29 de junho de 2022

ENCA 2022: cooperativas sabem o que perseguir

Encontro Nacional das Cooperativas Agropecuárias 2022 deixa claro todos os desafios que o segmento precisa vencer para avançar em 2030.

Profissionalização intensa, inclusão e treinamento das novas gerações, concorrência com outros canais de comercialização, transformação digital, mergulho nas comunidades, sustentabilidade e forte industrialização. Estes foram os objetivos máximos escolhidos pelas cooperativas agropecuárias brasileiras para seguir no caminho do faturamento crescente e avanço no mundo internacional dos negócios da lavoura e pecuária. O desafio nasceu no primeiro dia de debates do Encontro Nacional das Cooperativas Agropecuárias 2022, o ENCA 2022, organizado pelo Grupo Conecta em Campinas (SP), nesta terça-feira, dia 28 de junho. Que reuniu quase quinhentos presidentes, vice-presidentes e diretores de cooperativas agropecuárias brasileiras, além de profissionais de empresas de vários segmentos, pesquisadores, autoridades e especialistas do Brasil inteiro.

Eles debatem o futuro das cooperativas, commodities, agro 2030, relacionamento com o associado, transformação digital, e-commerce e marketplace. O evento foi aberto pela Diretora da MPrado Cooperativas e Grupo Conecta, Luciana Martins, que exaltou os gestores a pensarem em 2030 com seriedade e urgência, permanecer investindo para poder vencer os desafios impostos por outros canais de comercialização e engajar cada vez mais as novas gerações ao cooperativismo. “Somos mais de 1.100 cooperativas, que faturaram R$ 212 bilhões no ano passado e devem alcançar R$ 250 bilhões neste ano. São números que exigem atenção para os comandantes investirem em administrações ainda mais profissionais”, aconselhou.

Na sequência, o painel ‘Perspectivas do agronegócio brasileiro: o papel das cooperativas’ reuniu Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, Coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas e Embaixador Especial da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para as Cooperativas, e Helen Jacintho, Engenheira de Alimentos, Produtora Rural, Colunista de Agronegócios da Forbes e Diretora do De Olho no Material Escolar. “Precisamos investir no aumento da produção porque há consumo no mundo inteiro. Alimento é o artigo de maior necessidade no planeta. E fazer muitos acordos comerciais, com inúmeras nações”, receitou o ex-Ministro.

As tendências e os cenários do agronegócio brasileiro atual foram discutidos por José Marcos, Presidente da Cooperativa Minasul, e Maria de Lourdes Setten Fustaino, Diretora Latam FMC. “Temos orgulho do nosso pioneirismo no caso dos produtos biológicos e é por entendermos que a sustentabilidade é responsabilidade de todos”, cravou Maria de Lourdes. Já o CEO da Agrivalle, José Olvidio Bessa, tratou dos sistemas regenerativos como propulsores de uma nova agricultura. “Direcionamos nossos investimentos em fornecedores que se preocupam com a qualidade e recuperação dos solos. Não é só uma ação, como no caso dos produtos biológicos. Mas, sim, trabalhar a cadeia toda. Todos os elos precisam focar no tema porque o benefício é para todos. Não é à toa que temos, hoje, um banco com 800 cepas próprias”, reforçou. A manhã terminou com a apresentadora de televisão e comentarista de agronegócios Kellen Severo destrinchou o que é a gestão no Agro 4.0 e quais são os drivers mais revolucionários na integração de sistemas e na linguagem tecnológica no campo.

A tarde foi aberta com a sinalização para os novos segmentos que precisam ser privilegiados pelas cooperativas agropecuárias, com os experientes Fernando Degobbi, CEO da Coopercitrus, e Nei César Mânica, Presidente da Cotrijal. “Pensamos que a receita passa por cuidado e logística com as matérias primas e os fornecedores. Segmentação, relacionamento cada vez mais profundo com clientes, parceiros e cooperados. Atenção às novas gerações de profissionais. Industrializar ao máximo para crescer e agregar valor. Focar em alimentos, energia e serviços”, justificou Nei Mânica. “Temos que oferecer sempre mais ao cooperado. Em nosso caso, nos últimos anos, centramos nossa energia em novos negócios. Uma plataforma chamada ‘Campo Digital’, ao lado de 36 empresas tecnológicas. Uma corretora de seguros para garantir o patrimônio da cooperativa e dos cooperados. No ano passado, foram R$ 9,5 milhões de prêmios emitidos. Usinas fotovoltaicas para montagem nas propriedades rurais. E irrigação. Nesta área, faturamos R$ 130 milhões com vários projetos. E esperamos outros R$ 140 milhões em 2022”, revelou Degobbi.

