A urbanização da China, o incremento de renda da classe média chinesa e o aumento da demanda de ração para a produção de proteína animal fizeram com que o Brasil se tornasse um importante parceiro comercial para o país asiático. Esse foi o panorama apresentado nos painéis sobre a China, desta quinta-feira (09/03), na Arena Agrodigital da Expodireto Cotrijal, realizada em Não-Me-Toque (RS).
A palestra “Como alimentar o dragão – A relação da China com o alimento e o papel do Brasil” foi mediada por Larissa Wachholz, diretora executiva da Vallya Agro e ex-chefe do Núcleo China no Ministério da Agricultura. O palco recebeu também Letícia Frazão Leme, diplomata na embaixada do Brasil em Pequim, e Jean Taruhn, assessor especial do Ministério da Agricultura para mercados estratégicos na Ásia.
A palestra começou desmentindo que a China não consegue se alimentar sozinha. Segundo os panelistas, a agricultura chinesa é altamente produtiva e apresenta crescimento anual de até 4%. Isso é resultado de um uso intensivo de tecnologia e insumos agrícolas. Entretanto, somente 8% das terras chinesas são aráveis, o que gera o cultivo excessivo e o uso amplo de fertilizantes, encarecendo a produção.
Em função disso que o governo chinês optou for flexibilizar a política de autossuficiência e passou a comprar mais grãos de outros países. Para a China, importar commodities é sinônimo de economia de água e solo.
Com 100 vezes mais terra produtiva por habitante do que a China, o Brasil assumiu posição de destaque em relação a segurança alimentar da China. O gigante asiático importa sobretudo soja e milho do agronegócio brasileiro, destinado principalmente para ração animal.
“Os agricultores brasileiros estão entre os que mais se beneficiaram da necessidade chinesa em assegurar ração para a produção animal. A China tem uma grande demanda de ração para dar conta da sua produção doméstica de proteína, sobretudo de suínos. Isso se deu em virtude do dinamismo econômico e social chinês, em que uma parte considerável da população alcançou a classe média e passou a se alimentar com mais qualidade, exigindo uma dieta mais rica e diversificada”, explica Wachholz.
Cenário atual e projeção – Atualmente, 22% dos produtos de agronegócio importados pela China têm origem brasileira. Segundo os palestrantes a tendência é essa relação se manter fortalecida. Entretanto eles chamam a atenção para a necessidade de o Brasil expandir comércio e alcançar outros mercados, como países do oeste asiático. Apesar do bom relacionamento com o Brasil, a China não esconde seu interesse na diversificação de fornecedores de grãos. Em médio prazo, isso pode se tornar um risco para o agronegócio brasileiro.