24 de maio de 2024

Café brasileiro está pronto para atender regras da União Europeia

Especialistas afirmam que, no mercado do café, o país é o mais preparado para a norma.

Em termos de comercialização de café, o Brasil está preparado para atender às exigências do Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR, na sigla em inglês), que tem implementação prevista para o fim deste ano. Por sinal, especialistas enxergam o país em condição mais avançada até mesmo do que nações do Velho Continente.

A avaliação foi feita nesta quinta-feira (23/05), o último dia do 24ª Seminário Internacional do Café. Organizado pela Associação Comercial de Santos (ACS), o evento foi realizado no Blue Med Convention Center, na Ponta da Praia, em Santos.
A legislação da Europa acabou sendo o assunto principal do painel “Regulatório/Agenda Verde: O novo cenário do fluxo do comércio global de café em tempos de ESG”. O CEO do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Antônio Matos, mediou a conversa.

Durante as explanações, muito se falou a respeito de as normas previstas no EUDR ainda serem nebulosas por conta da falta de informações. Os painelistas, inclusive, disseram que existem diversas incertezas. No entanto, o consultor internacional da Cecafé, Michael Von Luehrte, assegurou que a legislação vai impactar todos os países produtores, sem exceção. “Mas, o preparo que o Brasil tem é maior que o dos europeus. Só posso parabenizar o setor. Vai dar tudo certo”.

A opinião foi ratificada pelo diretor nacional da Rainforest Alliance, Yuri Feres. Ele afirmou que a lei brasileira ajuda o país a se adaptar às exigências. “O Brasil, certamente, é o país melhor posicionado. De longe, é o melhor preparado. Temos uma legislação florestal que é uma das melhores do mundo, a mais restritiva (…) Estamos além da maioria. Não fosse a lei, não estaríamos tão preparados para qualquer coisa que venha”.

O diretor-executivo da Associação Britânica de Café, Paul Rooke, chegou a falar que o Brasil é privilegiado. “Vocês são um dos países mais bem colocados para atender aos requerimentos, embora tenham de fazer alguma adaptação. Vocês tomaram posições que os colocaram em condição de liderança”.

A secretária-geral da Federação Europeia do Café, Eileen Gordon Laity, declarou que o país está “na linha de frente, e isso pode trazer vantagens”. Ela também afirmou que o Brasil “lidera pelo exemplo”. Se a posição brasileira é positiva, o mesmo não se pode dizer de vários outros produtores. Feres ressaltou que há outras localidades que enfrentarão dificuldades com a lei europeia. “Teremos uma disrupção no mercado”.

Van Luehrte foi além, apontando continentes que preocupam. “O desafio é como países na África, Ásia e América Central vão se preparar para a legislação. A maioria não está preparada até hoje.” A EUDR impõe a proibição da importação, por parte da União Europeia, de produtos provenientes de áreas desmatadas após dezembro de 2020. Além do café, a norma afeta a comercialização de soja, cacau e madeira, entre outros.

Sustentabilidade e eficiência A preocupação com o meio ambiente seguiu em pauta, sendo um dos assuntos do painel “Inovação para navegar num futuro climático desafiador e IA (Inteligência Artificial) na agricultura”. A responsável pela mediação foi a CEO e cofundadora da Salva, Mariana Caetano. Em sua fala inicial, ela ressaltou que as mudanças climáticas extremas causam problemas. “A agricultura é vulnerável, mas temos mecanismos surgindo, para ajudar a mitigar e adaptar aos novos tempos”.

Um destes recursos já disponíveis foi citado pela diretora de cadeia alimentar e sustentabilidade da Yara International, Tizita Sileshi. A executiva citou que sua empresa desenvolveu uma plataforma, com dados e indicadores de sustentabilidade, de acordo com o que é exigido na cadeira de responsabilidade do café. O sistema traz indicadores de saúde do solo, que ajudam a criar melhorias, permitindo impulsionar mudanças e descarbonização dos sistemas de produção de alimentos.

“Não é uma plataforma só para a Yara. Existe um problema no setor e queremos fazer parte da solução. Devemos trabalhar juntos, aumentando a eficiência e tornando a cadeia de produção mais sustentável”, frisou. Esta não foi a única inovação mencionada. O líder de inovação na empresa John Deere, Leandro Carrion, citou outras ferramentas capazes de potencializar e otimizar todo o trabalho no cultivo e na produção.

“Lançamos a pulverizadora autônoma. Esta revolução é grande para o mercado de café, pois não tem exposição do operador no campo — ele controla a máquina à distância. Isso é otimização de mão de obra”, disse, destacando que existem mais ferramentas, que utilizam câmeras, sensores e inteligência artificial.

Apesar destes e de outros mecanismos que estão sendo desenvolvidos e colocados em ação, o vice-presidente da Divisão de Soluções para Agricultura da BASF no Brasil, Marcelo Batistela, disse que o setor tem um obstáculo a superar. “Integrar tecnologias é um desafio atual, que precisa ser trabalhado”.

Mesmo assim, o CEO da Syngenta Proteção de Cultivos, André Savino, que comandou o painel “Syngenta”, reforçou que o resultado do incremento da tecnologia será positivo para as operações dos produtores. “A digitalização é importante, porque ela assegura a eficiência em larga escala.”

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