Um olhar diferente sobre a mesma atividade levou o setor a também conversar sobre a importância de levar o conceito de cooperativismo para os próprios cooperados, na mediação de Carolini Berlanda, palestrante e especialista em agronegócio e cooperativismo, e que contou com gente ‘da pesada’. “Temos orgulho de dizer que hoje 27% do corpo de nossos cooperados são de mulheres. E elas nos ajudaram a refletir sobre o futuro e a montar nosso plano de negócios, que traz o nome de Rota 843. Oito bilhões de reais em faturamento. 4% de aumento nos negócios e 3% de alavancagem. Mas insistimos no pensamento de que cuidar do presente transforma o nosso futuro”, comentou Haroldo José Polizel, Superintendente Geral da Cooperativa Integrada. “Criamos cursos de pós-graduação para nossos funcionários, nas áreas de Gestão, Administração e Conselheiro. Além de uma estratégia também dirigida às mulheres. Sempre em nome de tornar nossos colegas cada vez mais competentes nas áreas em que atuam”, pontuou Marcos Antonio Trintinalha, Presidente da Cocari. Carlos Augusto, Presidente da Cooxupé, também enfatizou as estratégias internas, como a Comunicação. “97% dos nossos cooperados são micro ou pequenos produtores. Estreitamos o relacionamento com eles, incluindo a digitalização, detonada pela pandemia da Covid-19. E incentivando a educação e formação de novos líderes. Com educação ambiental nas escolas das cidades onde a cooperativa está presente e programas de visitas para todos os cooperados conhecerem as nossas instalações e os nossos regulamentos. Só vejo um caminho para levar o cooperativismo para cooperados, colaboradores e comunidades: a educação. Assim, produzimos cada vez melhor e competimos até com gigantes globais”, garantiu.

E a transformação digital? A expressão ‘causa’ onde é provocada. O painel do ENCA 2022 tratou do tema e deixou claro que a conversa é ousar, mas antes de tudo é preciso convencer. “Os produtores precisam entender como funcionam as novas tecnologias e como, efetivamente, trazem benefícios a eles. Sem falar na economia de diversos tipos de insumos e recursos”, reconheceu Lucas Putti, Coordenador Comercial da xarvio® Digital Farming Solutions, da BASF. Com o apoio de Marco Antonio Polizel Camilli, Gerente de Território de Vendas da BASF, e Fabricio Bueno Corrêa, Chefe do Departamento de Inovação e Tecnologia Agropecuária da COAMO. Já Shandrus de Carvalho, CEO da Holambra Cooperativa Agroindustrial, apontou que o caminho necessita de investimento, tempo, energia e envolvimento. “Transformação digital não é o mesmo que digitalização”, sacramentou.

O último painel do dia tinha como assunto o relacionamento com os associados das cooperativas, porém avançou bastante para as novas gerações, envolvimento com a comunidade e consumidores. “É imperativo incentivar os jovens. Quem vai comandar as cooperativas no futuro são eles. E eles estão engajados, mostram interesse nos clubes formados internamente. Nossa tarefa é incentivá-los. Assim como as mulheres”, bradou Marcos Farhat, Diretor Administrativo e de Governança Corporativa da Coplacana. Tratando da cooperativa ‘raiz’, o encontro mostrou a experiência relatada por Micheli Bresolin Jacoby, presidente da Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Itati, Terra de Areia e Três Forquilhas (Coomafitt), fundada em 2006. Que tem um trabalho com micro produtores de produtos como açúcar mascavo, morango, alface e batata doce. “É um trabalho difícil e prazeroso ao mesmo tempo. Sem falar no social, pois fornecemos alimentos para a merenda escolar de escolas do Rio Grande do Sul. E na conexão que fazemos questão de manter com os consumidores”, contou Micheli. Um panorama que consagra valores necessários para o futuro do cooperativismo. “Atrás de uma cooperativa tem os cooperados, as famílias e os amigos delas. Enfim, tem toda uma grande comunidade, que faz a força das cidades. Nosso diretor geral, Marcelino Bellardt, por exemplo, começou como ensacador na cooperativa” relatou Denilson Potratz, Presidente da Coopeavi. Guilherme Perroni, Gerente de Marketing Acesso da Syngenta, que tem um trabalho pioneiro de capacitação chamado ‘Aliança’, ao lado de quarenta cooperativas brasileiras, destacou a trilha moderna e compensadora que alimenta a tarefa de cooperativas e indústrias. “São palestras, cursos, treinamentos. Para lojistas, funcionários, técnicos. Queremos ajudar no aperfeiçoamento do trabalho dos colaboradores das cooperativas e incentivá-los. Continuaremos sendo parceiros, pois as cooperativas atuam com pilares que são muito caros ao trabalho de nossa empresa”, ratificou.

O ENCA 2022 segue nesta quarta-feira, dia 29, com mais palestras e painéis. Tratando de temas como mindset o segredo do sucesso, estudo de governança corporativa no agro, a importância das commodities no cenário atual,  resultados da intercooperação em Santa Catarina e Paraná, o futuro das cooperativas, a importância da adoção de novas tecnologias na agricultura, e-commerce e marketplace, bioinsumos na manutenção da fertilidade do solo, ciclagem eficiente de nutrientes antes da era dos fertilizantes e a nova geração de defensivos bio dirigidos que irão guiar o futuro da agricultura. Com profissionais como Gustavo Cobra, 

O evento é promovido pelo Grupo Conecta e tem o apoio de mídia da Plataforma AgroRevenda.

 

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