Menos de um ano após o Conselho de Administração da Frísia Cooperativa Agroindustrial aprovar a atividade de bovinocultura de corte, o primeiro lote de animais foi comercializado para o mercado chinês. O chamado ‘Boi China’ tem um ágio de 5% superior em relação à arroba do boi gordo e com um custo de produção mais baixo. A iniciativa atende ainda um anseio da cooperativa para a engorda do gado macho holandês, projeto que otimiza os recursos da propriedade e gera maior sustentabilidade na cadeia. Atualmente, há 2,5 mil cabeças de gado holandês macho voltados para a pecuária de corte e a intenção é chegar a 5 mil nos próximos quatro anos.
De acordo com o gerente executivo bovinos da Frísia, Jefferson Pagno, em maio foi a primeira vez que um cooperado Frísia produziu boi padrão China, totalizando 80 cabeças. Em junho, serão mais 60 bois. “Por mês, será ao menos uma carga para entregar ao frigorífico para exportação à China”, explicou. A Frísia tem parceria com frigorífico do Paraná habilitado para o mercado chinês em abril deste ano.
Pagno explica que hoje são quatro cooperados fazem esse atendimento de Boi China. Entretanto, esse número deve saltar e alcançar 18 produtores associados. Ele conta que o cooperado que está agregando seu ativo para o gado de corte não deixa de ser um pecuarista de gado leiteiro. “Com o gado de corte, o cooperado reduz os custos de produção do leite, ele vai convertendo tudo em equivalente leite”.
Características do Boi China – O Boi China tem um valor agregado maior que o exportado a outros mercados. Além disso, para atender essa característica, os animais devem ter, no mínimo, 36 meses e, ao menos, 17 arrobas de peso.
“No formato em que estamos trabalhando, conseguimos reduzir de 40 a 50 dias o confinamento dos animais devido à exigência de peso mínimo de 17 arrobas. Com isso, a criação dos animais se torna mais barata e a rentabilidade do produtor é maior”.
Os demais frigoríficos que adquirem de forma precoce exigem também 17 arrobas, mas com um nível maior de gordura e acabamento, o que aumenta o custo de produção. O mercado chinês não tem uma exigência alta de gordura, quer uma porcentagem maior de tecido magro. “Se o animal ficar 50 dias a mais na propriedade, o custo por unidade aumenta em R$ 500”, conta Pagno.
Os machos holandeses, tradicionalmente, são comercializados com baixo valor agregado ou até mesmo doados. Mas o holandês é um animal que, dependendo do sistema de produção, é capaz de produzir cortes cárneos de alta qualidade, com bom índice de marmoreio na criação de forma intensiva.