20 de agosto de 2023

ASBRAM debate rebanho bovino comercial e comemora julho

Tradicional encontro das indústrias de suplementação mineral ainda mergulhou em seguros, emprego, rastreabilidade e mais nutrição. E ainda comemorou os resultados da comercialização em julho

234 mil toneladas comercializadas em julho. Um crescimento de 2% sobre julho do ano passado. O primeiro mês com crescimento verificado em 2023. E os sete primeiros meses do ano terminam com um total de 1,34 milhão de toneladas de suplementos minerais vendidos para os rebanhos brasileiros. A boa notícia embalou a reunião mensal da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM), realizada no último dia 17 de agosto, em São Paulo, na presença de executivos, profissionais, pecuaristas e especialistas no mercado de carne bovina e leite. O rebanho suplementado somou 72 milhões de cabeças em julho, o segundo melhor período para o índice desde janeiro, mas o mercado do setor ainda caminha com um recuo de 5,3% sobre 2022, totalizando 64 milhões de cabeças. “Só que é justamente agora que não podemos desistir do uso das tecnologias nas fazendas”, afirmou animado Maurício Velloso, pecuarista de corte e leite, engenheiro agrônomo, presidente da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (ASSOCON) e integrante da Comissão de Pecuária de Corte da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA) e Câmara Setorial da Carne Bovina do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

“No cenário mais otimista projetado, as indústrias podem fechar o ano com vendas de 2,4 milhões de toneladas de suplementos minerais. O que ainda significa diminuição em relação a 2022, mas de apenas 1,3%. O Produto Interno Bruto (PIB) nacional pode evoluir mais de 1%, mas é necessário termos cautela. Alguns avanços agradaram o mercado, mas a economia vai crescer menos no segundo semestre em relação ao primeiro. O otimismo precisa ser moderado. Há incertezas aqui dentro e no mundo. China crescendo pouco, , EUA e Europa controlando juros, a guerra Rússia e Ucrânia que permanece. Daqui para frente é trabalhar bem e encarar os desafios. E entender que o Agro permanece como âncora da nossa economia”, analisou Felippe Cauê Serigatti, professor de economia na Fundação Getúlio Vargas, pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV (GV Agro), Mestre e Doutor em Economia pela FGV e responsável pelo Painel de Estatísticas de Suplementos da ASBRAM (janeiro 2023 a julho 2023), Painel Anual de Fósforo 2022 e Conjuntura Econômica. “Como a ASBRAM reúne aproximadamente 70% das empresas de suplementos, existe um contingente que também repassa tecnologia para os pecuaristas. O que indica um número maior do rebanho suplementado. Isso não deixa de ser positivo”, acrescentou Juliano Sabella, Presidente da ASBRAM, depois de anunciar a chegada de outros dois associados, as empresas Blink e Ruralpec, e frisar que o quadro atual da associação alcançou 84 marcas.

O encontro da semana passada começou com a apresentação do Agrônomo Maurício de Palma Nogueira, consultor da Athenagro e Coordenador do Rally da Pecuária. Ele falou sobre a queda de 500 mil toneladas na produção norte-americana de carne, a previsão do Brasil exportar 2,91 milhões de toneladas em 2023 e que as péssimas notícias sobre preços do boi não devem desanimar tanto os pecuaristas. “Os números estão certos, mas eles escondem várias realidades. Realmente, o preço da arroba caiu 24% em reais até agora, deve emplacar média de -15% até o fim do ano, os preços internacionais estão em baixa, está sobrando carnes no mercado interno, junto com frango e suínos. Um ano meio complicado, com indefinições, bolsa em quedas constantes. Por outro lado, quem está mais exposto é aquele que investe pouco em novas tecnologias. O ano não está tão ruim assim para muitos. A China compra menos, mas ainda é o nosso maior comprador, com 40% do total. E será assim por muitos anos porque 20% da população mundial vive lá. O animal brasileiro está mais pesado e jovem. O abate de fêmeas vem crescendo. Os ciclos pecuários existem, mas precisamos entender as variáveis. Eles estão diferentes. E o brasileiro vai comer neste ano mais de 100 quilos de carnes por ano pela primeira vez”, explicou Maurício de Palma Nogueira.

O especialista ainda bateu na tecla de que existe um conceito se consolidando de rebanho comercial e que ele vem crescendo sobre o total de animais. Exigindo um novo olhar analítico pela indústria de insumos e serviços, além dos frigoríficos. “Temos 160 milhões de cabeças que estão nesse jogo. Mesmo o total do rebanho ser apontado como de 202 milhões de toneladas. O mercado é menor em quantidade. A média nacional de crescimento na produtividade já é de 2,91%. Estamos pavimentando um terreno maravilhoso para o ano que vem. 2024 deve ter recuperação de preços. Aumento de quase 11% e pouco mais de 6% em 2025. O ciclo atual é ruim, mas está vindo com aporte tecnológico melhor. Não é só preço. Alguns produtores vão muito bem, movimentando mais animais. E temos o resultado médio que não condiz com os preços baixos. O fluxo de caixa penaliza o produtor, mas o cenário é positivo. É a consolidação da pecuária. Nossa pecuária é gigantesca. Estamos indo ao lugar certo, mas é um processo lento”, reconheceu.

O encontro da ASBRAM ainda tratou de aditivos que compõem a nutrição de bois e vacas e que chegam da cadeia produtiva do milho, como DDGS, leveduras e óleo. “São novas ofertas, que enriquecem a ração animal e, por consequência, a formação de carcaças nos rebanhos. É investimento em qualidade”, afirmou Wagner Masiero, Gerente Executivo do Grupo São Martinho S/A. O trabalho feito pela Embrapa Territorial sobre as pastagens degradadas para recomposição ambiental e produtiva do campo brasileiro, além da rastreabilidade do gado bovino brasileiro. “Queremos dar suporte tecnológico aos organismos públicos que negociam acordos comerciais em nome do Brasil. E ajudar os pecuaristas a atender as exigências feitas pelos importadores americanos e europeus”, detalhou Rafael Mingoti, Supervisor do Grupo de Gestão Territorial Estratégica da Embrapa Territorial.

A importância de utilizar todas as novas alternativas de seguros. “O comércio nacional e internacional está cada vez mais ágil, estruturado e complexo. Há muitos riscos envolvidos nas operações das empresas. Ao mesmo tempo, as empresas seguradoras aumentaram e diversificaram suas ofertas para dar segurança aos negócios, para compradores, vendedores, transportadores e operadores logísticos. Sem falar nas novas questões que envolvem a proteção ambiental. Seguro é, antes de tudo, sobreviência”, salientaram Ricardo Labatut e Antônio Carvalhal, da R. LABATUT Corretora de Seguros. Por fim, os participantes acompanharam a apresentação de Marcos Aurélio Abreu e Vânia Montenegro, da Employer, empresa de Recursos Humanos especializada em mão de obra temporária para o mercado agro, que nasceu em 1986, mantém unidades em 13 estados brasileiros e possui 42 clientes, entre empresas, cooperativas e indústrias. “Nosso trabalho envolve muito mais do que formação e capacitação de boas equipes para as fazendas e empresas. Sejam temporárias ou efetivadas. Levamos soluções e tecnologia. Somos parceiro estratégico dos clientes num ambiente de legislação mais aberto e promotor de vagas. É RH focado nas estratégias da empresa e não na operação”, garantiu Vania Montenegro.

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