Fungicidas multissítios avançam na soja

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Crescimento fica acima de 200% em quatro safras, chegando a R$ 3,8 bilhões no ciclo 2022 – 2023

 

A crescente preocupação do produtor em controlar a ferrugem asiática e outras doenças economicamente relevantes da soja tracionou o mercado de fungicidas ‘multissítios’ (proteção por contato). O FarmTrak Soja, estudo exclusivo da consultoria Kynetec Brasil, revela que, entre as safras 2018 – 2019 e 2022 – 2023, as transações envolvendo esses produtos avançaram 218%, saindo de R$ 1,2 bilhão para R$ 3,8 bilhões.

 

A adesão aos multissítios chegou perto de 80% da área plantada de soja na safra 2022 – 2023, indicador que era de 5% no ciclo 2014 – 2015, e de 44% no período 2018 – 2019. “A pesquisa registra a consolidação do subsegmento. Multissítios estão hoje na relação de insumos estratégicos para a cultura da soja”, resume Lucas Alves, gerente de contas da consultoria. Segundo ele, a categoria de fungicidas como um todo, porém, caiu para a segunda posição em valor: R$ 18,9 bilhões ou 33% do mercado de defensivos da oleaginosa, que apurou cerca de R$ 57 bilhões. “Pela primeira vez na série histórica, herbicidas lideraram as vendas, com R$ 20 bilhões ou 36% do total”, arrematou.

 

De acordo com o executivo, essa mudança no ranking, entretanto, não deve persistir. “A expectativa é a de que os fungicidas retomem a ponta”, salientou Alves. “Herbicidas tiveram desempenho mais elevado, sobretudo, em virtude de aumentos nos preços e restrições verificadas na oferta recente por determinados produtos”, justificou. “Fungicidas foliares, historicamente, representam aproximadamente 40% das vendas de defensivos para soja, ao passo que herbicidas situam-se na faixa de 22%”, acrescentou o executivo da Kynetec. Para a consultoria, o preço dos herbicidas deve retornar aos mesmos patamares de safras anteriores já no ciclo 2023 – 2024.

 

Doenças da soja e manejo de resistência
Lucas Alves enfatiza que nas últimas safras o segmento de fungicidas foliares, especificamente os multissítios, cresceu expressivamente porque o produtor intensificou a adoção de tais insumos nas estratégias de controle da ferrugem asiática, bem como na prática do manejo de resistência. Nesta, ele explica, alternam-se aplicações de diferentes ingredientes ativos para evitar que patógenos causadores de doenças desenvolvam resistência a fungicidas.

 

“A utilização dos multissítios ocorre normalmente em conjunto com fungicidas sistêmicos, como as carboxamidas, estrobilurinas e triazois. Pesou ainda no crescimento das vendas de multissítios a entrada de produtos ready mix, aqueles formulados em fábrica e dotados, simultaneamente, de propriedades sistêmica e multissítio, produtos à base de mancozeb, clorotalonil, cobre e outros compostos”, emendou. 

 

Os ready mix  responderam por 40% do mercado de fungicidas multissítios na safra 2022 – 2023: R$ 1,52 bilhão. “Em área tratada, produtos de concentração sistêmica e multissítio ainda têm menor representatividade ante o restante do segmento, contudo entregam o benefício de dispensar misturas em tanques”, observou. O FarmTrak trouxe à luz a tendência de o produtor intensificar nas próximas safras o controle de outras doenças da soja, antes consideradas secundárias. “A ferrugem segue prioridade, mas o sojicultor tem olhado cada vez mais para o complexo de doenças, incluindo a mancha-alvo no Cerrado e o oídio no Sul, além de, mais recentemente, para as chamadas anomalias da soja”, exemplificou.

 

O estudo tratou de 3,7 mil entrevistas pessoais com sojicultores, realizadas nas principais regiões produtoras da oleaginosa. A partir deste ano, a consultoria volta a campo para atualizar o levantamento, com ênfase na safra 2023-24. “O próximo estudo trará informações relevantes relacionadas a extremos climáticos observados nas regiões produtoras, em decorrência do fenômeno El Niño: calor extremo, chuvas intensas e chuvas irregulares, por exemplo, situações que interferem diretamente na dinâmica de manejo do produtor”, antecipou Lucas Alves.

 

Líder da Kynetec para a América Latina, André Dias reforça que o FarmTrak Soja 2023 – 2024 deverá ficar pronto em maio. “E vai cobrirá as principais regiões produtoras, do Rio Grande do Sul ao Pará, representando 97% da área total da soja cultivada em território nacional”, adiantou o executivo. 

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