26 de janeiro de 2016

Polinizadores respondem por 24% do déficit de produtividade agrícola

O processo de polinização, que tem como agentes as abelhas e outros insetos, é responsável por cerca de 24% do déficit de produtividade agrícola observado em pequenas propriedades rurais (até dois hectares). O dado foi apresentado em estudo do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), publicado na revista Science.

“O trabalho mostra o impacto positivo potencial na produção agrícola resultante do aumento de polinizadores nas culturas. Percebemos também que, em propriedades pequenas, a redução do déficit de polinizadores com aumento na produtividade pode ser alcançada apenas com o aumento da quantidade de polinizadores visitando as flores. Já nas grandes propriedades, além disso, é necessário ainda aumentar a diversidade de espécies de polinizadores nos cultivos”, explica o pesquisador Breno Freitas, responsável pelos dados da cultura do caju.

Durante cinco anos (entre 2010 e 2014), pesquisadores de 18 países monitoraram 334 propriedades pequenas e grandes de doze países da África, Ásia e América do Sul – incluindo o Brasil. Eles observaram o número de agentes polinizadores, a biodiversidade e o rendimento de 33 cultivos (maçã, pepino, caju, café, feijão, algodão e canola, entre outros).

Uma mesma dinâmica foi identificada em todas as nações que participaram do levantamento: o rendimento agrícola cresce de acordo com a densidade de polinizadores. Esse resultado mostrou que populações reduzidas de abelhas e outros insetos poderiam ser parcialmente responsáveis pela queda de produtividade.

“Uma das principais contribuições desse estudo é a constatação de que é possível conciliar agricultura com conservação da biodiversidade e ter como resultado o aumento da produtividade agrícola. Nessa relação os dois lados saem ganhando. O estudo também abre uma janela de oportunidade de mudança para o novo paradigma da sustentabilidade, por meio da intensificação ecológica da agricultura”, explica Blandina Viana, pesquisadora responsável pela cultura da maçã.

Os especialistas convergem para a valorização do conceito de intensificação ecológica, adotando medidas para promover a biodiversidade na agricultura e oferecer melhores condições aos polinizadores. Entre essas estão a implantação de “cercas vivas”, a redução do uso de pesticidas e a recuperação das matas nativas próximas aos cultivos.

Fatores associados à irrigação, nutrientes e técnicas de cultivo também foram listados no levantamento e respondem pelos demais 76% do déficit nas áreas monitoradas.

Agrolink
Autor: Leonardo Gottems

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