O fator clima é um dos maiores desafios para o cultivo da cevada nas áreas atendidas pela Castrolanda. O engenheiro agrônomo Hebert Krupnishi de Lima, supervisor técnico da Castrolanda, explica que em Castro o clima é totalmente peculiar, com pouca luminosidade e alta umidade, fatores que potencializam a proliferação e reprodução de fungos causadores de doenças que em outras regiões não teriam tanta ênfase ou preocupação, principalmente relacionados a doenças de espiga.
“Nós estávamos adaptando materiais de outras regiões. A Agrária, por exemplo, utiliza genética até da Europa. Mas, até então, a cevada não estava sendo vantajosa em questão de qualidade na nossa microrregião, e uma das explicações é pelo fato de que não tínhamos uma cultivar adaptada para o nosso microclima”, explicou Hebert.
A boa notícia é de que a Fundação ABC, em parceria com a FAPA (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária), testou inúmeras linhagens em campos experimentais para entender qual melhor poderia adaptar-se na região. E a cultivar Princesa, nome dado em homenagem à Princesa dos Campos, foi a que melhor se adaptou para atender a microrregião da Castrolanda.
“O material foi escolhido para ser lançado comercialmente. Então, para 2025, teremos sementes de Princesa disponíveis para todos os produtores que quiserem plantar cevada na próxima safra de inverno orientados pela nossa equipe técnica”, garantiu o supervisor técnico. Os resultados da próxima safra, segundo ele, tendem a ser melhores com a chegada da Princesa.
“Nós vamos mostrar que essa cultivar não terá tantas falhas como as outras que já foram utilizadas pelos nossos cooperados. Acredito que a chegada dessa cultivar representa uma nova era da cevada na Castrolanda”.
Desafios na safra de inverno 23/24 – A produção de cevada foi um desafio para os produtores na Safra de Inverno 2024 devido, principalmente, às condições climáticas que prejudicaram as lavouras do Paraná, em especial aquelas localizadas nos Campos Gerais e na região de Castro, onde estão a maioria dos cooperados da Castrolanda.
Informações do boletim do Departamento de Economia Rural (Deral), divulgado no final do mês de novembro, apontaram para uma produção de 286 mil toneladas neste ano. A estimativa era uma produção de 340 mil toneladas em 2024.
A safra, no entanto, terminou 16% abaixo do que poderia ter sido caso o tempo não tivesse prejudicado as lavouras ao longo deste inverno. Em virtude disso, 30% da cevada colhida precisou ser destinada para a ração, o que limitou ainda mais a oferta de cevada paranaense para a indústria, segundo o Deral.
Maltaria fomenta a produção de cevada – Por outro lado, em 2024 houve o aumento da capacidade de malteação com a inauguração da Maltaria Campos Gerais, fruto de um investimento de R$ 1,6 bilhão a partir da intercooperação das cooperativas Agrária, Bom Jesus, Capal, Castrolanda, Coopagrícola e Frísia. Com capacidade para produzir 240 mil toneladas de malte por ano, a Maltaria tornou-se um desafio para as cooperativas que precisam continuar fomentando a produção de cevada junto aos seus cooperados.
“A Maltaria Campos Gerais tem uma importância fundamental para o Brasil, que é um dos maiores produtores de cerveja do mundo. Aliado a isso, nós temos um mercado consumidor, temos a indústria cervejeira e o principal é que temos um potencial muito grande”, comenta Seung Lee, Diretor Executivo da Castrolanda.
O diretor lembra que, nos últimos três anos, os produtores não tiveram muita sorte na cultura por questões climáticas e em decorrência da variedade da cevada cultivada que não se adaptou. “Nós precisamos melhorar o nosso conhecimento junto à nossa assistência técnica e encontrar uma variedade de cevada que venha dar certo. A cultura tem uma rentabilidade boa e poderá ser mais uma alternativa para o nosso cooperado”, diz Seung.