14º Simpósio ASBRAM avisa que ‘o Carbono vem aí’!

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Evento organizado pela entidade que representa as indústrias do setor ratifica que fertilizantes nos pastos e uso de suplementos minerais garantem sustentabilidade da Pecuária e ganhos futuros com crédito de carbono

Quinhentos profissionais do Brasil inteiro ligados à cadeia produtiva de carne e leite que usam suplementação mineral. Dois dias de debates sobre pecuária sustentável, eficiência produtiva e créditos de carbono. E todos concordando que o ‘carbono vem aí’ porque o setor está no caminho certo, apostando em bons pastos e uso de suplementos minerais. A principal mensagem sugerida pelo 14º Simpósio Nacional da Indústria de Suplementos Minerais, organizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM), em Campinas (SP), no fim de setembro.

O tema central foi ‘Pecuária Sustentável – O caminho natural para a eficiência produtiva e créditos de carbono?’. A abertura coube a Fernando Penteado Cardoso Neto, presidente da Associação, em um momento reservado apenas aos integrantes da entidade.  Ele mostrou os dados da pesquisa realizada pela ASBRAM em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Levantamento que utiliza dados de estabelecimentos com Serviço de Inspeção Federal (SIF) para fornecer estatísticas de mercado e auxiliar na construção de índices de comparação com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1997, eram 13 empresas afiliadas e hoje chegam a 98, sendo 66 de suplementos minerais e 32 de matérias-primas. Representação de mais de 70% do total fornecido ao campo brasileiro. “São dados abundantes, diretos e corretos. Para ajudar a debater, propor e executar projetos que melhorem ainda mais os resultados da produção de carne e leite no país”, afirmou.

Na sequência, o engenheiro agrônomo Bruno Perez Benatti, da Mosaic fertilizantes, explicou que a atividade está no caminho da sustentabilidade, obtendo melhores índices zootécnicos e podendo obter, no futuro, até R$ 480 por hectare em crédito de carbono. Do planeta inteiro. “O setor otimiza o uso de recursos, aumenta a produtividade e reduz o impacto gerado por unidade produzida. E cada vez mais os criadores estão se conscientizando de que a adubação do pasto não substitui o suplemento. O carbono vem aí”, cravou.

Ele ainda destacou que a idade de abate dos bovinos caiu 30% nos últimos vinte anos, enquanto subiram a produtividade (78%), lotação (16%), qualidade da pastagem (28%) e carcaça (até 16%). “Ajudamos a limitar o aumento da temperatura global. A agropecuária é responsável por apenas 18% das emissões brasileiras de CO2. E tem capacidade para poupar 8 bilhões de toneladas do gás ao ano. O pasto bem manejado tem capacidade maior de sequestro de carbono do que as vegetações nativas de nossos biomas. Só precisamos investir em preparo, planejamento, monitoramento, certificação e fidelização das indústrias”, acrescentou.

O Cientista Econômico e professor da Fundação Getúlio Vargas Felippe Cauê Serigati fechou a manhã, mostrando os dados da venda de suplementos minerais nos oito meses de 2025. Houve uma queda de 17,8% em agosto, completando três meses seguidos de queda. Foram 229 mil toneladas negociadas, que completaram um volume total de 1,65 milhão de toneladas neste ano, 2,3% abaixo do mesmo período do ano passado. Com 67,6 milhões de cabeças suplementadas.

“Houve queda generalizada nos estados produtores e nas categorias de produtos. Exceto dos núcleos, que marcam dois anos de expansão ininterrupta. Mas é importante ressaltar que a produção de carne bovina segue em alta, assim como as exportações, o ciclo de alta e o mercado interno. Sendo que as vendas de suplementos neste ano competem com um período vigoroso do setor em 2024. Assim, podemos fechar o ano com um balanço que vai de 2,38 a 2,47 milhões de toneladas negociadas”, prognosticou.

A abertura oficial ocorreu no início da tarde, com Fernando Penteado e a fala de Eduardo Monteiro, vice-presidente da Mosaic no Brasil e Paraguai, e Presidente da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (ANDA). “A Mosaic produz no mundo 24 milhões de toneladas de minerais e 550 mil toneladas de fosfato bicálcico no Brasil. Além de uma linha de nutrição animal e dos biológicos. Acredito no Agro do Brasil, tenho orgulho de presidir a empresa no país, que é a meca do segmento”, arrematou.

O ex-Diretor da Embrapa em três oportunidades, Evaristo de Miranda, indagou depois: ‘A pecuária brasileira é sustentável?’. Ele provocou: “Quem no mundo é o maior exportador de carne bovina e aumenta os embarques em 26% em apenas um ano. Só o Brasil. É uma máquina exportadora e diversificada. Da carne ao vergalho de boi. E para mais de 150 países”, mostrou. No fim, Evaristo aconselhou que o agropecuarista brasileiro tenha em mente que a fazenda tem que dar lucro e os investimentos precisam andar no mesmo compasso da capacidade da área, do cofre do empresário rural, e com muita assistência técnica e acompanhamento”, disparou.

Depois, subiu ao palco Marcos Fava Neves, escritor, professor da Universidade de São Paulo e fundador da Consultoria Markestrat e da Harven Agribusiness School. “Podem confiar. O agro vai continuar avançando e o Brasil sendo ainda mais relevante. Vivemos um período de ‘carnificação’ do agro, rendendo margens bem mais interessantes. É uma fase de empoderamento. Só devemos ter cuidado com os problemas jurídicos, legislação em excesso e confusa, e os juros altos. E, o principal: nosso país precisa ter, afinal, uma estratégia”, concluiu. Citou a grandeza do segmento ao construir a fábrica de malte no Paraná, que vai permitir uma economia de R$ 800 milhões por ano de economia na importação da matéria-prima. Instalação erguida ao lado de duas cervejarias.

