no âmbito do cinturão tropical do planeta, onde há terra e tecnologia para produzir”, ressaltou o homenageado.
“O Brasil desenvolveu a única tecnologia tropical sustentável e precisa liderar esse processo, a partir de uma estratégia articulada entre a União, governos estaduais e iniciativa privada, incluindo seguro rural, logística, transporte e inovação. Ao fazer isso, nosso país será protagonista da paz universal, contribuindo para vencer os quatro fantasmas”, afirmou Roberto Rodrigues, indicando que o setor de fertilizantes é fundamental, lembrando como esses nutrientes tornaram o serrado brasileiro produtivo. “O agronegócio representa a transformação que garante democracia, paz e tranquilidade”, ponderou.
Também foram sorteados, dentre os cerca de 800 participantes do evento, 30 exemplares da biografia “Roberto Rodrigues, o Semeador — Quem planta colhe!” (Editora Disruptalks), de autoria do jornalista e escritor Ricardo Viveiros, também presente. A obra aborda toda a trajetória do ministro e sua imensa contribuição para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro. Após a cerimônia de abertura do congresso, o autor autografou os livros para os ganhadores do sorteio.
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