4 de agosto de 2021

Raízen vale R$ 74 bi no maior IPO do ano

Etanol de segunda geração atraiu demanda de R$ 30 bi.

Distribuidora de combustíveis, de olho em refinarias, com uma listagem em bolsa com emissão exclusivamente de ações preferenciais, a Raízen conseguiu emplacar um IPO com tese ESG. A empresa controlada por Cosan e Shell fixou preço de R$ 7,40 por ação e garantiu R$ 6,9 bilhões para o caixa, com a oferta base e o lote suplementar. A Raízen não vendeu o lote adicional, disseram as fontes, e chega à bolsa avaliada em R$ 74 bilhões.

Mais do que o ESG, o que atraiu uma demanda de R$ 30 bilhões para o livro foi mais especificamente o E2G, o etanol de segunda geração. “A companhia é a única do mundo com capacidade para fazer isso em escala industrial. Produzir energia sem ter que substituir a produção de alimento, mas usando bagaço”, define um executivo. Além de bagaço, o E2G pode usar palha de cana, resíduos da produção do etanol de primeira geração.

Da demanda do IPO, 60% veio de investidores estrangeiros. É o maior IPO do ano no país e o primeiro do mundo de E2G. A companhia comparável usada pela Raízen e investidores foi a Neste, finlandesa que foi a primeira companhia a produzir combustíveis com fontes 100% renováveis.

Na oferta, um grupo relevante de fundos locais e internacionais já tinha garantido, de saída, pouco mais de um terço da operação. As brasileiras SPX e JGP e as estrangeiras Oaktree, voltada a investimentos em energia, além da escocesa Baillie Gifford e da americana GQG, dois fundos voltados para empresas com alto potencial de crescimento, ancoraram. Outros grandes estrangeiros, como o Adia, fundo soberano de Abu Dhabi, e Aberdeen, aderiram. A demanda do varejo também foi alta, de quase R$ 14 bilhões.

A Raízen tem nos planos uma mudança considerável de composição de negócios. Atualmente 83% do lucro bruto da divisão de renováveis vem do etanol de primeira geração e 17% de outras origens – como o etanol de segunda geração, cogeração e biogás. Em 10 anos, quer ter virado esse jogo, chegando a 54% no segundo grupo e ficando com 46% do lucro em etanol de primeira geração.

A Raízen mostrou aos investidores o cronograma com planos de evolução até 2031, quando quer passar de uma para 20 plantas de E2G e de 26 para 35 plantas de etanol de primeira geração.

A companhia chega à bolsa com um múltiplo de Ebitda em relação ao valor da companhia entre 8 e 9 vezes para 2022 e 6,5 vezes para 2023. Antes de apresentar seu plano renovável, a empresa vinha negociando aquisição de refinarias da Petrobras e recebeu críticas em relação à governança, por vender apenas preferenciais no IPO, mas isso não pesou na demanda final.

BTG Pactual, Citi, Bank of America, Credit Suisse, Bradesco BBI, J.P. Morgan, Santander, XP Investimentos, HSBC, Safra e Scotiabank coordenaram o IPO.
Este texto foi originalmente publicado pelo Pipeline, o site de negócios do Valor Econômico

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