A última apresentação foi de Miguel Cavalcanti, CEO do BeefPoint e fundador do Agrotalento, que falou sobre o impacto da entrada da segunda e terceira gerações no negócio. “A nossa principal tarefa é liderar pessoas. Não é só técnica. É diversidade de ideias, inovação. Encontrar talentos humanos ou construí-los. Para termos um futuro concreto e vitorioso. Invente seu futuro. Seja transparente com as pessoas. Não esqueça do lado financeiro. Seu futuro pode e deve ser maior que seu passado. Não é questão de idade. São ações diárias. Seja modelo, ensine a pensar, desafie para crescer, cuide e se importe com os outros. Representa quem você é, sua história, sua marca. As pessoas querem fazer negócio com quem está vencendo”, indicou.

A noite chegou com a entrega do Prêmio Excelência ASBRAM a Mário Fonseca Paulino, um dos precursores da suplementação de bovinos em pastejo e o primeiro pesquisador a conduzir projetos de pesquisa nessa área desde o fim da década de 1970. Deu aulas por mais de 25 anos no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa. “Estou muito satisfeito por contribuir com a história da pecuária brasileira”, agradeceu. A noite terminou com um churrasco e um show de música.

O agrônomo Eduardo Penteado Cardoso, filho de Fernando Cardoso, fundador da Manah, abriu o segundo dia e contou a história secular da fazenda Mundo Novo, comprada em Brotas (SP), e dos caminhos empresariais da histórica empresa fundada pelo pai, o melhoramento genético iniciado com o gado Lengruber e a imagem de referência nacional como modelo na combinação tradição, genética, eficiência e respeito ao campo.

“O trabalho segue até hoje pensando em pecuária sustentável, progressista e rentável. Com a certeza de que seleção é muito mais descarte do que escolha.”, resumiu. No mesmo painel, o médico-veterinário Sérgio Soriano falou sobre a Fazenda Colorado, onde são produzidos o leite e o suco Xandô. Propriedade em Araras (SP), comprada no século passado por Lair Antônio de Souza, que conseguiu erguer uma empresa de alimentos referência mundial, que chega a produzir 120 mil litros de leite por dia, com 2.400 vacas em ordenha 24 horas por dia.

O espaço de sustentabilidade e créditos de carbono reuniu a zootecnista Renata Fernandes Theuer, executiva da Elanco Saúde Animal, o engenheiro agrônomo Gustavo Spadotti, Chefe-geral da Embrapa Territorial, e Luiz Fernando Laranja, fundador e CEO da Caaporã Agrosilvopastoril. “Mantemos 66% do território original intacto e provamos todo dia que o agro não desmata. Nossas batalhas são outras. Lutar para ‘tropicalizar’ alguns índices usados hoje por painéis internacionais do clima que se baseiam em ambientes diferentes da faixa central do planeta. Diminuir as emissões e ficar de olho no balanço de carbono. E o mais importante: sermos parceiros do produtor, porque o negócio que não der lucro jamais vai pensar em carbono. Será o inverso, vai ter que abrir áreas para produzir mais”, aconselhou Spadotti.

Uma visão semelhante à de Luiz Fernando. “Nosso grupo tem seis fazendas e maneja 20 mil hectares. Agora, a média de eficiência da pecuária brasileira é baixa. Nossa fazenda trata de desmatamento zero, novas tecnologias, intensificação da produção e integração lavoura pecuária e floresta. Tudo para termos a oportunidade de conseguir créditos de carbono no futuro. Por isso não paramos. Carbono no solo e florestal, aditivos na dieta para menos metano, remineralizadores do solo, biochar, biodigestor, etc.”, emendou “. A Renata concordou. “A necessidade é mensurar. Ainda é um desafio para o campo. Existem pecuaristas que não sabem quantos animais têm na fazenda”, brincou.

“Seguimos construindo uma história clara de incentivar o uso correto da suplementação junto com o pasto. O mais moderno com a sustentabilidade. Um futuro de produzir o alimento dentro de um meio ambiente tratado com muito carinho e informação. Nosso Simpósio chega para debatermos essas ideias novamente, com ainda mais contundência”, argumentou Elizabeth Chagas, vice-presidente executiva da ASBRAM.

“Damos continuidade ao projeto da associação de promover o desenvolvimento sustentável do negócio, por meio de informações que contribuam para o desenvolvimento das indústrias do setor e do agro brasileiro. Momento de debater inovações em sustentabilidade, nos pilares econômico, social e ambiental. Os benefícios que o consumo de carne e leite trazem para a saúde das pessoas, além de um panorama econômico do Brasil e do mundo”, agradeceu o presidente da ASBRAM, Fernando Penteado.

O 14º Simpósio Nacional da Indústria de Suplementos Minerais teve patrocínio especial da Mosaic. Patrocínio da Yara, Multitécnica, Bauminas Agro, OCP Brasil e CMOC. Além de apoio da AB Vista, Carbotex, FeedPro, Tortuga dsm-firmenich, Vaccinar Nutrição Animal, Elanco, Biomart, Brasóxidos, Fiabesa, Connan, Incasa e Phosphea. E amigos como Suplemento Mineral Comigo, Alltech, Guabi, Campo, Trouw Nutrition, Canda, Fermavi, Matsuda, CATA, Phibro, Agrifirm, Cargill, De Heus e Premix.