As colheitadeiras avançam nas lavouras de milho no norte do Paraná, e os produtores estão “colhendo” os efeitos de uma safra dominada por adversidades no clima.
O plantio do cereal foi atrasado, devido à colheita de soja, e seguido de um excesso de chuva. Passou por um período de seca e sofreu novamente com o excesso de chuva. Para coroar, boa parte das lavouras foi afetada por geadas.
O produtor do norte do Estado, cuja lavoura passou por todos esses efeitos climáticos, está com uma produtividade muito baixa. Não é o que ocorre nas demais regiões do Estado, principalmente no centro-oeste, onde o plantio ocorreu mais cedo e a quebra de safra é menor.
Ainda não é possível determinar a queda de produtividade nesta segunda safra de milho, chamada de safrinha, segundo Francisco Simioni, chefe do Deral (Departamento de Economia Rural) do Paraná.
O comportamento das lavouras foi diverso nas diferentes regiões produtoras do Estado, tanto na questão de quebra de volume como na de qualidade do produto, segundo ele.
Para eliminar a “dança dos números” que agita o mercado, o Deral divulgará na próxima semana uma estimativa “oficial e confiável” de safra, diz Simioni.
Uma coisa é certa, no entanto: a produção paranaense não deverá atingir os 11,4 milhões de toneladas projetados pelo Deral na segunda quinzena de junho. “Vai baixar um pouco”, diz ele.
As lavouras de milho deste período de inverno vivem duas realidades, segundo José Luiz Sossai, engenheiro-agrônomo da cooperativa Cocamar.
As lavouras com tecnologia e manejo adequado, apesar do clima adverso, rendem de 220 a 250 sacas por alqueire. Já o produtor que não se preocupou com o manejo adequado das lavouras e não fez investimentos em tecnologia colhe de 140 a 150 sacas por alqueire.
Mato Grosso, o líder nacional em produção de milho –a seguir vem o Paraná–, também sofre uma “dança dos números”, quando se trata de produção.
Prevista inicialmente em 26 milhões de toneladas, a safra já está estimada em 20 milhões, conforme o mais recente levantamento do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).
Mas a situação pode ser ainda pior, na avaliação de Daniel Latorraca, superintendente do Imea. Parte dos 30% da área que ainda falta para colher em Mato Grosso não receberá as máquinas, devido à qualidade ruim das lavouras.
Latorraca destaca a grande diferença entre as lavouras deste ano, que rendem uma média de 79 sacas por hectare, e as do ano passado, quando os produtores mato-grossenses obtiveram 106 sacas.
Parte da perda dos produtores que produziram menos neste ano é compensada pelos preços atuais do milho. Em plena safra, a saca se mantém próxima de R$ 39 para os produtores do Paraná. Melhor ainda para os que não tiveram perdas e vão se beneficiar desses preços elevados para o período do ano.
Fonte: Por Mauro Zafalon