SCA defende planejamento para mercado de defensivos

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As empresas do agronegócio brasileiro precisam atualizar constantemente seus planos de aquisição de defensivos agrícolas para assegurar o recebimento destes produtos no tempo adequado, evitando prejudicar a operação. Além disso, a maior previsibilidade nestas aquisições atenua problemas que afetem as margens de lucro dos produtores. Estas foram algumas das principais conclusões da sexta edição da série de lives “Conexão SCA Brasil”, realizada na última quinta-feira (22/08) para examinar as causas para oscilações que vêm impactando custos, preços, oferta e demanda por defensivos agrícolas nos últimos meses.

Com transmissão ao vivo no YouTube e Linkedln, o programa teve a participação dos especialistas em compras corporativas da SCA Brasil Aliança, o diretor Alexandre Menezio e o head de Estratégia e Inteligência de Suprimentos, Diego Lopes. Ambos trocaram informações com dois convidados especiais: o diretor Comercial para Cana e Sul do Brasil da FMC AgrícolaIvan Jarussi; e a diretora Latam de Operações e Supply Chain da AdamaAna Colla.

Entre as dificuldades que o mercado de defensivos tem enfrentado em 2024 estão o câmbio desfavorável, fretes internacionais em alta acentuada, problemas logísticos internos e demora nas decisões de compra de insumos. Outros fatores que preocupam incluem custo do petróleo, queda nos preços das principais commodities de cereais e volatilidade na demanda por insumos. De acordo com Menezio, as consultorias que assessoram as companhias produtoras devem apoiar na realização de um plano de demanda anual, tentando apresentar a cadência mensal de utilização dos insumos.

“Com este trabalho, nossos clientes do segmento sucroenergético acessaram o mercado de defensivos de forma mais organizada e antecipada, e estão menos impactados pela conjuntura desfavorável de preços e falta pontual de produtos. Na safra atual na cana-de-açúcar, fechamos boa parte dos negócios em nome dos nossos clientes em março, o que se mostrou uma estratégia eficaz”, afirmou.

Lopes concorda que aqueles que não tiverem volumes de insumos já contratados serão os mais afetados. “No mercado doméstico, as tabelas de preços das empresas fornecedoras estão sendo retiradas do mercado ou reajustadas”, alertou. O executivo enfatizou que outras determinantes para a desestabilização do mercado fornecedor de defensivos foram a redução da disponibilização de navios, contêineres, e alterações nas rotas marítimas em função de conflitos armados e ataques piratas que ocasionaram significativo aumento nos fretes.

A diretora da Adama, Ana Colla, lembrou que as rotas marítimas de produtos chineses têm uma rede logística complexa que atravessam zonas de conflitos geopolíticos que acabam gerando congestionamentos em portos, e ineficiências do tempo de disponibilização de navios e containers alongando o trânsito da cadeia como um todo.  Para amenizar o problema, temos que efetuar a gestão de risco da cadeia de abastecimento a todo o tempo e ter planos de mitigação robustos”, afirmou.

Outro dado relevante destacado por Jarussi, da FMC Agrícola, envolve a aproximação do final do ano, período em que o mercado do e-commerce divide protagonismo com o de defensivos agrícolas.  “Uma variedade de produtos importados da China é transportada pelos mesmos navios que transportam os defensivos destinados ao Brasil”, explicou.

Neste sentido, Ana Colla informou que, atualmente, o tempo de trânsito de produtos encomendados pela Adama à China pode chegar a 60 dias, fora o período de fabricação. “Qualquer demanda fora de 90 dias é difícil de ser atendida, pois não está no planejamento do fornecedor lá na ponta”, observou. De acordo com a executiva, o país asiático aproveitou a pandemia e as crises geopolíticas para expandir suas exportações em até 60%, além de duplicar investimentos em capacidade produtiva de defensivos.

Além de questões externas, outras estão atreladas à logística interna de distribuição dos defensivos, processo realizado majoritariamente pelo modal rodoviário. “Quando o produtor retém as compras de insumos muito próximo do início da safra, e não com antecipação, há um pico de entregas que sobrecarrega o sistema rodoviário, por onde, simultaneamente, é feito o escoamento da safra de grãos”, ressalta Lopes.

Soma-se a isto a volatilidade do câmbio, com o Real perdendo valor em relação ao Dólar. Lopes lembrou que nos últimos meses o câmbio atingiu picos de até R$ 5,80. No início da safra sucroenergética, em abril, a cotação estava no patamar de R$ 5,00.

Projeções de mercado – Durante o programa, os especialistas também analisaram o comportamento dos preços dos defensivos. “A tendência é que depois que a demanda por herbicidas baixar, os preços voltem a apresentar maior estabilidade. Até o fim deste ano, a cadeia de suprimento estará mais apertada em fungicidas e outros produtos protetores”, avaliou Colla.

Para Lopes, é preciso considerar alguns aspectos que dificultam prever com exatidão o comportamento do mercado nos próximos meses. Isso porque ao longo das rodadas de negociação de contratos, as condições de mercado mudam com certa constância, afetando as relações de custo por hectare entre moléculas e produtos. “Em 2024, a SCA Brasil Aliança realizou em março os contratos de aquisição de insumos para o cultivo de cana. Mas em outros momentos, foi necessário fechá-los em dezembro. Já nos cereais, fizemos no mês de julho último. Ou seja, antes que houvesse aumento nos preços. Acompanhar ativamente o mercado é fundamental”, ponderou.

Biológicos – Um desafio adicional no segmento de defensivos agrícolas no Brasil é expandir a produção doméstica de bioprodutos. O diretor da SCA enfatizou que o País deveria considerar a criação de um programa de Estado voltado aos defensivos agrícolas, algo semelhante ao proposto no Plano Nacional de Fertilizantes, lançado em 2023. Na opinião de Menezio a iniciativa é importante para incentivar uma indústria nacional mais robusta na fabricação e uso de herbicidas, inseticidas, fungicidas, tanto de origem química como biológica.

Para Jarussi, da FMC Agrícola, parte dos produtos que os agricultores usam hoje, não estarão no mercado daqui 10 ou 20 anos. “Precisamos de insumos que atendam não apenas os requisitos para um ótimo desempenho agrícola, mas também o quesito da sustentabilidade. Não acredito que haverá migração completa do uso dos defensivos químicos para os biológicos, mas sim uma relação de complementariedade entre estas duas tecnologias”, concluiu Ivan Jarussi.

A próxima Live da série “Conexão SCA Brasil” está prevista para o dia 17 de setembro, com tema e horários que serão divulgados em breve. Além do YouTube e Linkedln, o conteúdo de todas as edições da série permanece disponível em formato “podcast”, na página da SCA Brasil no Spotify.

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