Cerrado tem um foco de incêndio a cada 6 minutos, revela Inpe

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Photographic documentation of a large column of smoke caused by a forest fire in the upper Versilia Tuscany

Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura atribui o alto índice a uma combinação de fatores ambientais e humanos – por negligência ou ações criminosas. 

 

Onze de setembro é o Dia do Cerrado, mas o bioma chega à data sem ter o que comemorar. É o segundo mais acometido pelos incêndios que assolam o país, segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A maior savana tropical do mundo registrou 54.268 focos de fogo este ano – um a cada 6 minutos.

O número de focos de fogo registrado entre 1º de janeiro e 10 de setembro no Cerrado em 2024 é o maior já registrado desde 2012, quando o bioma marcou 54.877 focos no mesmo período. É, também, praticamente o dobro (98%) do visto em 2023, quando houve 27.315 ocorrências.

Em 2024, o Cerrado é o segundo bioma do Brasil com maior registro de incêndios – teve 32,4% dos focos, atrás apenas da Amazônia, que concentra 50% dos incêndios. A colíder da Força-Tarefa Restauração da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Laura Antoniazzi, atribui o alto índice a uma combinação de fatores ambientais e humanos – neste caso, por negligência ou razões criminosas.

“Vivemos, com o El Niño, uma série de condições ambientais desfavoráveis, como ar extremamente seco, altas temperaturas, ventos e falta de chuvas”, ressalta Antoniazzi. “Essas condições se somaram ao baixo controle dos governos à prevenção das ações humanas. O fogo é usado no bioma para limpar pastos e queimar resíduos. Daí ele pode se propagar rapidamente por negligência ou por motivos criminosos.”

Para a colíder da Coalizão Brasil, restaurar o bioma será um processo caro e complexo. “A restauração do Cerrado deve ser feita considerando o ecossistema original, que pode ser campo, savana ou floresta. Para isso, são aplicadas técnicas de plantio de sementes, preferencialmente, ou mudas, levando em conta também a capacidade de regeneração natural do local. São muitos os modelos, com destaque para a importância de que ela aconteça perto de nascentes, rios e chapadas, porque assim há contribuição para a manutenção dos recursos hídricos”, explica Antoniazzi.

O desmatamento no bioma também atinge índices alarmantes. Entre agosto de 2023 e julho de 2024, alcançou 7.015 km², o equivalente a quatro cidades de São Paulo, segundo o sistema Deter, do Inpe. Trata-se de um aumento de 9% em relação aos 12 meses anteriores. Os números revelam a falta de uma estratégia eficiente para a preservação do bioma, segundo Beto Mesquita, membro do Grupo Estratégico da Coalizão Brasil.

“Os governos, federal e estaduais, ainda não encontraram estratégias que estejam surtindo efeito no Cerrado”, alerta. “Existe a percepção, por parte dos proprietários rurais, de que haverá medidas para estancar este desmatamento. Eles pensam, então: ‘Vamos correr para desmatar o que a gente pode’. Logo, o problema lá não é a grilagem. São imóveis privados que têm a autorização dos estados para devastar a vegetação. Isso torna tudo mais complexo.”

A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura é um movimento composto por mais de 400 organizações, entre entidades do agronegócio, empresas, organizações da sociedade civil, setor financeiro e academia.

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