27 de julho de 2019

Workshop & Bate Papo APCS – Produzir suínos é transformar grãos em carne

Sexta edição do tradicional evento da suinocultura brasileira discutiu as regras sustentáveis para o segmento e sediou uma jornada inédita do Fórum Paulista do Agronegócio (FPA).

Atenção total com a sustentabilidade do negócio e a qualidade da carne e dos processos da cadeia produtiva. Estes são os dois principais desafios da produção de carne suína no Brasil, eleitos durante os debates realizados nesta sexta-feira, dia 26, em Campinas (SP), na sexta edição do ‘Workshop & Bate Papo’ promovido pela Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS) e Consórcio Suíno Paulista (CSP), com apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).

O evento reuniu mais de cem participantes no Hotel Premium, entre gerentes, encarregados e proprietários de granjas filiadas à associação e ao consórcio, representantes da ABCS e profissionais de empresas ligadas ao setor. E ainda sediou pela primeira vez, como entidade, uma jornada do Fórum Paulista do Agronegócio (FPA), iniciativa criada neste ano e que envolve 38 entidades, trabalhando atualmente na apresentação e aprovação de 73 projetos de lei, que tratam basicamente de embalagens, rotulagem e bem estar animal. O estado de São Paulo possui o maior PIB (Produto Interno Bruto) do Agro Brasil, com 20% do total, e é líder nas exportações do agronegócio e na produção de itens como cana-de-açúcar, frutas, café, amendoim, entre outros.

Ainda prestigiaram o workshop Roberto Betancourt (Diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP) e Ariovaldo Zani, respectivamente presidente e vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações); Ariel Antonio Mendes, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA); Francisco Jardim, ex-superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e ex-secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo; José Ovídio Sebastiani, presidente da Associação dos Estabelecimentos com SISP e Aderidos ao SISBI/POA (ASSESISP), e Gustavo Melo Reis, do Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Micro Empresa (Sebrae).

O Workshop & Bate Papo contou com três palestras ao longo do dia. A primeira apresentação foi do Médico Veterinário e Consultor Stefan Rohr, que tratou das “Boas Práticas de Fabricação”. Ele detalhou todos os procedimentos que devem marcar a atividade de uma fábrica que fornece ração para a própria granja. A legislação que normatiza o funcionamento da unidade, as questões trabalhistas e ambientais, limpeza, cuidado com os equipamentos, atenção aos resíduos e à contaminação, manutenção de um rigoroso controle integrado de pragas e adoção de padrões de rastreabilidade. “Temos que buscar informação o tempo todo. Com o nutricionista da granja e nos trabalhos técnicos, como as cartilhas da ABCS. O grande beneficiado, depois que tomarmos todos os cuidados, é o suíno. Afinal, a ração foi idealizada e feita para ele. E é ele o vetor do negócio”, resumiu Stefan Rohr.

Na sequência, Iuri Machado, Presidente da Comissão Nacional de Aves e Suínos da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA), tratou da “Gestão na Suinocultura com foco na sustentabilidade, uso racional de recursos, biosseguridade e eficiência de produção e de custos”. Ele destacou os princípios econômicos, sanitários e ambientais que marcam a elaboração da cartilha ‘Novos caminhos na Suinocultura’, da ABCS. Abordou a questão do milho, grão fundamental na alimentação dos animais, sanidade das propriedades e legislação. “Penso que o milho vai ter um mercado estável neste ano, mas com momentos de volatilidade. Logo, o suinocultor precisa ficar de olho no custo de produção”, alertou. Ao analisar a questão de biosseguridade interna e externa, fez uma advertência. “O problema não é se uma doença vai entrar em nosso país e sim quando e o que fazer quando ela entrar. O criador tem que perguntar a si mesmo se a granja dele já tem tudo, mesmo. Precisamos trabalhar com status sanitário, investir mais em transporte melhor, fazer checagem ininterruptamente, ter controle de pragas. Controle de tudo. Definir protocolos, orientar, auditar e intervir”, reforçou.

Por fim, Iuri tratou de dejetos, destinação, compostagem, incineração e biodigestores. “Dejeto não é problema, é um insumo primordial para várias atividades. Que se transforma em energia e fertilizante. E podem ser utilizados em várias culturas agrícolas. Por isso, a granja deve pedir a ajuda de um engenheiro agrônomo”, aconselhou. E ainda orientou que o Brasil precisa ficar atento ao mercado internacional. “Realmente, a China vai demandar um volume gigantesco de carne suína, mas o mercado é dinâmico. A Rússia está se tornando auto-suficiente, a Argentina já começou a exportar. E temos que investir no mercado interno porque há brechas de consumo, principalmente porque a carne bovina vai se tornar cada vez mais um produto caro”, concluiu.

Logo após este momento, a APCS entregou um prêmio ao produtor Juarez Morgan, que foi o primeiro a fazer a inscrição para participar da sexta edição do evento. “Temos aqui presentes 25 empresas ligadas ao segmento e 24 granjas de São Paulo. O que só reforça o peso que nossa cadeia produtiva tem no agronegócio do Estado e do Brasil”, afirmou Valdomiro Ferreira Junior, presidente da APCS.

