O Herbário do Instituto Agronômico (IAC) completou 89 anos neste mês de julho de 2024. O local não é apenas um arquivo de plantas, mas um guardião do patrimônio botânico brasileiro, comprometido com a conservação e a disseminação do conhecimento científico para as futuras gerações. O Herbário IAC desempenha um papel crucial na pesquisa e na educação, fornecendo recursos essenciais para estudos em agronomia, biologia, engenharia florestal e botânica.
A diretora do Centro de Recursos Genéticos Vegetais e pesquisadora do IAC-APTA, Juliana Rolim Salomé Teramoto, explica que a criação do Herbário foi um marco não apenas na história científica, mas também na preservação da biodiversidade botânica. “Ele se tornou uma fortaleza botânica e da conservação vegetal no Brasil”, afirma a cientista do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Desde sua criação a Seção Botânica do IAC tem expandido significativamente sua estrutura e missão. Atualmente, abriga o Laboratório Banco de Sementes, Herbário e Taxonomia (LBSHT), possuindo aproximadamente 771 metros, no Centro Experimental de Campinas “Fazenda Santa Elisa – IAC”.
Em 2020, foi realizada a construção do Banco de Sementes Ortodoxas, que até o primeiro semestre de 2025 estará em operação contando com uma infraestrutura com câmara fria no LBSHT buscando a conservação de sementes ortodoxas a -20º Celsius, com capacidade para armazenar cerca de 60 mil acessos, além de câmara de dessecação, estufa, etc.
Murilo do Canto Batista Alves é o curador desde 2022. Alves informa que o acervo do Herbário IAC não se limita apenas à quantidade, mas também à diversidade e importância histórica. “Com cerca de 60.000 espécimes, de mais de 12.000 espécies, incluindo exemplares do século XIX, como a amostra de Coffea arabica de 1840 e 104 “Typus” que são exsicatas [amostras de planta ou alga que são prensadas e em seguida secadas] a partir das quais foram descritas as espécies, o herbário é um tesouro de conhecimento botânico. Destacando-se pelos registros de espécies econômicas, nativas, invasoras e tóxicas, não menos impressionante é sua coleção de mais de 5.000 introduções de 34 países diferentes”, diz.
Além do Herbário, o LBSHT abriga a Sementeca do IAC, com cerca de 70 mil amostras de sementes de plantas como cannabis, agave, amendoim, feijão, milho, entre muitas outras de diversas espécies, coletadas desde 1930.
Juliana informa que em 2024 o Herbário IAC recebeu por meio de projeto de fomento do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) recurso para o projeto de digitalização do acervo. Ela explica que todo o material botânico será digitalizado e disponibilizado no site do IAC através da plataforma “speciesLink” para consulta online gratuita do acervo.
O Herbário IAC também aderiu ao sistema Jabot ligado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que gerencia coleções científicas depositadas em herbários e redes laboratoriais de instituições de pesquisas e de coleções vivas. “Esse sistema disponibiliza para a curadoria de herbários diversas funções de acompanhamento e também possibilita aos usuários do sistema o acesso de dados e imagens, com funcionalidades para a análise e melhoria da qualidade destes dados”, afirma Juliana.
Histórico – Em julho de 1935, foi criado pela Seção de Botânica Econômica do Centro de Recursos Genéticos Vegetais do IAC, o Herbário Fanerogâmico e Criptogâmico do Instituto Agronômico (IAC). O Herbário IAC continua possibilitando que muitas espécies de interesse econômico sejam introduzidas no país, oriundas das pesquisas do IAC na área de avaliação de adaptabilidade e viabilidade de cultivo para as características do Brasil.
A coleção possui importância histórica e científica, com exemplares do século XIX. Das quase 60.000 introduções no Herbário, 10% das amostras são provenientes de 34 diferentes países, destacando-se Estados Unidos (2.256 amostras), Argentina (1.643), El Salvador, Uruguai, Japão, Colômbia e Peru. O acervo inclui, também, muitas amostras de plantas invasoras e plantas tóxicas, de várias famílias botânicas, nocivas ao bom desenvolvimento da agricultura e/ou pecuária. Ainda, possui um expressivo acervo de amostras de plantas nativas, que podem ser cultivadas para a recuperação e restauração ambiental ou como ornamentais e arborização, que são indicadoras da sustentabilidade agrícola, bem como da qualidade ambiental e da paisagem, de modo geral, e fundamentais aos ciclos biológicos, tais como a ciclagem de nutrientes e sequestro de carbono.
O Herbário é registrado no Index Herbariorum (IH), uma instituição oficial internacional, desde 1952. Em 2003, o herbário IAC teve seu cadastro atualizado na Rede Brasileira de Herbários ligada a Sociedade Botânica do Brasil e 100% do seu banco de dados disponibilizados online através da plataforma “speciesLink” e em vias de atualização para digitalização das imagens. Já foram feitas mais de 980 milhões de consultas em seu acervo e, aproximadamente, 40 milhões de downloads. Mais informações: Site: http://herbario.iac.sp.gov.br/.