11 de fevereiro de 2022

Colheita inicia com média baixa no PR. Área de sementes produz bem

As primeiras colheitas de soja em São Jorge do Ivaí e Floraí, municípios que são tradicionais produtores de grãos da região de Maringá, confirmam os efeitos de um ciclo que foi marcado por estiagens e altas temperaturas, entre outros problemas. Passando pelas duas cidades na quinta-feira (10/02), o Rally Cocamar de Produtividade observou a situação das lavouras e conversou com produtores e técnicos.

Em São Jorge do Ivaí, de solo argiloso e onde a média histórica de produtividade é de 140 sacas por alqueire (57,8/hectare), a estimativa da unidade local da Cocamar não deve passar de 51 sacas/alqueire (21/hectare). “É difícil, ainda, fazer uma avaliação, pois a colheita está só começando”, afirmou o engenheiro agrônomo Juliano Fadoni. Onde as máquinas já estão em atividade, a média é ainda mais baixa, entre 20 e 30 sacas por alqueire (8,2 a 12,3/hectare).

A exemplo do que aconteceu durante o inverno, com a safra de milho, várias têm sido as adversidades neste período de verão. Além do severo déficit hídrico, com calor intenso, houve chuvas de granizo na fase inicial da lavoura que, no município, ocasionaram a ressemeadura em 60% das áreas.

Conforme relatou Fadoni, no mês de dezembro não ocorreram precipitações e, em janeiro, elas foram registradas só no dia 28. Para complicar ainda mais, de 23 a 26 de janeiro as temperaturas ficaram acima de 40ºC, o que prejudicou ainda mais as plantas. “Este é um ano para ser esquecido”, disse o produtor Moacir Fala, ressaltando que as lavouras, de um modo geral, “estão ruins”.

Na vizinha Floraí, o produtor Paulo Cezar Falavigna, cuja família já conquistou vários prêmios de produtividade, projeta uma média entre 50 e 60 sacas por alqueire (20,6 a 24,8/hectare), bem abaixo das 146 sacas/alqueire (60,3/hectare) do ciclo anterior. As colheitadeiras iniciaram a operação no dia 10/2, coincidindo com a visita do Rally. “Ninguém poderia imaginar que passaríamos por isso”, comentou Falavigna, lembrando que no mês de outubro, época de plantio, as chuvas totalizaram 490 milímetros, um recorde.

As primeiras colheitas em Floraí sinalizam para médias muito baixas. “Pode ser que os números finais nem cheguem a 45 sacas por alqueire [19/hectare]”, frisou a gerente da unidade local da Cocamar, Christiane Longo. “As máquinas trabalham, mas está demorando para encher um caminhão”, acrescentou, mencionando que as médias no município – de solo misto – variam entre 130 e 140 sacas por alqueire (53,7 a 57,8/hectare).

“Além da pouca produtividade deste ano, a qualidade dos grãos é ruim”, disse a gerente, lembrando que a colheita está atrasada e deve engrenar só entre os dias 15 e 20. Por causa da chuva de granizo, em outubro, houve necessidade de refazer a semeadura em 40% das lavouras do município.

Números – De acordo com a área técnica da Cocamar, considerando todas as regiões atendidas pela cooperativa (Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul), a colheita ainda não chegou a 10% e a média de produtividade até agora é de 714 quilos por hectare (11,9 sacas), o correspondente a 28,8 sacas por alqueire. O número é muito inferior à expectativa inicial de 3.200 quilos por hectare.

Campos de sementes

Já nos dez mil hectares de campos de sementes que a Cocamar mantém na região norte do Paraná, a expectativa é de uma safra normal. A boa situação das lavouras foi constatada na terça-feira (02/02) durante visita do Rally Cocamar de Produtividade ao município de Nova Fátima, vizinho a São Sebastião da Amoreira, onde a cooperativa possui desde 2018 a sua Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS).

A informação vem num momento em que a produção de sementes de soja no Sul do país deve ser bastante prejudicada pelo déficit hídrico que, nos últimos meses, tem prejudicado o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além do Paraná. Um problema a mais para os agricultores, que já enfrentam escassez de vários insumos, em função da pandemia, e também forte elevação de custos.

Segundo o gerente da UBS, engenheiro agrônomo Diogo Amaral, o quadro é de normalidade de produção nos campos conduzidos pela cooperativa. Desse total, 70% das sementes são produzidas por cooperados e 30% por parceiros. “Vamos ter quantidade suficiente para atender a demanda dos nossos cooperados, que podem ficar tranquilos”, disse.

Entre os cooperados, a família Gulhão, em Nova Fátima, é a principal produtora de sementes para a cooperativa, com uma área de 410 alqueires (992,2 hectares). Segundo Paulo, que trabalha ao lado do pai e dos irmãos Renato e Leandro, a previsão é manter a média dos últimos anos, entre 150 e 160 sacas por alqueire (62 a 66/hectare). “Nós trabalhamos sempre pensando em produtividade e nunca deixamos de fazer seguro”, afirma Paulo, mencionando que são utilizadas as melhores tecnologias, investindo-se na correção do solo mediante análise periódica, nutrição de raízes e folhas e aplicação de fungicidas nos momentos certos. A produção de sementes representa um ganho adicional de 10% em média para os agricultores.

Ainda em Nova Fátima, o Rally visitou o cooperado Luiz Vanderlei Galonetti, que cultiva 242 hectares, mas não é produtor de sementes. A exemplo dos Gulhão, sua estimativa é de uma produtividade dentro da média dos últimos anos. Luiz afirmou, no entanto, que ainda é preciso chover mais um pouco para consolidar a safra. “As chuvas deste ano ficaram abaixo da média histórica, mas felizmente não faltou umidade”, citou o produtor, torcendo para que o tempo continue favorável. Como no inverno ele cultiva trigo, a cultura de verão é beneficiada pela palhada e, de acordo com o agrônomo Thiago Janning, da unidade local da Cocamar, essa cobertura retém umidade por mais tempo, beneficiando o desenvolvimento das plantas.

Sobre o Rally – O Rally Cocamar de Produtividade, em sua sétima edição consecutiva, conta com o patrocínio das seguintes empresas: Basf, Fairfax do Brasil – Seguros Corporativos, Fertilizantes Viridian, Zacarias Chevrolet e Sicredi União PR/SP (principais), Cocamar Máquinas, Lubrificantes Texaco, Estratégia Ambiental e Irrigação Cocamar (institucionais), com apoio da Aprosoja/PR, Cesb e Unicampo.

 

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