O fim da manhã foi marcado pelo debate dentro da apresentação da Frente Parlamentar do Agronegócio Paulista (SPAGRO), capitaneada pelos deputados Itamar Borges e Fernando Cury, respectivamente presidente e vice-presidente da Frente, que foi criada em abril e hoje conta com setenta dos 94 deputados estaduais. A mesa redonda especial ainda reuniu Sérgio Murilo, representando o deputado federal Arnaldo Jardim; Ariel Antonio Mendes, como Coordenador do Fórum; o coordenador da Defesa Agropecuária de São Paulo, Eduardo Soares de Camargo, e o representante da superintendência paulista do MAPA, Danilo Tadashi.

“Estamos atuando na proteção e manutenção da segurança sanitária e produtiva do segmento no estado. Estamos ao lado da APCS, numa sintonia total de agendas. Vamos seguir lutando pela imagem de nosso segmento. Pelas causas que são caras ao Agro, como controle dos javalis, transporte de animais vivos, respeito à produção sustentável, investimentos em estrutura e logística. Contem com a gente ao lado de vocês”, exaltou Itamar Borges. “Estamos ao lado do Agro de São Paulo. Vivemos um ótimo momento, de sinergia total com a Secretaria de Agricultura e o Governo do Estado. Queremos conhecer as demandas e ansiedades das entidades como a APCS”, afirmou Fernando Cury. “Quero parabenizar toda a equipe da associação paulista. Vocês estão fazendo um grande trabalho para a suinocultura paulista. Um evento de altíssimo nível”, elogiou Sergio Murilo.

Encerrando a cerimônia da Frente Parlamentar, o presidente da APCS ressaltou que ainda é preciso alcançar um patamar de boa comercialização da carne suína. E cuidar meticulosamente da sanidade das granjas. “Corremos riscos e temos a obrigação de ficar vigilantes nas nossas propriedades. Estamos evoluindo e investindo com muitas dificuldades. Precisamos continuar lutando, negociando e contamos com o auxílio da FPA em São Paulo”, pregou Valdomiro Ferreira Junior.

À tarde, foi realizada a terceira palestra, de Charlie Ludtke, ex-Coordenadora do MAPA e atual Diretora Técnica da ABCS. Ela falou sobre a “Aplicabilidade das boas práticas e bem-estar na suinocultura, fomentada pelo MAPA”. Principalmente no quesito uso prudente e racional de antibióticos na produção. Até 2050, as doenças que mais vão matar humanos serão as infecções, por causa da perda de eficácia dos antibióticos, notadamente na Ásia e África. “Se fizermos nosso dever de casa direitinho, nossa carne vai continuar saudável e com boa penetração nos mercados do mundo inteiro. Promover protocolos específicos. Tenho? Onde quero chegar? Como está a nota da minha granja, o vestiário, banho do pessoal, etc.”, sugeriu.

Já sobre bem-estar animal, o principal desafio é a gaiola para gestantes, mas também há críticas e movimentação para superar manejos como corte de rabo, transporte e superlotação. Charlie Ludtke explicou as normas e as datas vigentes nos principais países produtores da Europa e América do Norte e os pontos fundamentais que constam da normativa que foi elaborada pelo MAPA para os suinocultores nacionais, que vêm aderindo espontaneamente às novas mudanças. “BEA significa pensar em todas as etapas da produção, não só na granja. Bem-estar é gradativo, passo a passo. Carcaça sadia, de qualidade, sem lesão, com carne macia, de boa cor é o que desejamos. É bom para todo mundo e todos devem fazer a sua parte. Não podemos fazer o trabalho de hoje com os métodos de ontem e sermos a suinocultura do amanhã”, acrescentou a diretora da ABCS.

Para encerrar o workshop, o público pode fazer perguntas para os três palestrantes do dia. Eles falaram sobre os ataques de javalis, a realização de eventos no Brasil diante do surto de Peste Suína Africana (PSA), a caça legal de animais selvagens, entre outros. “Ficamos sempre pensando e estudando maneiras de ajudar os empresários. Nossos recursos são públicos. Vêm das grandes empresas para ajudar as pequenas, com faturamento de até R$ 4 milhões. Chegamos a dar subsídios de até 70% para micro produtores. Procurem a gente. Foi uma aula estar aqui e sempre marcamos presença em outros eventos da suinocultura brasileira”, concluiu Gustavo Melo Reis, do Sebrae (SP). Os participantes ainda aproveitaram um almoço à base de carne suína e integraram uma reunião exclusiva sobre a comercialização e os preços da carne para a semana que vem. A próxima edição do Workshop & Bate Papo APCS – CSP vai ser realizada no dia 23 de agosto.

O Hotel Premium fica na Rua Novotel, 931, no Jardim Nova Aparecida, em Campinas (SP). E as inscrições dos interessados podem ser feitas pelo site www.apcs.com.br

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