16 de abril de 2018

Cooperativas agropecuárias perseguem mais profissionalismo

Encontro nacional consagra temas como sucessão, tecnologia e profissionalismo

Representantes de 74 cooperativas de diversos estados brasileiros, um grupo responsável por um faturamento de R$ 65,2 bilhões ao ano, estão participando, em São Paulo, do Encontro Nacional das Cooperativas Agropecuárias (ENCA), que prossegue até amanhã, no Hotel Transamérica. Em 2018, o ENCA trata de assuntos de grande importância para o segmento que representa 40% do faturamento no País: preservação das margens e rentabilidade, sustentabilidade, desafios em cada linha de negócios, performance em vendas no campo, inovação, gestão e intercooperação.

O encontro ocorre em um cenário instável, mas ainda bastante promissor para o agronegócio brasileiro. As exportações atingiram US$ 96 bilhões em 2017, um aumento de 13% na comparação com o ano anterior. Os dados são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ao destacar o superávit da balança comercial de US$ 81,8 bilhões, o segundo maior da história. As cooperativas presentes representam 79,5 mil funcionários, 775 lojas agropecuárias, 188 supermercados, 113 indústrias, 188 postos de combustíveis e 563 unidades de recebimento e armazenagem de grãos.

“As cooperativas precisam pensar em lucratividade, assim como qualquer empresa. Para isso, necessita perseguir diversidade de negócios, endividamento pequeno, liquidez, atividades regionais e complementares, agregação de valor”, afirmou Gilberto Fontana, gerente de controladoria da Cooperalfa, uma das doze maiores do país, que falou sobre a importância da preservação das margens e a rentabilidade das cooperativas. Os temas Gestão e Profissionalização ganharam força ao longo dos dois dias, quatorze palestras e duas mesas redondas do evento. Luciana Martins, diretora da MPrado Cooperativas, mostrou os resultados de uma pesquisa realizada com 50 cooperativas de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. O trabalho revelou que pelo menos metade delas não possui plano estratégico, não alcança rentabilidade superior a 5%, não elabora fluxo de caixa, não utiliza hedging, não faz controle do giro de estoque e não possui plano de implantação de processo sucessório. “As cooperativas precisam buscar profissionalização e eficiência em todos os negócios assumidos. Seja supermercado, posto de combustível, loja agropecuária. A informação precisa circular, a comunicação ser clara, manter olho vivo nos indicadores, cada linha de negócio precisa se auto sustentar. Ter em mente que a profissionalização e a busca da excelência são as melhores formas de alcançar resultados com maestria”, resumiu.

E é bom mesmo o setor “se coçar”, pois o mundo está crescendo, ainda tem várias regiões com população faminta, o consumo de alimentos precisa se elevar para dar de comer a mais três bilhões de pessoas que vão nascer até 2050. “O Brasil é competitivo e, melhor ainda, o único do mundo que pode aumentar a área plantada. Em pelo menos 70 milhões de hectares”, calculou Leonardo Sologuren, da Zeus Agrotech.

E as cooperativas são criativas e saíram na frente com uma estratégia diferente, que uniu Castrolanda, Frísia e Capal, do Paraná, que juntaram forças em torno de produtos comuns sob a marca Union. Carnes, leite e farinha de trigo. E mantiveram suas atividades originais intactas e independentes. “Tudo é possível mesmo não sendo fácil. Se outras cooperativas iniciarem intercooperações, poderemos chegar longe. Queremos entrar em queijos, leite em pó e vários tipos de negócios. E ocupar espaços que foram deixados pelos gigantes do setor”, explicou Adílson Roberto Fuga, Presidente Executivo da Capal. O comandante da Castrolanda, Frans Borg, exaltou os benefícios que a intercooperação promove a associados e cooperativas. “Qualidade na produção, mais renda ao cooperado, marcas próprias, atingir o varejo. Em oito anos, foram muitos os pontos positivos. Hoje, são três milhões de litros de leite processados e 3,2 mil suínos abatidos por dia, além de 115 mil toneladas de grãos moídos por ano e exportação para 25 países. É uma ideia bem distinta de uma cooperativa central. Intercooperação é uma série de conexões”, reforçou.

O evento também contou com uma feira de negócios, onde dezenas de empresas expuseram produtos como insumos, defensivos, adubação, sementes, implementos, dentre outros. A abertura foi feita pelo diretor da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Edvaldo Del Grande. Ele falou sobre a importância da atividade política e a necessidade da representação da sociedade. “Não podemos demonizar a Política. Precisamos participar, ajudar e contribuir de alguma maneira com o avanço do Brasil”, conclamou.

O ENCA é organizado pelo Grupo Conecta, com apoio da OCB e patrocínios da Basf, Bayer, Syngenta, MPrado, Datacoper, Veiling Holambra, Cooxupé, Copercampos, UPL, Sempre Sementes, Mapfre, Unium, Vittia, Reis Advogados, Coopervil, XP Investimentos, Aurora, CCAB e Ihara.

Fonte: Grupo Publique

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