11 de setembro de 2024

Cafés contam histórias: a importância de empreender com sensibilidade

O café é muito mais que uma bebida. Ele é um catalisador de sentimentos, um conector de pessoas e um guardião de memórias. A cada xícara servida, uma história é contada, um momento é celebrado e uma conexão é estabelecida. E, cada vez mais, os produtores precisam compreender que a jornada do café, desde o plantio, deve ser permeada com cuidado, considerando uma busca incessante por excelência.

A pandemia da Covid-19 trouxe mudanças significativas para a indústria do café. Com o distanciamento social e a necessidade de permanecer em casa, a bebida se tornou um refúgio e uma companhia. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Axxus Institute, além do apoio da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), 72% das pessoas que passaram a consumir na pandemia afirmam que o café as ajudou nos momentos mais desafiadores.

O curioso é que, mesmo após o período de isolamento, esse comportamento continuou expressivo no Brasil. Se antes o café já era popular no país, hoje em dia, o protagonismo ultrapassa as paredes das cafeterias – é o conforto silencioso nos hospitais, a energia para a produtividade nos escritórios e o momento de reunir pessoas para uma conversa despretensiosa. Portanto, da escolha das sementes até o processo de torra, os cafeicultores e baristas precisam adaptar as estratégias para vender não só uma bebida, mas uma experiência.

Agora, a visão empreendedora no setor vai além do comércio. Ela reconhece que cada xícara servida tem valor afetivo e agregará nas memórias de quem as consome. Por isso, a qualidade de um rótulo de café precisa ser um reflexo direto das sensações que o produto desperta.

Uma dica valiosa para aplicar essas estratégias é traduzir a sensibilidade em valores organizacionais. A transparência de marcas e fazendas que sabem comunicar respeito com o meio ambiente, sustentabilidade de produtos e a seletividade dos grãos durante a colheita, especialmente em lotes artesanais, já pode ser o suficiente para despertar o interesse e a satisfação dos consumidores de maneira única.

Quanto aos negócios, a ideia de que um produto deve ser vendido massivamente já está ultrapassada, e na agricultura não é diferente. Somente a qualidade não basta, pois a abordagem autêntica e o impacto social também são necessários para reter os consumidores atuais, cada vez mais informados, atentos e exigentes. Por isso, à medida que o consumo da bebida cresce e ganha novos significados, os cafeicultores devem estar preparados para ir além da produção em grandes quantias e abraçar a individualidade.

O café é a única bebida que transcende gerações. Então, os produtores precisam visualizar esse momento como a oportunidade de oferecer uma marca que conte uma história, convidando os clientes para uma jornada completa, que ultrapassa o consumo e o prazer instantâneo. Essa magia é o que torna o café muito mais do que um grão.

Bruna Malta, produtora de café e fundadora do Olinto Café.

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