Líderes cooperativistas querem ampliar as alianças estratégicas

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O Fórum dos Presidentes das Cooperativas do Paraná teve continuidade na manhã desta quarta-feira (13/07), na sede do Sistema Ocepar, em Curitiba. Na sequência da programação, o evento teve palestra com o coordenador da FGV-Agro, Roberto Rodrigues, que abordou “A importância das alianças estratégicas no cooperativismo”. Depois, houve debate sobre o tema entre dirigentes cooperativistas dos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e representantes do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). O Fórum teve início na noite de terça-feira (12/07), durante solenidade de abertura da Digital Agro 2022, realizada pela Cooperativa Frísia, no Centro de Exposição Positivo, no Parque Barigui, na capital paranaense.

Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e ex-presidente da ACI (Aliança Cooperativa Internacional), observou que a pandemia gerou um processo de rupturas, que acelerou o desmanche das cadeias produtivas e tornou evidente a falta de lideranças políticas globais, criando um cenário de ebulição e insegurança. “Isso gera ondas de transformações conceituais e práticas, com consequências para as demandas de consumo. Com acesso a mecanismos tecnológicos de informação, consumidores passam a fazer novas exigências, com ênfase às questões de sustentabilidade, e surgem novos hábitos alimentares, que afetam o sistema de produção. As rupturas têm sempre características duais, trazem oportunidades e riscos”, afirmou.

Princípios – Rodrigues ressaltou que o cooperativismo tem valores e princípios universais e que seu modelo de negócios pode se adaptar em qualquer país do mundo. “Ao promover a equidade, o acesso igualitário de oportunidades, o desenvolvimento social e econômico, o cooperativismo é a democracia na mais pura acepção da palavra”, frisou. “Mais do que nunca, alianças estratégias são fundamentais e temos que somar forças e selar parcerias. Mas um ponto deve ser garantido: a intercooperação precisa cumprir o objetivo essencial do cooperativismo, que é atender ao cooperado”, disse.

Para o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, os desafios e mudanças globais, que se tornaram mais evidentes com a pandemia, trazem também oportunidades ao cooperativismo. “O modelo de negócios cooperativo é voltado ao desenvolvimento econômico e social, e é construído a partir de princípios e valores que colocam o setor como uma alternativa ao que a sociedade está buscando. Ao longo de sua história, o cooperativismo demonstra resiliência e capacidade de mitigar os efeitos das crises, agregando pessoas por meio da organização, mesmo nos momentos mais difíceis”, afirmou. “Nossa grande diferença está baseada na confiança e isso traz energia aos negócios. Precisamos deixar de lado vaidades e juntar forças, trabalhando para ampliar as alianças estratégicas no setor”, frisou.

Alianças – O debate sobre alianças estratégicas reuniu os presidentes do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, e dos Sistemas Ocepar, José Roberto Ricken, Ocergs (Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul), Darci Hartmann, OCB/MS (Organização das Cooperativas do Mato Grosso do Sul), Celso Regis, e o superintendente da Ocesc (Organização das Cooperativas de Santa Catarina), Neivo Luiz Panho, que representou o presidente da entidade, Luiz Suzin. Também participou das discussões a superintendente da OCB, Tânia Zanella.

O presidente do Sistema Ocepar agradeceu a participação dos estados no debate e reafirmou o compromisso de alianças estratégicas, a começar pela parceria entre Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. “Precisamos estabelecer uma pauta de atuação conjunta, priorizando as alianças, buscando convergências e soluções conjuntas, e evitando conflitos. O foco deve ser o respeito à intercooperação, o desenvolvimento e agregação de valor aos cooperados, evitando prática de preços acima ou abaixo do mercado, estimulando operações conjuntas no mercado internacional, bem como fazendo campanhas de marketing em parceria. Vamos incentivar a construção de planos de desenvolvimento, realizando acordos práticos que otimizem o que cada organização tem de melhor”, concluiu Ricken.

O presidente do Sistema Ocergs fez uma explanação sobre iniciativas de intercooperação no Rio Grande do Sul. O dirigente defendeu a ampliação das iniciativas das entidades que promovam alianças estratégicas entre cooperativas. “Com planejamento, podemos construir novas parcerias. O cooperativismo da região sul e do Mato Grosso do Sul é homogêneo e, respeitando as peculiaridades de cada estado, temos condições de avançar numa agenda de integração, com uma visão muito clara, buscando somar e participar de projetos de desenvolvimento na região e no Brasil”, afirmou Darci Hartmann.

Para o presidente da OCB/MS, a intercooperação, que é um princípio do cooperativismo, deve ser incentivado de forma contínua. Na opinião do dirigente, a parceria entre as quatro entidades de representação estadual (Ocepar, Ocesc, OCB/MS e Ocergs) é uma demonstração da viabilidade dos projetos de alianças estratégicas. “Considero muito importante esse debate, trazendo exemplos bem-sucedidos de intercooperação, alinhando também as expectativas e ações entre as entidades estaduais”, afirmou Celso Regis.

Na visão do superintendente da Ocesc, a intercooperação não é um tema simples e tem sido, há décadas, um desafio para o cooperativismo brasileiro. O dirigente observou que as cooperativas catarinenses têm tradição em buscar parcerias, com bons exemplos de centrais cooperativas que, por meio de uma ação conjunta, agregaram valor à produção dos cooperados, reduziram custos e ampliaram o potencial de investimentos agroindustriais. “Temos afinidades culturais e disposição para o trabalho cooperativo. É preciso aproveitar sinergias e avançar em parcerias nos negócios. Os cooperados delegaram às entidades esse papel, e temos que fazer o melhor e não podemos falhar”, concluiu Neivo Luiz Panho.

Painel – Depois, foi realizado o segundo painel do Fórum, intitulado “Estratégia política visando à formação da nova Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop)”, com a presença do ex-ministro da Agricultura, ex-deputado federal e atual diretor-presidente da Agência Reguladora do Paraná (Agepar), Reinhold Stephanes, do vice-governador Darci Piana, da superintendente do Sistema OCB, Tânia Zanella, e da coordenadora de Relações Parlamentares da Ocepar, Daniely Andressa da Silva.

De forma remota, também participaram o deputado federal, ex-presidente da Frencoop e ex-ministro da Justiça, Osmar Serraglio, além dos deputados federais Sérgio Souza, Luiz Nishimori, Pedro Lupion, Aline Sleutjes e Leandre Dal Ponte. Na oportunidade, foi debatida a importância de uma Frente Parlamentar bem estruturada para o desenvolvimento do cooperativismo.

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