11 de abril de 2023

PIB do Agro deve crescer 3,8% esse ano, prevê Gustavo Loyola

O ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola, disse na 61ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina que a expectativa é de que o PIB brasileiro cresça este ano 1% e o do agronegócio, 3,8%.  “Um por cento não é muito, mas não é um índice de recessão. Vale dizer que muitos países do mundo estão em recessão este ano, então não é um dos piores”, afirmou Loyola.

Ele destacou que o Brasil precisa de políticas públicas para um maior crescimento. “E crescimento tem a ver com produtividade. É preciso investir em tudo que está relacionado à produtividade”, pontuou o ex-presidente do Banco Central.

Ele participou do Fórum do Agronegócio, promovido pela Ric TV e Sociedade Rural do Paraná (SRP) com outras lideranças empresariais, no Pavilhão Smart Agro da ExpoLondrina. O evento teve a mediação do jornalista José Luiz Tejon, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS).

Durante a palestra, Loyola destacou a empresários e lideranças rurais que o arcabouço fiscal do governo, embora não seja o ideal, talvez seja suficiente para permitir a queda dos juros da Taxa Selic ao longo do ano, atualmente em 13,75%, bem como a redução da inflação, que já deu sinais de queda, mas continua acima da meta. “O arcabouço é positivo no sentido de que evita uma explosão maior da dívida pública”, afirmou Loyola.

A uma plateia atenta, o ex-presidente do BC criticou a disputa travada pelo governo contra a condução da política monetária.  “O que não pode é essa briga do presidente (Lula) com o Banco Central. Essa pressão sobre o BC leva à ideia de que o banco vai deixar de ser independente, que a inflação pode subir, gerando incertezas desnecessárias”, avaliou.

Considerando o agronegócio como a “salvação da lavoura”, Loyola projeta que o setor vai crescer 3,8%, um crescimento maior do que o Brasil. “Isso vai depender da política de como o governo vai se relacionar com o Congresso e como vai se desenrolar a pauta da Reforma Tributária, entre outras ações”, afirmou.

Para ele, o mercado de commodities já se normalizou, apesar das incertezas em relação à Guerra da Ucrânia, mas num cenário básico os fluxos estão mais ou menos estabelecidos. “E, obviamente, como a gente sabe, no curto prazo o preço das commodities é muito determinado pelas condições de oferta, as quais estão relacionadas às questões climáticas. Acredito numa certa estabilidade em termos reais de preços, sujeitos, obviamente, a questões de flutuações de safra, estoques, que fazem parte da gestão do dia a dia do agronegócio”, complementou.

Oportunidades – Na visão de Loyola, a guerra no Leste Europeu trouxe oportunidades para o Brasil. “Somos um mercado emergente que sofre muito pouco com guerras, não temos grandes problemas ambientais, nem vizinhos agressivos. O Brasil é um país imune a essas questões. Por outro lado, temos um regime político estável, apesar de tudo aquilo que a gente critica nele, do que muitos países emergentes. Temos várias oportunidades de investimentos”.

Outro contexto internacional que favorece o país é a questão ambiental.  Segundo ele, o Brasil pode se constituir num grande player neste aspecto, pois tem ativos ambientais que podem ser rentabilizados.

“Temos que ver a preocupação socioambiental global não como uma ameaça ao Brasil, mas como uma oportunidade. Poucos países têm os ativos ambientais, condições de sequestrar carbono e de substituir matrizes energéticas de combustíveis fósseis como o Brasil tem. O que nos falta talvez, seja uma visão de políticas que alavanquem esses potenciais que nós temos”, declarou.

Sobre o cenário doméstico, Loyola disse que há incertezas sobre a pauta da política econômica. “Os primeiros 100 dias do governo Lula mostram alguns acertos e muitos retrocessos. Retrocessos às questões relacionadas ao marco regulatório do saneamento, por exemplo. Se fosse para dar uma nota para o governo até o momento, daria 5.”

Cadeias Produtivas – O segundo painel do Fórum do Agronegócio contou a presença do secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), José Roberto Ricken; coordenador técnico e econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Jefrey Kleine; presidente da Federação do Comércio e Industria do Paraná (Faciap), Fernando Moraes e o presidente da Sicredi Dexis, Wellington Ferreira.

