No final de semana foram realizadas as festividades em comemoração aos 71 anos da Colônia Witmarsum e 70 anos da cooperativa, em Palmeira, na região paranaense dos Campos Gerais. A abertura oficial ocorreu no sábado (30/07) pela manhã e contou com as presenças do presidente da cooperativa Artur Sawatzky, do presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, do presidente da Agepar, Reinhold Stephanes, do presidente da Codapar, Otamir Martins, que representou o secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, do deputado estadual Élio Rusch, do prefeito de Palmeira, Sérgio Belich, e de outras autoridades e convidados.
Fundada em 07 de junho de 1951, a Colônia Witmarsum tem seus alicerces em três palavras: fé, força e determinação. O local tornou-se lar de imigrantes alemães-russos, após a compra da sede da antiga Fazenda Cancela, casa de madeira em estilo polonês que hoje abriga o Museu da colônia. A comunidade prosperou pela vivência em cooperativa e por conta da união de seus membros, que remigraram da cidade de Witmarsum, no Estado de Santa Catarina.
Os menonitas da Colônia Witmarsum pertencem ao grupo dos alemães-russos, que tem sua origem na Frísia, no norte da atual Holanda e Alemanha. A colônia completou 70 anos no ano passado. Mas, por conta da pandemia, a comunidade não conseguiu festejar a data como desejava. Por isso, a festa representou um momento de agradecimento pela trajetória de sucesso. Foi também uma oportunidade de celebrar o que em 1951 era apenas o sonho de algumas famílias e hoje é a realização de toda uma comunidade, que tem orgulho de sua história.
Cooperativa – Já a Cooperativa Agroindustrial Witmarsum foi fundada no dia 28 de outubro de 1952. Hoje se destaca entre as mais importantes bacias leiteiras do Paraná. Com reconhecimento nacional e estadual e premiações, como a Expolac e o Prêmio Bom Gourmet. Hoje, a cooperativa comercializa mensalmente 150 mil litros de leite envasado e outros 400 mil litros que se transformam em cerca de 30 toneladas de queijo, divididos em 11 tipos diferentes e com receitas de origem europeia, tais como Brie, Camembert, Emmental e Raclette. Seus queijos foram os primeiros no país a receber o selo de indicação geográfica. Possui 592 cooperados e 178 funcionários. Também recebe de seus cooperados grãos, como soja, trigo e canola, os quais são armazenados, secados e prontos para comercialização. São vendidos para diversas empresas do setor agrícola, nacionais e multinacionais, seja para beneficiamento e transformação em inúmeros produtos ou para exportação. Já o milho produzido é destinado para a fábrica de rações.
As lideranças da cooperativa sempre tiveram como foco de crescimento a intercooperação. Ao longo de suas sete décadas de história, foram várias as parcerias realizadas com cooperativas paranaenses. Segundo Artur Sawatzky, “foram nos momentos de maiores dificuldades da Witmarsum que outras cooperativas estenderam a mão e nos ajudaram a sair da crise. Destaco a Frimesa, Castrolanda, Frísia e Agrária que, através da intercooperação, fizeram toda a diferença”, lembrou.
“Atualmente somos conhecidos e reconhecidos pela alta qualidade de nossos produtos, derivados do leite, especialmente os queijos finos aqui industrializados. Hoje estamos lançando aqui dois novos queijos no nosso portfólio de produtos, atendendo às demandas dos consumidores. Também estamos iniciando uma nova e importante intercooperação com a cooperativa de Campo do Tenente, a Cooperante, na produção do suco de uva integral Witmarsum, com todo apoio do Sistema Ocepar. Abrindo assim, mais uma alternativa de diversificação nas propriedades com a produção de uva de mesa”, destacou Sawatzky.
Diversificação – Na opinião do presidente da Cooperante, Guilherme Grein, a parceria com a Witmarsum no suco de uva tem boas perspectivas no varejo, o que ajuda a impulsionar o Programa de Viticultura da cooperativa. “Nosso objetivo essencial é manter os produtores na propriedade, gerando mais renda e alternativas de diversificação, pois muitos atuam em pequenas áreas, de cinco a dez hectares. Algumas das famílias que fazem parte do Programa, estão produzindo fumo, e a uva passou a ser uma boa e saudável alternativa para que eles realizem uma migração gradual de culturas”, explica.
Segundo Grein, a aproximação com a Witmarsum foi iniciada através de um estudo acadêmico por colaboradores do Sistema Ocepar, em 2018, que buscou incentivar alianças estratégicas de intercooperação entre oito cooperativas da região Centro-Sul do Paraná. “Passamos a trabalhar de forma unilateral com a Witmarsum, cooperativa reconhecida por sua seriedade e credibilidade. E trabalhamos em atributos relacionados à marca e presença no varejo”, relata. “Naquele momento, nosso Programa de Viticultura estava em andamento e um dos grandes desafios que antevíamos era colocar um produto no varejo, já que o suco que projetávamos fazer seria de alta qualidade. Como então colocá-lo no mercado sem ter uma marca tradicional e reconhecida pelos consumidores? A resposta veio por meio da intercooperação entre as cooperativas e que hoje se torna realidade”, ressalta.
Para o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, a trajetória da cooperativa Witmarsum, nesses 70 anos de história é muito bem representada pelas três palavras do seu slogan aqui: fé, força e determinação. “Se não houvesse essas três características, os problemas que foram tantos nessas sete décadas, poderiam fazer com eles desistissem e provavelmente não estaríamos aqui comemorando 70 anos de história. Se o cooperativismo paranaense é hoje referência, isso se deve em boa parte aos imigrantes que para cá vieram e fundaram colônias e cooperativas pujantes. Trouxeram na bagagem, lá da Europa, a filosofia, os princípios do cooperativismo que atualmente praticamos. Portanto, somos muito gratos a todos vocês que ajudaram a construir esta colônia e esta cooperativa e desejamos vida longa”, destacou.