Bioeconomia é chave para alimentar o mundo

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Pesquisador da Embrapa exalta valor da ciência à sociedade em evento exclusivo para líderes de indústrias sementeiras brasileiras

CRISPRs, RNAi, transgenia. Termos ainda desconhecidos ou pouco compreendidos pelo senso comum, mas que fazem parte, de fato, do dia a dia de milhões de pessoas em todo o mundo. Trata-se de tecnologias desenvolvidas sob o crivo da ciência, que impulsionam a produção agropecuária diante de um grande desafio: ampliar a oferta de alimentos à mesa de uma população que se aproxima dos 8 bilhões de habitantes. Esse panorama de recursos tecnológicos, tendências e métodos em franca pesquisa mundial foi apresentado pelo pesquisador chefe geral da Embrapa Soja, Alexandre Lima Nepomuceno, a indústrias sementeiras integrantes da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (ABRASS), na palestra online ‘Novas Tecnologias, Perspectivas e Desafios’.

Pesquisador da Embrapa há mais de 30 anos, Nepomuceno exalta que a chamada Bioeconomia será um dos alicerces na mitigação dos efeitos climáticos, potencializando a produção de alimentos. Ela já está presente em itens corriqueiros, como o óleo de soja, feijão, fubá, gomas de mascar e a ração dos pets. E também se manifesta até mesmo em mosquitos geneticamente modificados, ferramenta inovadora no combate à dengue. “Nós estamos falando de uma verdadeira revolução tecnológica, que é a revolução da genética, e que às vezes passa despercebida no Brasil, infelizmente. Os transgênicos ficaram mais conhecidos, com toda uma polêmica em torno, mas nós já temos a revolução da genética na vida de todos nós há muito mais tempo na indústria farmacêutica, por exemplo, com a insulina. A base da vida no nosso planeta são as mutações genéticas. É o que dá a diversidade que temos no mundo”, declara o pesquisador.

O Brasil é hoje o terceiro maior produtor mundial de plantas transgênicas
Nos três continentes americanos, ao menos 80% dos grãos cultivados são transgênicos. Paralelamente, uma nova onda de pesquisas sinaliza caminhos disruptivos para potencializar a produção, a resistência a pragas e doenças e estimular uma futura redução de custos a quem produz alimentos. Esse conjunto tem como destaque na atualidade o CRISPR (do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats), técnica de biologia molecular que utiliza a edição do código genético. Ela permite, entre outras funções, inativar, deletar ou corrigir determinados genes de seres vivos. Estudo a respeito conferiu o Prêmio Nobel de Química a duas cientistas em 2020. No Brasil, a Embrapa já iniciou pesquisas em CRISPR e uma planta de soja ‘geneticamente editada’ está sendo submetida à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). “O Doutor Alexandre Nepomuceno é, sem dúvida, um dos grandes nomes nacionais ao colocar aos agricultores a possibilidade de conhecimento, agregando em qualidade à produção e à segurança alimentar do nosso país. Este evento é o início de um grande trabalho para conduzir o aprimoramento do setor de sementes do Brasil e alinhar às melhores práticas e políticas”, destaca o presidente da ABRASS, Gladir Tomazelli.

Bioeconomia – A ciência do futuro no presente
Bioeconomia é um modelo de produção industrial baseado no uso de recursos biológicos. O objetivo é oferecer soluções para a sustentabilidade dos sistemas de produção com vistas à substituição de recursos fósseis e não renováveis. A bioeconomia envolve também a produção de plásticos biodegradáveis, biopolímeros, biopesticidas, pigmentos, alimentos funcionais e biofortificados, até medicamentos, fragrâncias e cosméticos. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a bioeconomia movimenta no mercado mundial 2 trilhões de Euros e gera cerca de 22 milhões de empregos. Estudos da organização apontam que o setor responderá, até 2030, por 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) dos seus países membros, percentual que poderá ser ainda maior em países como o Brasil.

BIOECONOMIA
# Movimenta 2 trilhões de Euros no mercado mundial
# Cria 22 milhões de empregos
# Vai responder por 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países membros da OCDE até 2030

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