Cooperativas discutem riscos e oportunidades para o agro

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Promovido pelo Sistema Ocepar, o Seminário de Mercado, realizado na tarde desta quinta-feira (10/03), que integra uma das ações propostas pelo Plano Paraná Cooperativo 200 (PRC200), o planejamento estratégico de desenvolvimento do cooperativismo paranaense, tratou das questões mais recentes dos mercados internacional e nacional e as perspectivas de 2022 para as cooperativas. Em sua palestra sobre “Cenários e tendências de mercado para as cooperativas”, o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (Fea/USP), Marcos Fava Neves, sugeriu caminhos para o fortalecimento do cooperativismo paranaense por meio de estratégias e articulações para superar dificuldades e manter margens de ganho diante do aumento do custo de produção, dificuldades para a aquisição de insumos para a próxima safra, bem como sugestão para ampliação de mercado e de antecipar vendas para garantir bom preço médio na próxima safra.

O presidente da Cooperativa Bom Jesus, conselheiro do Sescoop/PR e coordenador do ramo agro na OCB, Luís Roberto Baggio, ao fazer a abertura do evento, representando o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, que estava em viagem, destacou a importância de atualizar a aprofundar conhecimentos, além de estabelecer estratégias, em torno do Projeto 4 do PRC200, visando intensificar o acesso a mais mercados. “As nossas cooperativas têm avançado bem no mercado internacional. E isso é muito bom para nós, pois mostra que somos competitivos”, disse, ao acrescentar que o seminário de mercado contribui para ajudar “a direcionar as nossas ações da melhor maneira possível em meio ao cenário atual de crise de fertilizantes, de combustíveis, de guerra. Isso tem provocado um destempero no mercado, o que nos deixa em estado de alerta”.

Por sua vez, Fava Neves, que também é sócio da Markestrat, lembrou que, em 2021, as exportações do agronegócio brasileiro atingiram US$ 120,58 bilhões, valor liderado pelo complexo soja, com US$ 48 bilhões, seguido pelas carnes, com US$ 19,85 bilhões. O principal destino dos embarques foi a China, com US$ 42 bilhões, com a União Europeia, em segundo,  com US$ 18 bilhões. Mas com as projeções decorrentes do aumento da demanda das commodities agropecuárias, e as perspectivas favoráveis ao país, de acordo com estimativas do próprio Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês), haverá um crescimento imenso tanto em volume como em receita.

Por exemplo, em um cenário de normalidade de negócios de 2022 a 2032, as exportações renderiam de US$ 1,1 trilhão a US$ 1,2 trilhão, no cenário que classifica de “obsessão exportadora”, o volume de negócios seria de US$ 2 trilhões. A renda da agropecuária, no mesmo intervalo, no primeiro cenário seria de R$ 10 trilhões a R$ 12 trilhões, enquanto na “obsessão inovadora e sustentável” poderia superar os R$ 15 trilhões. “Há uma perspectiva muito boa para nós. E as cooperativas têm de aproveitar essa oportunidade, dando continuidade ao bom trabalho, reduzindo custos e melhorando a produtividade. Enfim, devem continuar produzindo para aumentar a exportação, melhorando margens de ganho e renda a quem produz”, pontuou.

Preocupação – Para o consultor, a safra 2022/23 está cercada de preocupação, a começar pela incógnita do tempo de duração do conflito entre Rússia e Ucrânia, e a permanência da crise dos fertilizantes, cujos insumos são produzidos pelos russos. “Vamos entrar na safra, cujo plantio se inicia em setembro, em meio a turbulências e devemos sair dela, em fevereiro, em meio à calmaria. Então, se colhermos uma boa safrinha e os Estados Unidos, se contarem com insumos e estimulados pelo preço da soja e milho, somando ainda à safra normal brasileira, haverá uma produção muito grande de grãos. Aí acende o alerta: podemos plantar a safra com custo alto e na colheita, lá em fevereiro, termos preços baixos”, ponderou.

Por isso, para garantir margem sem ficar ao sabor do mercado, sugeriu a venda antecipada de, pelo menos dois terços da próxima safra e, assim, garantir um bom preço médio. “Vivemos uma época de muitas variáveis, o que recomenda cautela.” Outra recomendação que fez é negociar a importação de fertilizantes direto com a Rússia. Segundo Fava Neves, as cooperativas têm cacife para isso.

O gerente de Desenvolvimento Técnico da Ocepar, Flávio Turra, lembrou que as cooperativas, em safras normais, recebem 30 milhões de toneladas dos 40 milhões a 42 milhões de toneladas e respondem por 45% da produção de proteína animal produzidos no Paraná. E enfatizou que elas primam pela qualidade dos produtos, garantindo rastreabilidade que resultam em agregação de valor à produção. “Com isso, vendem bem e, consequentemente, todos ganham bem.” Segundo ele, elas também têm informações que proporcionam a compra vantajosa de insumos e, consequentemente, bons negócios. “Então, precisamos potencializar esses pontos visando à ampliação de mercado”, disse, ao reforçar a importância da participação dessas cooperativas nos eventos de detalhamento do Projeto de Mercado do PRC200.

Próximos – O evento desta quinta-feira, que contou com 102 participantes, entre presidentes, executivos e técnicos de mais de 30 cooperativas agropecuárias, além de representantes da OCB e com a participação do superintendente Robson Mafioletti e técnicos da Ocepar, foi o segundo encontro de executivos de mercado com esse objetivo. O próximo evento será realizado na primeira quinzena de abril, com a realização do 2º Workshop de Mercado, quando serão apresentados os detalhes dos projetos estratégicos e definidos os participantes das cooperativas. Em seguida haverá encontros voltados para o desenvolvimento dos projetos “Inteligência de Mercado”, “Pessoas e Lideranças”, “Excelência de Produtos” e “Ampliação de  Mercados”.

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