A apresentação do Projeto ESG+Coop foi um dos destaques do encontro online promovido semana passada pelo Sistema Ocepar. Dirigido a profissionais de cooperativas paranaenses responsáveis ou atuantes nas áreas de estratégia, sustentabilidade, meio ambiente, gestão e governança, recursos humanos, promoção do quadro social, entre outras, o evento teve como tema “ESG e a conexão com o cooperativismo”.
O conceito expresso pela abordagem de ESG (Environment, Social and Governance – boas práticas ambientais, sociais e de governança) tem ganhado força como fator de diferenciação nos negócios. O Projeto “ESG+Coop” integra o Plano Paraná Cooperativo 200 (PRC200), o planejamento estratégico de desenvolvimento do cooperativismo paranaense. Leonardo Boesche, superintendente do Sescoop/PR (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo), falou sobre os objetivos, a metodologia e o andamento da estruturação do projeto.
Segundo ele, a sistematização e organização das ações de ESG das cooperativas foram demandas identificadas nas entrevistas com lideranças, dirigentes e gestores do setor, durante a construção do PRC200. O tema se transformou no projeto de número 14, entre os 20 que compõem o planejamento estratégico do setor. “O objetivo é criar um programa de monitoramento, avaliação e certificação das cooperativas paranaenses, com o foco no atendimento a requisitos ambientais, sociais e de governança e desempenho”, explicou. “Vamos trabalhar para organizar os indicadores e ter uma divulgação adequada das ações e iniciativas de ESG do cooperativismo.”
De acordo com Boesche, o projeto ESG+Coop tem como resultados esperados o fortalecimento da imagem das cooperativas, com a sistematização e divulgação do que o setor faz para a melhoria das questões ambientais e os impactos sociais positivos da cadeia produtiva do cooperativismo. Diante de um cenário de maior exigência do mercado, um relatório de atividades consistente, que demonstre as ações concretas de ESG, continua o superintendente, abre oportunidades de negócios e melhora o acesso a crédito aos empreendimentos cooperativistas. “Trabalhar nas três dimensões que formam a sigla ESG é um desafio, dada à complexidade dos temas. Mas precisamos começar e vamos atuar para descomplicar o processo, organizando os indicadores do sistema, para que tenhamos padrões comparativos, com a emissão de certificação às cooperativas que estiverem atuando conforme os preceitos exigidos pelo mercado”, afirmou.
O projeto 14 terá entre suas premissas preparar as cooperativas para a certificação, preservando a individualidade e a confidencialidade dos dados e informações, buscando implantar um modelo aderente ao cooperativismo. O processo de estruturação do ESG+Coop segue agora para a avaliação dos indicadores metodológicos, para que se tenha um diagnóstico preciso das práticas das cooperativas, em seus diferentes ramos de atuação. João Gogola Neto, coordenador de Desenvolvimento Cooperativo, explicou aos participantes do evento como se dará o processo de mapeamento de práticas e o levantamento de evidências das ações do setor, por meio de um questionário com 99 questões.
Confiança – A gerente do Sescoop/PR, Maria Emilia Pereira Lima, fez a mediação dos debates e afirmou que o projeto 14 será uma construção conjunta com as cooperativas, com o “objetivo de trabalhar com indicadores de confiança e relevância, criando um sistema consistente de acompanhamento destes dados, com uma visão abrangente do que o setor realiza”, disse. A gerente de Desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Débora Ingrisano, também participou do evento.
“A pauta das boas práticas ambientais, sociais e de governança está em destaque no mercado e esta mentalidade de sistematização do ESG precisa avançar no cooperativismo brasileiro. A iniciativa da Ocepar nos ajuda a avançar nesta corrida pela organização e divulgação dos indicadores de ações que as cooperativas já realizam”, afirmou.
O especialista em Finanças Sustentáveis e ESG, Maurício Longhini Barbeiro, discorreu sobre os fundamentos de ESG e a intensificação de sua importância nos negócios, em especial junto ao mercado financeiro. Segundo ele, as cooperativas, por seus princípios e valores, têm diferenciais para se destacar como empreendimentos que atuam com boas práticas. “Mas não adianta dizer a frase “temos ESG em nosso DNA” e não organizar e sistematizar essas práticas, ou apresentar uma série de indicadores dispersos. Estamos na era da informação, é necessário compilar e consolidar os dados de forma coletiva, para divulgá-los de forma adequada e sistêmica. As cooperativas do Paraná não podem perder a vanguarda em boas práticas, e deixarem de ser destaques em ESG, por falta de informação organizada”, alertou.