18 de dezembro de 2017

Distribuidores são peças fundamentais para o agronegócio brasileiro

Empresas precisam se profissionalizar para o novo momento do mercado

Por Mylene Abud

“Estamos navegando em águas turbulentas, mas de grandes oportunidades.” As palavras, do presidente diretor do conselho da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários – Andav, Salvino Camarotti, revelam otimismo frente ao momento de consolidação pelo qual passa atualmente o setor de agrodistribuição no Brasil.

Se, por um lado, os processos de fusões e aquisições estão modificando o cenário tradicional e exigindo maior profissionalização do mercado, por outro lado, podem significar um incentivo à melhoria da gestão das revendas e dos distribuidores do setor, trazendo, como consequência, mais eficiência e competitividade.

Para Camarotti, esse movimento de consolidação que está ocorrendo contribui para que os distribuidores sejam reconhecidos como um elo essencial para o setor. “O agronegócio  brasileiro depende, hoje, do setor de distribuição, dos serviços que os distribuidores prestam. E eles têm que se empoderar, apropriar-se desse protagonismo”, afirma. Confira, a seguir, a íntegra da entrevista.

AgroRevenda – Como o senhor vê o mercado atual para os agrodistribuidores? Quais são as principais competências exigidas?

Salvino Camarotti – Com essa revolução da consolidação que está havendo no mercado, os distribuidores precisam se preparar para não perderem o bonde da história. Quem estiver pronto, vai ter excelentes oportunidades de crescimento, vai ser protagonista dessa consolidação. Mas quem não tiver feito o dever de casa, provavelmente serão aquelas empresas que irão desaparecer. Ou vão ser absorvidas ou, simplesmente, deixarão de ser competitivas nesse mercado em consolidação.

AgroRevenda – Em agosto, a associação promoveu, na capital paulista, a sétima edição do Congresso Andav, que teve como mote “O distribuidor do amanhã – Liderança, Protagonismo e União”. Qual a importância desses assuntos para o setor?

Salvino Camarotti – O tema teve como objetivo chamar a atenção de todos os associados para a necessidade de profissionalização. Desde o primeiro Congresso Andav, estamos antecipando esses assuntos, essa necessidade de melhoria na gestão das empresas, com foco em sucessão, governança corporativa, balanço auditado, ou seja, todos os processos capazes de dar excelência à gestão das empresas porque, só assim, estas vão se perpetuar nesse turbilhão de movimentações que é a consolidação do setor.

AgroRevenda – O que levou a Andav a escolher esse tema?

Salvino Camarotti – A Andav vive em função do sucesso dos seus associados e esse tema é fundamental para que ele não só sobreviva nesse mercado turbulento, mas que consiga capturar as oportunidades que o mercado está oferecendo.

AgroRevenda – Fale um pouco sobre o processo de consolidação que está movimentando o mercado dos agrodistribuidores.

Salvino Camarotti – Esse processo já vem ocorrendo há uns três anos e está se intensificando. Acho que ainda não chegamos ao auge do processo, mas ainda vamos chegar. E as notícias que estão surgindo no mercado ainda são muito poucas em relação ao que há de vir.

As empresas estão em pleno processo, os players estão consultando, avaliando, vendo as oportunidades para comprar, fundir, para continuar nesse mercado. Estamos vivendo um momento de ebulição em que há muitos processos em andamento. A Andav, por exemplo, é muito procurada por fundos e empresas que buscam informações de mercado.

AgroRevenda – Como o senhor vê o futuro das agrorrevendas?