Jefrey Kleine, da FAEP, destacou entre as demandas dos produtores as questões de logística e escoamento da safra no estado do Paraná. “Essa situação é conjuntural que afeta o lado estrutural. Tivemos muita chuva no início do ano que atrasou a colheita da soja. Isso gerou problema de armazenagem, além de que o escoamento que seria o canal de viabilização da safra vem enfrentando problemas logísticos por conta da deterioração nas estradas (rodovias BR-277 e BR-376) ”, disse Kleine, lembrando que o Porto Paranaguá funciona com fluidez desde que a carga chegue até lá.

“Esses transtornos são reflexos da demora em licitar o pedágio. De 2021 para cá, quando encerraram os contratos, houve uma deterioração das estradas. No nosso olhar, esse desbarrancamento que houve na BR-277, poderia ter sido evitado se tivesse alguma empresa fazendo o monitoramento nas rodovias”.

O presidente da Ocepar, José Roberto Ricken, abordou o crescimento do cooperativismo no Paraná, que em 2015, faturava R$ 50 bilhões. A Ocepar fez um plano para chegar a R$ 100 bilhões em cinco anos. Em 2020 ultrapassamos os R$ 115 bilhões; em 2021 chegamos a R$ 150 bilhões e em 2022, fechamos em R$ 187 bilhões. As projeções para este ano é que ultrapasse os R$ 200 bilhões”, disse.  Ele atribui os resultados à produção de grãos maior no estado e o surgimento de novas agroindústrias.

Segundo Ricken, as cooperativas do Paraná movimentam o equivalente a 64% do que se produz na agropecuária paranaense. “Isso é uma responsabilidade enorme. Metade disso tem valor agregado. Hoje, para os agricultores, se eles agregarem seus produtos, eles têm mais renda, por isso é interessante estar associado a uma cooperativa que tenha agroindústria”.

Sobre a questão dos problemas com o escoamento da safra, Ricken disse que o pedágio vem sendo discutido há dois anos com entidades. “As estradas ficaram sem manutenção adequada. Chegamos num ponto difícil de acessar o Porto Paranaguá”, lamenta Ricken.

O presidente da SRP, Marcelo El kadre, destacou a importância de eventos como o Fórum do Agronegócio dentro da ExpoLondrina. “Estamos trazendo informação, conhecimento, inovação ao mostrar o que as pessoas estão fazendo no país hoje”.

O secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigada, elencou os bons resultados das cadeias produtivas do Paraná, mas lembrou que a soja deste ano sofreu com as intempéries climáticas. “Mesmo assim teve um resultado exuberante, entregamos a maior safra da oleaginosa”, comentou.

O grande desafio, prosseguiu ele, é continuar fortalecendo as cadeias produtivas do Paraná para que continuemos a ser um grande produtor de alimentos.

O presidente da Faciap, Fernando Moraes, destacou o trabalho do G7, formado pelas principais entidades do setor produtivo do Estado. “Hoje com a união dos setores conseguimos ter mais voz frente aos governos estadual e federal.  E o agro é um setor forte e muito importante que conversa com todos os demais setores da economia”.

O presidente da Sicredi Dexis, Wellington Ferreira, falou sobre crédito rural e taxas de juros. Ele acredita que a redução da Selic poderá fazer com que mais agricultores recebam os recursos no próximo ano, fomentando ainda mais o setor.

Grupo Ric – O Grupo Ric criou o Hub de Agronegócio que atende todas as plataformas do grupo considerando a importância do agro para o País. “A ExpoLondrina é a principal feira e nós apostamos em trazer uma discussão de peso com grandes nomes sobre o futuro do agronegócio”, comentou a diretora Executiva do Grupo Ric em Londrina, Carla Rosa.

 

Crédito da fotografia: Fernando Cremonez

Canal AgroRevenda

 

Papo de Prateleira

 

Newsletter

Receba nossa newsletter semanalmente. Cadastre-se gratuitamente.