Profissionais atuam na conscientização, prevenção e diagnóstico clínico e laboratorial da raiva, mas é importante lembrar que também precisam se proteger contra a doença, que pode ser transmitida ao ser humano1
Recentemente, casos de animais diagnosticados com raiva acenderam o alerta em diversas regiões no Brasil para a vacinação antirrábica, até junho deste ano, mais de 170 animais positivaram para o vírus da raiva, dentre eles dois cães, quatro gatos, 63 bovinos, 15 equinos e 74 morcegos.2 Nos últimos meses, cinco casos de morte por raiva humana, em Minas Gerais e Distrito Federal, chamaram atenção para o debate sobre esta doença cujo índice de letalidade em humanos é próximo a 100%.1Apesar de ter acometido mais animais que comumente estão no campo, os animais considerados domésticos, como cães e gatos, também estão sob risco e ficam suscetíveis aos ataques por animais infectados, e assim, podem ser transmissores aos humanos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 99% dos casos de raiva humana no mundo ocorrem por transmissão canina.1,3
Na área urbana, os morcegos também têm um papel importante na disseminação da doença, uma vez que a urbanização e desmatamento aumentaram o contato entre esses animais e os seres humanos.4 Nos últimos anos, houve uma mudança no perfil epidemiológico da doença no Brasil, tornando os morcegos hematófagos e não hematófagos também responsáveis pela manutenção da circulação do vírus rábico.5 Nesse cenário, o médico veterinário, profissional presente tanto na cidade, quanto no campo é agente importante no controle dessa zoonose. O veterinário atua no diagnóstico clínico e laboratorial, na vacinação antirrábica aos animais, centros de vigilância e zoonoses além de ter conhecimento para conscientizar a população. No entanto, esse profissional é muito exposto aos perigos da doença, dessa forma é recomendado que faça o esquema de vacinação pré-exposição contra a raiva humana.1 “As taxas de vacinação contra raiva em animais no Brasil caem ano após ano aumenta significativamente o risco para os humanos, especialmente aqueles que vivem no meio rural ou trabalham em contato direto com animais.”, afirma Dr. Nélio Batista, Presidente da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária (CFMV).
Importância da vacinação animal e humana
A vacinação para o controle da doença em animais, apenas cães e gatos podem ser vacinados com a vacina antirrábica, é de extrema importância para ajudar na interrupção da transmissão do vírus. Além da vacinação animal, é recomendada a imunização de forma preventiva para o grupo de indivíduos com com risco permanente de exposição ao vírus da raiva, durante atividades ocupacionais, como é o caso dos médicos veterinários, zootecnistas, biólogos, estudantes de veterinária e áreas relacionadas. Pessoas com risco de exposição em áreas endêmicas ou epidêmicas para risco de transmissão da raiva, principalmente canina, devem ser avaliadas individualmente, podendo receber a profilaxia pré-exposição, dependendo do risco a que estarão expostas.1 A vacina para a raiva humana é gratuita, disponibilizado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). por meio do serviço público de saúde. Recentemente, alguns municípios do país, como Belém, Fortaleza e Salvador, têm realizado esforços na vacinação antirrábica de cães e gatos e, também, na vacinação dos profissionais do grupo de risco para a doença por meio da aplicação do protocolo de pré-exposição.
Referências
- Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde – 5ª edição. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes-svs/vigilancia/guia-de-vigilancia-em-saude_5ed_21nov21_isbn5.pdf/view
- Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS. Casos de Raiva Animal por Região Administrativa e Unidades Federadas. Brasil, 2022* Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/r/raiva/imagens/arquivos-2022/tabela-6_2022.pdf
- World Health Organization. Rabies. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/rabies#tab=tab_1. Acesso em: 27/05/2022.
- Veronesi R, Focaccia V. Tratado de Infectologia. 5ª ed. São Paulo: Atheneu; 2015.