Salvino Camarotti – Vejo um futuro brilhante! Estamos navegando em águas turbulentas, mas de grandes oportunidades. Acredito que, com toda essa profissionalização que está acontecendo no nosso setor, finalmente estamos sendo reconhecidos como um elo muito importante para o desenvolvimento do agronegócio. O agricultor está percebendo isso, a indústria está percebendo isso e lucrando através das agrorrevendas, que representam o acesso aos clientes. Isso sem contar o papel preponderante que nós temos em assistência técnica, crédito, adaptação de tecnologias, prestação de serviços, que é um diferencial para o agricultor. E nós devemos estar prontos para ele porque, se estivermos agregando serviços e valor para o agricultor, o mercado vem junto. Buscamos, através dos nossos serviços, ser peças fundamentais no sistema de produção do agricultor. No momento em que conseguirmos isso, seremos o elo para que ele ganhe dinheiro e nos tornaremos indispensáveis para ele  e para toda a cadeia, incluindo a indústria e o próprio governo.

AgroRevenda – Como se dará a consolidação dessas empresas, em termos de gestão eficiente e de adequação ao mercado?

Salvino Camarotti – A consolidação necessita de uma maior eficiência de gestão e da utilização de recursos. Assim, a empresa vai se tornar mais competitiva. O capital é um insumo importante. A consolidação do mercado leva à melhoria da eficiência, isso é o que constatamos nas empresas que já iniciaram o processo. Tudo isso leva em si a uma redução de custos, a uma melhoria na qualidade dos serviços. O mercado é soberano, é quem dita as regras, e todos os players têm que se adaptar a ele. É preciso ser ágil para promover mudanças e se adequar às novas necessidades do mercado, que é mutante. Quem ficar parado, resistindo a esses processos de melhoria contínua dos seus negócios, certamente vai ficar para trás. E essa rapidez para efetuar mudanças é que vai dar adaptabilidade às novas necessidades de mercado.

AgroRevenda – Como os pequenos distribuidores podem se unir  sem perder as suas características?

Salvino Camarotti – Em primeiro lugar, os pequenos precisam se adaptar às necessidades de nichos específicos, porque cada um tem a sua eficiência em determinado negócio. Então, eles têm que  se aprimorar no que são bons. Depois, devem procurar alianças estratégicas para melhorar ainda mais essa competitividade.

AgroRevenda – Fale um pouco sobre as AgriRedes de Mato Grosso e de Goiás. Como surgiram e qual a participação da Andav no processo?

Salvino Camarotti – A ideia das AgriRedes é justamente o conceito de que a união faz a força, em que várias empresas com competências diversas se unem para se tornarem mais eficientes e terem os ganhos do processo de consolidação. A Andav visa profissionalizar cada vez mais os seus associados para levá-los a uma garantia de sucesso nos seus negócios. Com a consolidação do mercado, a Andav intensificou o processo de induzir a esta profissionalização do setor. Por isso, todos os nossos congressos, todas as nossas ações, levam à profissionalização das agrorrevendas. Nós apoiamos esse movimento das AgriRedes, de profissionalização e de união. Esta é uma solução para pequenas e médias empresas, porque as grandes já vão sobreviver, já estão se tornando, na verdade, multinacionais.

AgroRevenda – Como o sr. avalia o setor de insumos agrícolas e veterinários atualmente no Brasil?

Salvino Camarotti – É um setor de imensas oportunidades! Nunca antes o setor teve tantas oportunidades quanto está tendo agora. Mas, claro, essas oportunidades são associadas a um processo de mudanças e de profissionalização muito grande, e alguns podem não conseguir fazer esse processo. O agronegócio brasileiro depende, hoje, do setor de distribuição, dos serviços que os distribuidores prestam. E eles têm que se empoderar, apropriar-se desse protagonismo.

AgroRevenda – Qual a mensagem final que o senhor deixa para o setor?

Salvino Camarotti – Queria dizer que estou muito empolgado com esse momento. É um momento de incerteza, de dificuldades e de muito trabalho, mas também de muitas oportunidades. E o nosso setor de distribuição está dando o exemplo ao Brasil de como sair da crise. Melhor dizendo, eu acredito que nós, do setor do agro, nunca estivemos em crise.

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