5 de janeiro de 2024

Brasil deve se reafirmar como grande exportador de commodities

A produção e a exportação de commodities deve seguir aumentando no próximo ano. Nesse cenário, o Brasil seguirá como um grande exportador de commodities em 2024, segundo a coordenadora do curso de pós-graduação em Negócios Internacionais e Comércio Exterior da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Sabrina Della Santa Navarrete (foto abaixo).

A demanda mundial por alimentos deve continuar crescendo uma vez que as projeções populacionais apontam que a população mundial deve atingir 10 bilhões de pessoas em 2050. Logo, além das commodities, a indústria de alimentos do Brasil pode exportar uma grande variedade de produtos processados e produtos de valor agregado, aproveitando a reputação que o país tem de grande produtor agrícola.

“A preocupação crescente do Brasil com a sustentabilidade ambiental e a responsabilidade social também demonstra aos stakeholders, cada vez mais preocupados com questões ambientais e sociais, que o Brasil tem adotado práticas agrícolas mais sustentáveis e que as empresas brasileiras têm incluído a agenda ESG em suas estratégias de negócio buscando mitigar riscos e criar valor no longo prazo”, afirma Sabrina.

Devido a suas diversas vantagens competitivas – clima favorável, diversidade geográfica, capacidade de produção em larga e grande extensão das terras cultiváveis – o Brasil tem sido, historicamente, um grande exportador de commodities, o que o coloca em uma posição favorável no mercado internacional.

Um ponto importante destacado pela especialista é que o Brasil tem grande potencial de liderar o mercado de carbono mundial, uma vez que possui ampla cobertura de recursos naturais, e uma das maiores áreas de florestas tropicais do mundo, a Amazônia.

“Além disso, o país tem grande potencial em energias renováveis, tendo assinado acordos internacionais significativos quanto a essa agenda, como o Acordo de Paris, tendo se comprometido a ampliar a redução de emissões em 50% até 2030 e alcançar emissões líquidas neutras até 2050. Esse compromisso com a sustentabilidade, somado à adoção da agenda ESG, pode colocar o Brasil na dianteira do mercado verde, e assim, mostrar para seus parceiros comerciais e para os investidores que estamos alinhados com a Agenda 2030, fortalecendo o desenvolvimento comercial do Brasil no mercado externo, ao mesmo tempo que fomenta parcerias e reforça as relações internacionais”, acrescenta.

Na esteira da tecnologia e inovação, o setor de infraestrutura e construção pode ser impulsionado por parcerias público-privadas, bem como a indústria automotiva e aeronáutica, e a demanda por mobilidade pode apresentar crescimento principalmente no que se refere aos veículos elétricos.

“Setores ligados à tecnologia e inovação e a demanda global por soluções que empreguem inteligência artificial e tecnologias limpas devem seguir aumentando, do mesmo modo, a demanda por sustentabilidade e energias renováveis, como solar e eólica, capazes de reduzir o uso de combustíveis fósseis”, acrescenta a professora universitária.

Cenário de exportações – Segundo a docente, o Brasil desempenha um papel significativo no comércio internacional. Como uma das maiores economias do mundo, o país tem uma presença relevante em várias áreas comerciais, atuando principalmente na exportação de commodities como soja, minério de ferro, açúcar, carne bovina e café – além de buscar a diversificação da pauta exportadora, expandindo para setores como a indústria automobilística, aeronáutica, produtos químicos e tecnologia.

Entre as parcerias comerciais, o destaque vai para China como principal parceiro comercial do Brasil, seguido dos Estados Unidos, Argentina, Holanda e México. Além disso, o país possui acordos comerciais com várias nações e blocos econômicos, como o Mercosul, o que amplia as oportunidades comerciais, aumenta a competitividade e acesso aos mercados internacionais, atrai investimentos estrangeiros, fortalece a economia e as relações diplomáticas, consolidando a posição brasileira frente aos parceiros comerciais mundiais, e contribuindo para o desenvolvimento econômico do país.

Entre os 10 produtos mais exportados pelo Brasil em 2023, segundo as estatísticas do ComexStat, estão:

 

Descrição NCM2023 – Valor FOB (US)
  • Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura
$51.233.503.003
  • Óleos brutos de petróleo
$38.844.739.059
  • Minérios de ferro e seus concentrados, exceto as piritas de ferro ustuladas (cinzas de piritas), não aglomerados
$24.112.615.248
  • Milho em grão, exceto para semeadura
$12.124.887.247
  • Outros açúcares de cana
$11.528.128.887
  • Bagaços e outros resíduos sólidos, da extração do óleo de soja
$7.827.536.889
  • Carnes desossadas de bovino, congeladas
$7.641.257.640
  • Óleos combustíveis de petróleo
$7.158.916.896
  • Café não torrado, não descafeinado, em grão
$6.538.053.689
  • Pastas químicas de madeira, à soda ou ao sulfato, exceto pastas para dissolução, semibranqueadas ou branqueadas, de não coníferas
$6.368.944.764

Fonte: Comex Stat (acessado em 08/12/23)

Quero exportar. E agora? Segundo a professora da FECAP, a primeira dica para o empresário que quer exportar é se capacitar. O governo brasileiro oferece programas de capacitação a exportação excelentes, como o PEIEX e o EXPORTA SP.

O PEIEX é o Programa de Qualificação para Exportação oferecido pela Apex-Brasil, que prepara as empresas para que possam iniciar o processo de exportação de seus produtos e serviços de forma planejada.

O mesmo ocorre com o Programa Paulista de Capacitação para Exportações, chamado EXPORTA SP, da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, a INVEST SP. No programa, além das aulas com especialistas em comércio internacional os empresários de micro, pequenas e médias empresas ainda tem a possibilidade de participar de mentorias individuais para criar o plano de exportação. O Sebrae também possui diversas iniciativas gratuitas para ajudar a fomentar a exportação.

“Para as empresas que já exportam e querem expandir sua presença no mercado externo, a dica é entrar em contato com a Associação Comercial que representa o setor e verificar a agenda de projetos setoriais da Apex-Brasil. Os projetos setoriais visam a promoção da indústria brasileira no mercado internacional por meio de serviços de promoção comercial, como por exemplo, o fomento à participação em feiras internacionais, rodadas de negócio e missões de promoção comercial”, finaliza Sabrina.

 

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