15 de abril de 2021

Produto pet sofre com preço de commodities

A pandemia do coronavírus influenciou negativamente a indústria de produtos para animais de estimação. Um dos principais motivos é a alta do preço de matérias-primas. Para as companhias que produzem pet food, por exemplo, a alta foi de mais de 100% em ingredientes básicos como farinhas de carne e de vísceras, soja, trigo e óleo de frango. Já itens como arroz e milho tiveram aumento de 91% e 65%. Dessa forma, apesar do faturamento de R$ 27 bilhões, crescimento de 21,2% em relação a 2019, o balanço geral é de que o segmento industrial tem sofrido prejuízos, mesmo levando em conta a produção de outros itens como medicamentos e acessórios para animais de estimação.

Um dos motivos é a representatividade do pet food na cadeia de valor do setor. O alimento completo industrializado (pet food) representa 75% da receita (R$ 20,3 bilhões); produtos veterinários (pet vet), 17% (R$ 4,7 bilhões) e produtos de higiene e bem-estar animal (pet care), 8% ou R$ 2,02 bilhões. Os dados não levam em conta as movimentações de serviços gerais, serviços veterinários, venda de animais.

Isoladamente, o faturamento de pet food cresceu 24% entre as indústrias do setor. Mas defasagem é de cerca de 29% em relação aos gastos da indústria, de acordo com a Abinpet. Ou seja, o saldo para os fabricantes de alimento é negativo, mesmo com o aumento de 11% na produção. Foram 3,15 milhões de toneladas de alimento para animais de estimação produzidas em 2020. Em 2019, o número foi de 2,85 milhões de toneladas, crescimento de 3,8% em relação ao ano anterior. Pet vet cresceu 18% em faturamento e pet care, 9,5%.

Apesar dos gargalos, um dos elementos que mantiveram a demanda alta foi o fato de que o setor foi declarado como essencial durante a pandemia. Por conta disso, as indústrias seguiram funcionando, observando protocolos sanitários. Nas ruas, os pet shops permaneceram abertos, ofertando à população itens de primeira necessidade como pet food e artigos de higiene para animais de estimação.

“Os custos de produção aumentaram muito – comenta o presidente-executivo da Abinpet, José Edson Galvão de França – e isso reforça o descompasso na relação de faturamento com custo. A disparidade afeta o preço do produto para o consumidor final, pois os ingredientes listados acima correspondem a 90% do custo total das matérias primas que compõem o pet food”. Para a Abinpet, o aumento das matérias-primas causa insegurança ao setor, que é obrigado a repassar pelo menos parte dos custos aos consumidores. Em um período de crise sanitária acompanhada pela crise econômica, preocupa a indústria o impacto dos custos para as famílias.

Outro gargalo foi a ameaça de falta de embalagens para a produção de produtos para animais de estimação. A falta de insumos afetou todos os setores da indústria em 2020, e o setor pet não ficou de fora. Por isso, o histórico de aumento no faturamento não reflete, necessariamente, crescimento real do setor. A variação alia-se à mudança de hábitos de compra do consumidor, que migra de uma linha premium para uma básica, configurando assim a desaceleração do setor pet em função do cenário econômico atual. “Fica claro que existe uma estagnação no segmento pet food, sem ganho real de crescimento em faturamento”, diz Galvão de França. Soma-se a isso a alta carga tributária que corresponde a 51,2% (para pet food, produto mais procurado, é 54,2% sob o valor total), fazendo com que o crescimento real do setor seja baixo ou mantenha a indústria estagnada.

Mercado internacional – Os envios brasileiros para o exterior chegaram a US$ 310 milhões. Pet food foi responsável por 94% de todo o valor exportado pelo setor, de acordo com o Ministério da Economia. Pet care foi responsável por 3,73%. Produtos veterinários representaram 0,16% das exportações, e a comercialização de animais vivos, 1,83%. O crescimento foi de 5,2% em relação às exportações de 2019. As importações brasileiras chegaram a 9,3 milhões em 2020, alta de 7,1% em relação ao ano anterior.
Sobre a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação – A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) representa uma indústria que congrega os segmentos pet food (alimento e ingredientes), pet vet (medicamentos veterinários) e pet care (equipamentos, acessórios e produtos para higiene e beleza). A entidade fortalece o setor por meio de ações que contribuem para o desenvolvimento de seus associados. Também atua para aumentar a percepção de que os benefícios da relação entre seres humanos e animais de estimação se estendem a toda a sociedade. Além disso, é cada vez maior a participação desse setor na economia nacional e, por isso, é parte relevante do agronegócio: cerca de 73,9% do faturamento é proveniente dos produtos para nutrição animal, cuja composição é 95% agropecuária, com ingredientes como milho, soja, arroz, trigo e carnes de aves, bovinos e peixes.

Todos os produtos da indústria de alimentos e medicamentos veterinários são fiscalizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), na Secretaria de Defesa Agropecuária (DIPOA e Vigiagro). A Associação é referência técnica para o setor e publica há dez anos o Manual Pet Food Brasil, adotado pelas principais fabricantes de alimento como guia de boas práticas. O Manual contém informações sobre os padrões técnicos e de qualidade de matérias-primas, parâmetros nutricionais, metodologias analíticas aplicáveis e condições ideais de produção para garantir alimentos seguros aos mercados nacional e internacional. Sua atualização ocorre a cada dois anos, considerando o desenvolvimento do setor.

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