Campo Limpo: logística reversa transforma a sustentabilidade no agronegócio

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Programa percorreu milhões de quilômetros em 2024 e destinou corretamente mais de 68 mil toneladas de embalagens, colocando o Brasil na liderança global do setor.

 

A produção agrícola brasileira vive um desafio constante: conciliar alta produtividade com práticas ambientalmente responsáveis. Nesse cenário, o Sistema Campo Limpo se consolidou como uma das iniciativas mais bem-sucedidas do mundo em logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas. Criado há mais de duas décadas, o programa é coordenado pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV) e se destaca por unir produtores rurais, canais de distribuição, indústria e poder público em uma grande rede colaborativa voltada à sustentabilidade.

Em 2024, o sistema percorreu 7,6 milhões de quilômetros com cerca de 18 mil caminhões em operação, garantindo que as embalagens utilizadas na produção agrícola tivessem o destino ambientalmente correto. Por meio de uma estratégia eficiente de transporte, conhecida como frete de retorno, os veículos que levam defensivos e insumos ao campo retornam às centrais de coleta carregados com as embalagens vazias, evitando viagens desnecessárias, reduzindo custos logísticos e diminuindo a emissão de gases de efeito estufa.

Impacto ambiental e econômico – A preocupação com o meio ambiente vai além da logística. Muitas unidades de recebimento espalhadas pelo país contam com captação de água da chuva, iluminação natural, painéis solares e sistemas de reaproveitamento de recursos, reforçando o compromisso do setor com práticas sustentáveis e de baixo impacto. O modelo demonstra como a economia circular pode ser aplicada de forma concreta no agronegócio, agregando valor e eficiência em toda a cadeia.

Com uma rede composta por mais de 400 unidades fixas de recebimento e mais de 4 mil ações itinerantes anuais, o Sistema Campo Limpo consegue chegar até regiões mais remotas do país, garantindo que produtores de diferentes perfis e tamanhos possam devolver suas embalagens de maneira segura e prática. O esforço coletivo gerou resultados expressivos em 2024: foram 68.589 toneladas de embalagens destinadas corretamente, um novo recorde para o programa. Desde sua criação, em 2002, mais de 800 mil toneladas já foram recolhidas e encaminhadas para reciclagem ou incineração ambientalmente adequada.

Economia circular e inovação no agronegócio – O destino final dessas embalagens mostra a força da economia circular no campo. Materiais reciclados são transformados em tubos, tampas, conduítes, novas embalagens e outros produtos plásticos, voltando ao ciclo produtivo e reduzindo a demanda por matérias-primas virgens. O processo fecha um ciclo sustentável e demonstra como resíduos agrícolas podem se tornar insumos valiosos para novas cadeias produtivas.

Para o diretor-presidente do inpEV, Marcelo Okamura, o sucesso do programa está diretamente ligado à atuação conjunta dos diferentes elos da cadeia agroindustrial. “A eficiência logística e os resultados alcançados só são possíveis graças ao comprometimento e à parceria entre agricultores, canais de distribuição, indústria e poder público. É um esforço coletivo que transforma um desafio ambiental em uma solução sustentável”, afirma.

Liderança global e referência em sustentabilidade – Hoje, o Brasil é referência mundial em logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas. O modelo do Sistema Campo Limpo tem sido estudado e replicado em outros países interessados em adotar práticas semelhantes. Além disso, a iniciativa contribui diretamente para que o país avance em suas metas ambientais e de redução de emissões, reforçando a imagem do agronegócio brasileiro como um setor cada vez mais inovador e responsável.

Mais do que uma operação logística, o Sistema Campo Limpo representa um movimento coletivo de responsabilidade compartilhada. Ao transformar resíduos potencialmente nocivos em novos produtos, o programa demonstra que é possível unir produtividade e sustentabilidade — e que a agricultura do futuro será cada vez mais eficiente, colaborativa e comprometida com a preservação ambiental.